domingo, 1 de maio de 2011

Morte de Ayrton Senna completa 17 anos

1º de maio de 1994, Ayrton Senna aguarda dentro do Williams
 a autorização para a largada do G.P. de San Marino. Poucos
minutos depois, o tricampeão da F-1 estaria morto.

Quando ocorre um fato extraordinário as pessoas costumam  lembrar o que faziam naquele exato momento. Um exemplo antigo foi o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy, ocorrido em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963. Nas últimas décadas, duas datas são marcadas dessa forma : o 11 de setembro de 2001, dia do atentado ao World Trade Center  e o 1º de maio de 1994, quando Ayrton Senna morreu no G.P. de San Marino, em Imola.

A data da morte de Senna virou um marco e se juntou a tantas outras no mundo da F1. O dia 7 de abril, tornou-se a data em que Jim Clark morreu em uma obscura prova de F2 em Hockenheim no ano de 1968. O 8 de maio, foi o dia que Gilles Villeneuve morreu nos treinos para o G.P. da Bélgica de 1982. Os dias 5 e 11 de setembro, são as datas que, respectivamente, Jochen Rindt e Ronnie Peterson morreram  em Monza, nos anos de 1970 e 1978. No entanto, a morte de Senna não teve parâmetros dado o inediatismo dos acontecimentos que culminaram com o seu acidente fatal.

Senna, no sábado, soube pelo
Dr. Sid Watkins que Ratzenberger
não sobreviveria. Quem poderia
imaginar o que viria no Domingo ?
Em primeiro lugar, Senna foi o único piloto que morreu na Fórmula 1 como campeão do mundo. Dos outros três campeões que haviam perdido suas vidas nas pistas, dois não foram na F1. O bicampeão Alberto Ascari (1952 - 1953), que morreu em 1955 testando uma Ferrari Sport em Monza, e o também bicampeão Jim Clark (1963 - 1965), que foi morto naquela corrida de F2 em 1968. Até então, o único campeão que havia perdido sua vida na F1 foi Jochen Rindt nos treinos para o G.P. da Itália, em 1970. Mas o austríaco não morreria "como campeão", pois ele só obteria o título postumamente, um mês depois do acidente fatal, quando seu companheiro da Lotus, Emerson Fittipaldi, venceu o GP dos EUA. Os campeões da F1 pareciam então protegidos, os acidentes fatais aconteciam com outros pilotos, mas não com eles.

No início de sua carreira na F-1 Senna parecia que não ia durar muito tempo. Arrojado ao extremo, suas voltas voadoras nas classificações eram tão espetaculares quanto assustadoras. Os acidentes foram vários, mas em muitos deles o piloto foi salvo devido ao nível de segurança que a F1 já havia atingido. Depois vieram os títulos e o estigma dos "campeões protegidos" parecia que também funcionaria com Senna. Até que chegou o G.P. de San Marino de 1994...

Niki Lauda, tricampeão de F1, buscou uma explicação para o que aconteceu em Imola naqueles três dias : "Parece que Deus durante 8 anos colocou suas mãos para proteger os pilotos de F1 e naquele final de semana, resolveu tirar..." O austríaco entendia que a sorte ( e não só a melhoria na segurança ) também era determinante para que a F-1 passasse um período tão longo sem mortes. A última  tinha sido em 1986, quando Elio de Angelis morreu num teste privado, em Paul Ricard. Em uma corrida oficial então, fazia mais tempo ainda : 1982, quando Riccardo Paletti morreu na largada do G.P. do Canadá.

Niki Lauda : "Durante 8 anos,  Deus colocou suas mãos
sobre os pilotos de F1. Naquele final de semana
em Imola, Ele resolveu tirar..."

No primeiro dia de treino em Imola, 29 de abril de 1994, Rubens Barrichello sofreu um acidente impressionante na chincana, mas que não traria maiores consequências do que um cotovelo machucado. No sábado, aconteceu o acidente fatal de Roland Ratzenberger ( ver post anterior ). O clima era então de tristeza no paddock, mas não chegava a ser de medo. Embora enlutado, o pensamento geral no mundo da F1 era de que tinham sido oito longos anos sem nenhuma morte e que a "próxima" deveria demorar naturalmente   muito tempo ainda. O que não passou na cabeça de ninguém é que essa demora não duraria nem 24 horas...

Senna liderou as sete primeiras voltas. O brasileiro
seria o 1º piloto a morrer em um acidente quando
estava na liderança de uma corrida de F-1.

Logo na largada no domingo a "bruxa" parecia ainda não estar satisfeita. JJ Lehto ficou parado e Pedro Lamy não conseguiu desviar e bateu na traseira do seu carro. Pneus voaram e atingiram a arquibancada ferindo dezenas de espectadores. A corrida, no entanto, não foi interrompida e os carros seguiram o pace-car com Ayrton Senna, o pole, liderando o pelotão. Dada uma nova saída, os pilotos completaram uma volta com o brasileiro sendo perseguido de perto por Michael Schumacher quando eles se aproximaram da Tamburello, a curva mais rápida de Imola, a tragédia se consumou.

Junto com Senna, Jim Clark foi o maior piloto
morto nas pistas. Mas o escocês perdeu a
vida em uma obscura prova de F2 em 1968.
Muito provavelmente a barra da direção da Williams de Senna quebrou e o brasileiro saiu reto na Tamburello. A batida no muro, embora violenta, pareceu como tantas outras se não fosse por um detalhe. Um braço da suspensão dianteira direita da Williams ao bater no muro se voltou contra o capacete de Senna, furando sua viseira e atingindo fatalmente o seu rosto na altura da sobrancelha. Mais alguns centímetros pra cima e era o capacete que teria sido atingido. Contra todos os prognósticos, desta vez o estigma dos "campeões mundiais protegidos" não funcionou. Absolutamente tudo dera errado para Senna.

Até hoje sua morte parece inacreditável. O brasileiro morreu como tricampeão do mundo, liderando uma corrida de F1 ( o que também jamais havia ocorrido ), sendo o recordista de poles e Kms liderados, em uma corrida que era acompanhada pela TV, ao vivo, por milhões de pessoas no mundo todo. Nunca um esportista teve uma morte tão testemunhada como essa. Quando volta e meia aparece uma pesquisa mostrando quem foram os maiores pilotos de todos os tempos, o nome de Senna na maioria das vezes encabeça a lista. Talvez outros, como Jim Clark, tenham sido tão bons ou até melhores do que o brasileiro. Mas diante de todo o cenário daquele 1º de maio de 1994, esse resultado é totalmente compreensível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu lembro que estava soltando alguns rojões no dia 11 de Setembro huahahuahuah