sexta-feira, 21 de outubro de 2011

As mortes na Indy desde 1996

Dan Wheldon ( 2011 )


Paul Dana ( 2006 )
 

Tony Renna ( 2003 )


Greg Moore ( 1999 )


Gonzalo Rodriguez ( 1999 )


Jeff Krosnoff ( 1996 )

Scott Brayton ( 1996 )


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tragédia em Las Vegas era questão de tempo

Após bater no muro e nas telas de proteção o carro de
Wheldon explode em chamas. O choque direto
no cockpit matou o piloto imediatamente.
 

Quem acompanha a F-Indy estava aguardando há muitos anos ocorrer um acidente violentíssimo envolvendo uma dezena de carros num circuito oval e que ainda só não tinha acontecido por uma questão de pura sorte  Todos temiam que o fato mais cedo ou mais tarde se concretizasse e a "bruxa" finalmente resolveu aparecer da pior forma possível ontem nas 300 Milhas de Las Vegas que acabou resultando no maior acidente dos 100 anos de história da Indy, envolvendo 15 carros e que culminou com a morte do atual campeão das 500 Milhas de Indianápolis, Dan Wheldon.

A Indy é uma espécie de antítese da Fórmula 1 atual. Enquanto na categoria máxima se prega exageradamente o "risco-zero" ( filosofia de segurança de Max Mosley que visa eliminar a qualquer custo a possibilidade de um acidente grave ) na categoria norte-americana existe um tipo de vale-tudo. Essa filosofia da F1 teve início com a morte de Ayrton Senna em 1994 e que se intensificou com o passar dos anos. Hoje os carros são seguríssimos e os circuitos foram "mutilados" em prol da segurança. As grandes pistas foram sendo modificadas ou foram simplesmente alijadas do calendário da F1. Ficou tudo mais seguro, mas as curvas desafiadoras desapareceram e a emoção também...


O acidente envolveu 15 carros e pelo menos 5 deles
explodiram em chamas. Em 100 anos de história
da categoria, nunca se viu nada igual.

Já na Indy a segurança é vista com outros olhos, mesmo porque o maior diferencial da categoria americana são as pistas ovais e em traçados como esses não pode haver área de escape, brita, então qualquer escapada do piloto torna o choque com o muro inevitável. O perigo na Indy faz parte sempre do negócio, o piloto que tem medo que vá buscar outra categoria...

O "risco zero" da F1 e o "vale tudo" da Indy tem um preço. O da F1 já foi dito, mas em relação a Indy... Desde o acidente fatal de Senna em 1994, nenhum piloto morreu na F1. Mas na categoria americana foram sete os que encontraram a morte nas pistas : Scott Brayton e Jeff Krosnoff em 1996, Gonzalo Rodriguez e Greg Moore em 1999, Tony Renna em 2003, Paul Danna em 2006 e agora Dan Wheldon. Quer dizer, desde 1996, praticamente uma morte a cada dois anos, um número elevado mas de certa forma "compreensível" por ser o automobilismo, afinal, um esporte de risco. Como se diz nos bastidores não é possível você ter tudo sobre controle em um circuito oval andando numa média de 350 km/h cercado por outros carros. O coquetel se revelou explosivo ontem e deu no que deu.

O momento do choque de Wheldon em Viso. O piloto inglês
poderia ter saído inteiro, mas o destino quis que o cockpit
  fosse atingido em cheio quando o carro bateu no muro.

Mas o fato do automobilismo ser um esporte de risco não implica em irresponsabilidade e isso acabou gerando a tragédia de Las Vegas. A pista americana é extraordinariamente curta ( pouco mais de 2 Kms ) e bastante estreita, não comportando jamais uma corrida com 34 carros. Para se ter uma idéia em Indianápolis correm 33 carros em um traçado de quatro Kms numa pista muito mais larga e essa discrepância gerou preocupação nos pilotos ainda nos treinos. Além disso soma-se outro fator : na Indy corre praticamente quem quer, 2/3 do grid é formado por pilotos fracos ou com pouca experiência. O que aconteceu então era mesmo questão de tempo. Um choque no meio do pelotão entre Wade Cunningham e James Hinchcliffe deu início aos caos. Pelos menos cinco carros foram "catapultados" ao passaram por cima dos outros e voaram, explodindo no muro. Desde o início ficou claro que o caso de Wheldon era o mais grave. O piloto inglês bateu em Ernesto Viso, decolou e o carro virou atingindo o muro e a tela de proteção num ângulo que destruiu o cockpit do carro e que muito provavelmente matou Wheldon de imediato.


Wheldon comemora a sua segunda vitória nas 500 Milhas de
Indianápolis a apenas quatro meses atrás. Ao triunfar em
2005, Wheldon se tornou o 1º piloto britânico a vencer
as 500 Milhas desde Graham Hill em 1966.

A morte de Wheldon lembra o acidente que matou Ronnie Peterson no G.P. da Itália de F1 de 1978 em Monza. Alí logo depois da largada um choque envolveu 10 carros e o piloto sueco levou a pior. Ao ser atingido por trás por James Hunt, que foi fechado pelo então novato Riccardo Patrese, Ronnie perdeu o controle do carro que bateu em cheio no guard-rail e explodiu em chamas imediatamente. O Lotus voltou para a pista e foi atropelado pelos outros. Ronnie com múltiplas fraturas nas pernas acabou morrendo de embolia no dia seguinte.

Assim como Peterson, Wheldon simplesmente estava no lugar errado na hora errada. Quis o destino que no meio de vários pilotos inexpressivos envolvidos no acidente a fatalidade atingisse exatamente o mais talentoso deles, o campeão da Indy em 2005 e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis. Era a vez de Wheldon. Como na maioria dos acidentes fatais no automobilismo, poderia ter sido qualquer um...

A última entrevista de Wheldon

O acidente fatal de Dan Wheldon



domingo, 16 de outubro de 2011

Dan Wheldon morre em acidente em Las Vegas

Dan Wheldon ( 1978 - 2011 )

O piloto inglês Dan Wheldon de 33 anos morreu hoje depois de um terrível acidente que envolveu 15 carros na Las Vegas 300, prova de encerramento da temporada de 2011 da Indy Cars Series. O acidente já é considerado o mais sério da história da Indy e a prova foi suspensa com apenas 12 voltas disputadas. Imediatamente ficou evidente que as feridas de Wheldon eram gravíssimas, já que o seu carro ao bater em Ernesto Viso decolou, atingindo o muro num ângulo totalmente desfavorável que esmagou o cockpit do carro, provocando múltiplas fraturas em sua cabeça. Menos de uma hora depois do acidente, Wheldon foi declarado morto, repetindo-se a história do canadense Greg Moore, que em 1999 também faleceu na última prova da temporada daquele ano da Indy em Fontana.

Campeão da Fórmula Indy em 2005 e 16 vezes vencedor na categoria, Wheldon venceu também duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis, a primeira em 2005 e a segunda em junho último ao triunfar espetacularmente no instante final quando o então líder JR Hildebrand bateu na última curva. Wheldon se tornou o primeiro piloto vencedor das 500 Milhas a morrer nas pistas desde que o americano Mark Donohue, que venceu em 1972, perdeu a vida em um acidente durante o Warm up do G.P. da Áustria de F-1 de 1975.

Dan Wheldon já tinha colocado o seu nome na história por ter vencido a mítica 500 Milhas de Indianápolis e ter se tornado o primeiro inglês a fazê-lo desde Graham Hill em 1966. Agora, infelizmente, seu nome também entra na lista dos pilotos que  tragicamente morreram  nas pistas.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Análise - acidente Hamilton e Kobayashi em Spa




Um acidente na 12ª volta com Kamui Kobayashi eliminou Lewis Hamilton do G.P. da Bélgica. O inglês acabara de ultrapassar o japonês um pouco antes da Eau Rouge quando os dois carros entraram na reta Kemmel. Surpreendentemente o McLaren perdeu velocidade e Kobayashi se aproximou do inglês na entrada de Les Combes colocando seu Sauber do lado esquerdo da pista. Hamilton fez uma pequena mudança de trajetória e se jogou para a esquerda se chocando com a roda dianteira direita do japonês, perdendo o controle do carro e batendo fortemente no guard-rail.

Análise : Hamilton percebeu a aproximação de Kobayashi, tanto que posicionou o carro para o meio da pista para impedir que o Sauber pegasse o seu vácuo. Mas ao jogar depois o carro para a esquerda não notou que o japonês já estava lá. Como bem disse Kobayashi após a corrida, em nenhum momento ele mudou a trajetória, foi Hamilton que o fez. O próprio inglês afirmou que apenas lembra de perder o controle do McLaren e bater no guard-rail, deixando evidente que não viu realmente Kobayashi. O japonês embora culpasse Hamilton pelo ocorrido, não quis criar nenhuma polêmica : "é um incidente de corrida" disse. Está certo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Grandes Duelos ( IX ) Piquet x Senna - Budapeste 1986



Hoje o tricampeão Nelson Piquet completa 59 anos e para homenageá-lo nada melhor que postar o que foi muito provavelmente a maior ultrapassagem na F1 de todos os tempos. Piquet, da Williams Honda, e Ayrton Senna, da Lotus Renault, duelavam pela vitória no G.P. da Hungria de 1986. Piquet já havia tentado ultrapassar Senna pela parte de dentro da curva que fica após a reta dos boxes, mas o piloto da Lotus havia jogado o carro para a direita e obrigado Piquet a retardar o máximo a freada e sair reto, o que fez Senna retomar a posição. Nas voltas seguintes, Senna manteve o carro no meio da reta, mostrando que se Piquet tentasse de novo por alí ele repetiria a manobra. Vendo que passar por dentro seria impossível, Piquet resolveu desafiar a lógica : tentar passar Senna por fora. Nélson fingiu que ia por dentro e quando Senna jogou o carro para a direita foi surpreendido por uma manobra inacreditável de Piquet que jogou o carro para a esquerda e o passou completamente de lado como se estivesse em um carro de rallie. Uma manobra que completou 25 anos no último dia 10 de agosto e que jamais tinha sido vista na F1 até então. E nem depois...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Análise da punição para Lewis Hamilton



Lewis Hamilton foi punido com um drive-throught por ter voltado para a pista depois de ter rodado na saída da chincana. Nessa entrevista o inglês procurou se defender, pediu desculpas para os outros pilotos, afirmando que não os viu. Se pensarmos o que Hamilton falou após o G.P. de Mônaco, quando ele bateu em Massa e Maldonado e depois os culpou, ocorreu um avanço, já que dessa vez ele não responsabilizou ninguém e até, quem diria, pediu desculpas. Mas, é difícil de acreditar que a manobra não tenha sido proposital . Quando o inglês viu que tinha rodado, tentou manter a posição provocando um cavalo de pau mesmo que isso prejudicasse os adversários. Uma reação natural de Hamilton. Coisas de instinto...

Veja a largada do G.P. da Hungria

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Posters ( XIV ) G.P. da Alemanha de 1934


Sem dúvida um dos posters mais impressionantes já vistos. Ao mesmo tempo belo e assustador, a imagem espelha muito bem uma época em que o automobilismo era perigossíssimo e os pilotos eram vistos como verdadeiros heróis tal o risco que corriam. Essa corrida foi vencida pelo alemão Hans Stuck da Auto Union, sendo seguido por Luigi Fagioli da Mercedes Benz e Louis Chiron da Alfa Romeo. Nota-se a bandeira nazista em destaque no carro. Desde que Adolf Hitler se tornou chanceller da Alemanha em 1933,  as corridas viraram um excelente meio de propaganda para o regime nazista e os alemães dominariam as corridas em boa parte dos anos 30 com a Mercedes e a Auto Union. Os germânicos Rudolf Caracciola e Bernd Rosemayer, juntos com os italianos Tazio Nuvorali e Achille Varzi, foram os maiores pilotos da era anterior a da II Guerra Mundial e da criação do Mundial de F1 em 1950. Rosemayer e Varzi morreriam nas pistas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Grandes Duelos ( VIII ) Peterson x Depailler - Kyalami 1978



Embora fosse um excelente piloto, Patrick Depailler era frequentemente chamado de "o eterno segundo", já que por inúmeras razões a vitória sempre lhe escapava das mãos.  Finalmente no G.P. da África do Sul de 1978 esse dia parecia que ia chegar, depois de 67 GPs disputados e 7 segundos lugares. Mesmo largando na 11ª posição, o francês da Tyrrell se viu inesperadamente na liderança, à apenas 14 voltas do final, quando Riccardo Patrese teve uma quebra no motor de seu Arrows. Antes do italiano, a 1ª posição já tinha passado nas mãos de Mario Andretti e Jody Scheckter, que a perderam também por problemas mecânicos.

Tudo indicava que era a vez de Patrick vencer, mas o francês estava com problemas de consumo de combustível e era ameaçado por Ronnie Peterson, da Lotus, que tinha largado uma posição atrás do francês, em 12º, e estava também numa corrida de recuperação. O sueco foi diminuindo a diferença e na última volta alcançou Depailler. O francês manteve ainda a posição até restar três curvas para a bandeirada, quando Ronnie o passou, alcançando uma vitória espetacular ( era o 7º colocado à 27 voltas do final ). Para Peterson um triunfo que mostrou que ele não estava acabado como muitos acreditavam, principalmente Ken Tyrrell, que não quis renovar o contrato com o sueco depois de um ano ruim na equipe em 1977. Já Depailler parecia que estava destinado mesmo a ser o eterno segundo.

No entanto, duas corridas depois, fez-se justiça e o francês obteve a sua 1ª vitória na F1 no G.P. de Mônaco. "Demorou..." disse ele após a corrida "...e depois daquele dia em Kyalami, achei que nunca mais venceria, mas quebrar a escrita em Mônaco, bem, isso não poderia ter acontecido em lugar melhor..."

terça-feira, 12 de julho de 2011

11/07/1971 - 40 anos da morte de Pedro Rodriguez

Pedro Rodriguez pensou em parar de correr quando
seu irmão Ricardo morreu num acidente em 1962. 
Ao prosseguir se tornou mexicano a vencer
um GP de F1. Mas, assim como Ricardo, 
ele também morreria nas pistas...


Uma das maiores tragédias do automobilismo foi a saga dos irmãos Rodriguez. Ricardo e Pedro foram as grandes esperanças do México terem o seu "Juan Manuel Fangio". Ricardo era o mais talentoso e considerado um verdadeiro prodígio. Aos 14 anos se tornou campeão mexicano de motociclismo e aos 15 já corria de carros esporte pelo mundo. Com 18 anos, em 1960, chegou em 2º lugar nas 24 Horas de Le Mans com uma Ferrari Testa Rossa e em dupla com seu irmão Pedro foi também segundo nos 1.000 Kms de Nürburgring com uma Ferrari Sport. Impressionado com o talento de Ricardo, Enzo Ferrari o contratou para correr pela Scuderia no final do Mundial de F1 de 1961, com apenas 19 anos, ao lado de Phil Hill, Wolfgang Von Trips e Richier Ginther.

A segunda e última vitória de Pedro Rodriguez
na F1 foi no G.P. da Bélgica de 1970 com
um BRM. Seria a última vez que a antiga
pista de Spa seria utilizada na F1
Em 1962 correndo pela Ferrari tanto na F1 como no Mundial de Marcas venceu a Targa Florio, mas pelo seu estilo de pilotar recebeu críticas. Von Trips em 1961 disse : "É um louco, um perigo para ele mesmo e os outros...". No final de 1962, recebeu um convite da Lotus para correr  no G.P. do México de F1, uma prova extra campeonato. Enzo o liberou e nunca mais veria o mexicano. Durante os treinos, Ricardo sofreu um acidente fatal, aos 20 anos de idade...

A morte de Ricardo chocou profundamente Pedro que ficou um ano afastado das pistas. Quando retornou no final de 1963 se dedicou a F1 e ao Mundial de Marcas, onde se tornou um dos maiores pilotos de esporte protótipo de todos os tempos vencendo inúmeras corridas, entre elas as 24 horas de Le Mans de 1968 com um Ford GT 40 em dupla com Lucien Bianchi, os 1000 Kms de Monza de 1970 e 1971, a Targa Florio de 1970 e o 1000 Kms de Spa de 1971, sempre com um Porsche, marca pela qual ele mais se identificou.

Mas na F1 os resultados não foram tão espetaculares. Em 55 GPs, Pedro venceu duas vezes : o G.P. da África do Sul de 1967 com um Cooper Maserati e o G.P. da Bélgica de 1970 com um BRM, na última corrida disputada no antigo circuito de estrada de Spa Francorchamps, de 14 Kms. Pedro no entanto parecia viver na categoria máxima à sombra de seu irmão Ricardo que mesmo morto servia como parâmetro. Frequentemente Pedro era chamado injustamente do "irmão menos talentoso dos Rodriguez" e embora ele reverenciasse Ricardo, isso evidentemente o incomodava. Mas seu nome ficou na história da F1, como o único mexicano até hoje a vencer uma corrida na categoria.



Pedro e Ricardo Rodriguez : a morte dos dois irmãos
deixou um vazio no automobilismo mexicano
que jamais seria preenchido

Em 11 de julho de 1971 ( data que completou ontem, 40 anos ) Pedro morreu depois de um acidente durante uma obscura prova de carros esporte em Nuremberg, na Alemanha. Sua morte, aos 31 anos, comoveu todo o México e acabou tendo uma trágica semelhança com a de seu irmão. Se Ricardo, piloto da Ferrari na F1, foi convidado para correr pela rival Lotus no G.P. do México de 1962,  Pedro, piloto da Porsche no Mundial de Marcas, foi convidado pela arqui-rival Ferrari para pilotar um de seus carros na Alemanha.  A Porsche o liberou, assim como fez a Ferrari com Ricardo em 1962, para também nunca mais vê-lo... 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Alonso e Ferrari derrotam Vettel e Red Bull na Inglaterra

Ao vencer em Silverstone, Alonso igualou o número de
triunfos de Jackie Stewart ( 27 ) o que o coloca como
o 5º maior vencedor da história da F1

Fernando Alonso conseguiu finalmente o seu primeiro triunfo na temporada de 2011 ao vencer o  G.P. da Inglaterra ontem em Silverstone. Se a vitória do espanhol não pode ser considerada uma surpresa, já que poderia ter ocorrido em Mônaco ou em Montreal, a facilidade em que ela foi obtida sim. Alonso cruzou a linha de chegada com 16 segundos de vantagem sobre Sebastian Vettel, uma diferença somente inferior em 2011 daquela que o alemão obteve na corrida de abertura do Mundial, na Austrália, quando venceu com 22 segundos à frente de Lewis Hamilton. Imediatamente uma dúvida pairou no ar : será que essa vantagem foi obtida devido a evolução ocorrida no carro da Ferrari ou a restrição dos escapamentos aerodinâmicos que prejudicou sobretudo a Red Bull ?

Martin Whitmarsh e Stefano Domenicali confabulam antes
do G.P. da Inglaterra. McLaren e Ferrari foram os maiores
incentivadores da proibição dos escapamentos
aerodinâmicos. Como não obteve bons
resultados, a McLaren resolveu cair fora...


Se essa pergunta fosse feita imediatamente após a corrida, a resposta seria : jamais saberemos. O motivo é que até aquele momento prevalecia a proibição desses escapamentos. Quando a FIA determinou na sexta feira que a mudança do regulamento só seria revogada se houvesse consenso de todas as equipes, ninguém tinha dúvidas que essa proibição seria mantida, já que algumas dessas equipes pareciam levar vantagem com a nova medida. Tanto é verdade que um pouco antes da corrida a Ferrari e a Sauber confirmaram que não aceitariam a volta do regulamento antigo. Se a equipe italiana continuasse suplantando a Red Bull nos próximos GPs, ficaria sempre a suspeita de que isso só aconteceu devido a manobra da FIA de proibir os escapamentos aerodinâmicos.

Para a Ferrari um dia perfeito. A vitória de Alonso
aconteceu exatamente no mesmo GP e no mesmo
circuito em que a equipe italiana tinha obtido
há 60 anos a sua 1ª vitória na F1

Isso talvez explique o inesperado recuo da Ferrari e da Sauber que voltaram atrás e aceitaram o retorno, já para o G.P. da Alemanha,  da utilização completa desses escapamentos, apenas horas depois de dizer o contrário. A Ferrari comentou ironicamente que aceitou a medida para não parecer diferente e que "muitas outras equipes não fariam o mesmo...". Mas, será que é isso mesmo ? Acho que a FIA teve a percepção, um tanto tardia, que fez besteira ao mudar o regulamento no meio do Mundial. Como a repercursão foi péssima, e o comentário geral foi que a entidade só fez isso para prejudicar a Red Bull e adiar a decisão do campeonato, a FIA jogou a responsabilidade para as equipes, dizendo que se isso fosse aceito de forma unânime tudo voltaria a ser como antes.


A vitória de Alonso não chegou a ser tão surpreendente.
Surpresa mesmo foi a facilidade em que ela foi obtida.
Para a Ferrari o principal motivo foram os avanços
feitos no desenvolvimento do carro, uma
resposta que só teremos em Nürburgring

Só que a jogada da FIA saiu pela culatra. Em primeiro lugar a entidade deveria ter feito o contrário, sugerindo inicialmente a proibição dos escapamentos aerodinâmicos, mas que isso só seria aceito com uma decisão unânime das equipes. Mas a FIA não o fez porque não lhe interessava, já que o objetivo era atingir a Red Bull e a proposta seria evidentemente negada pela própria. A solução então foi inverter a situação : impor a proibição e só modificá-la se houvesse unanimidade. Com isso a FIA teve a certeza de que pelo menos a Ferrari e a McLaren, a quem mais interessava a proibição, vetariam a volta do regulamento antigo.


Com a proibição dos escapamentos aerodinâmicos a FIA
esperava atingir a Red Bull. Mas a vitória fácil demais
da Ferrari em Silverstone pode ter mostrado que o
"remédio" pode ter sido exagerado
demais. E a FIA recuou...


Mas o que não estava no "script" foi a vitória fácil demais da equipe italiana no G.P. da Inglaterra. Numa "canetada" a FIA pode ter mudado completamente o rumo do Mundial de 2011. Se antes a gritaria contra a FIA era geral, agora ia ser com certeza pior ainda.  Embora jamais saibamos, deve ter havido uma conversa, logo após a corrida, entre  a cúpula da Ferrari e a FIA, que mostrou que a situação ficou insustentável. Provavelmente a FIA alertou a equipe de Maranello que se eles não recuassem da decisão, a entidade iria tomar uma medida extrema de voltar o regulamento antigo. Assim, sem alternativas, a Ferrari recuou...

Na verdade ninguém sabe ao certo o que levou a Ferrari a melhorar tanto a sua performance em Silverstone, talvez nem a própria Ferrari. Caso a equipe italiana tenha mais um desempenho excelente na próxima etapa, em Nürburgring, caberá a Ferrari todas as glórias, merecidamente. Por tudo isso, o G.P. da Alemanha vai ser a prova mais aguardada dos últimos tempos.

A corrida



Independente de todas as trapalhadas da FIA com a restrição dos escapamentos aerodinâmicos, tivemos um G.P. da Inglaterra bastante interessante no local que mais interessa : na pista. Choveu bastante antes da corrida e a pista ainda molhada obrigou os pilotos a sairem com os pneus intermediários. Na largada Vettel superou Webber e tomou a ponta sendo seguido pelo australiano, Alonso, Button, Massa e Hamilton. O inglês roubou todas as atenções no início da corrida. Depois da largar em 10º, já passou em 6º na 1ª volta. Não demorou muito para ultrapassar seu companheiro de equipe, Button, e pular para 5º. Não satisfeito partiu para cima de Massa e por duas vezes exagerou, saindo da pista e só não batendo devido as enormes áreas de escape da pista de Silverstone. Hamilton só passou Massa nos boxes na 1ª parada para as trocas dos pneus e logo depois, usando a ása móvel, superou Alonso com facilidade pulando para o 3º lugar na 15ª volta, atrás apenas das Red Bull. Até esse momento da corrida o inglês era o melhor.


Vettel assumiu a liderança na largada passando Webber
que era o pole. Mas o melhor foi Hamilton que mesmo
partindo em 10º, já era o 6º no final da 1ª volta

Mas a pista foi secando e a situação se inverteu. Enquanto o desempenho de Hamilton foi piorando o de Alonso melhorou a ponto do espanhol ultrapassar na pista o inglês e recuperar a 3º colocação. O inglês imediatamente parou nos boxes e colocou pneus slicks do tipo "macio" assim como fariam todos os demais. Foi então que aconteceu o momento crucial da prova. A Red Bull se atrapalhou na troca de um pneu traseiro de Vettel e o alemão voltou em 3º atrás de Alonso e Hamilton. Webber, Button e Massa vinham atrás de Vettel. O alemão começou a se aproximar de Hamilton, mas não conseguia uma forma de passá-lo. A solução foi antecipar a terceira troca de pneus, o que acabou dando certo. Vettel voltou em 2º, atrás apenas de Alonso.


O momento decisivo da corrida : Vettel tem problemas
na 2ª troca dos pneus, perdendo a liderança e
caindo para o 3º lugar. Um erro da Red Bull
que se revelou fatal

Pela primeira vez no ano a Red Bull de caça virou caçadora, mas quando se esperava um reação de Vettel nada de fato aconteceu. Pelo contrário. Em vez de diminuir a diferença, o espanhol foi ficando cada vez mais distante e o alemão passou a se preocupar apenas em chegar em segundo. Ainda na terceira parada para troca de pneus, os ponteiros sofreram uma baixa. Inexplicavelmente uma roda dianteira da McLaren de Button foi mal fixada e o inglês teve que abandonar na saída dos boxes. Na 40ª volta, faltando 12 para o final, as posições eram : Alonso, Vettel, Hamilton, Massa e Webber. Só que Massa demorou muito para fazer a sua última parada, o que ninguém entendeu, e quando parou o australiano acabou subindo para 4º.


Hamilton foi junto com Alonso o melhor piloto da prova. O
inglês largou em 10º e chegou em 4º, fazendo várias
ultrapassagens, saindo duas vezes da pista e quase
se envolvendo em um acidente
com Massa na volta final

Enquanto isso a equipe McLaren pedia para Hamilton diminuir o ritmo para economizar combustível, uma coisa um tanto imcompreensível numa corrida em que boa parte dela foi disputada em pista molhada onde a velocidade e o consumo são menores. Com isso o inglês não pode segurar Webber que o passou garantindo um lugar no pódium. Nas últimas voltas tivemos ainda disputas que só terminaram com a bandeirada. Webber foi se aproximando de Vettel, mas não conseguiu passá-lo, assim como Massa que chegou a bater rodas com Hamilton que ainda garantiu o 4º lugar depois de uma corrida das mais combativas.


Rosberg chegou em 6º com sua Mercedes, mas lamentou
não ter largado mais à frente para poder
ameaçar Hamilton e Massa

Alonso estava eufórico depois de uma grande atuação sua e da Ferrari. Para o espanhol engana-se completamente quem acredita que a vitória só aconteceu devido a mudança de regulamento, dizendo que as melhorias feitas na Ferrari foram muito mais fundamentais. Alonso igualou a marca de 27 vitórias de Jackie Stewart, o que o coloca junto com o escocês como o 5º maior vencedor de GP. Para a Ferrari foi também um excelente modo de comemorar os 60 anos da 1ª vitória da equipe na F1 , no G.P. da Inglaterra de 1951, também em Silverstone, com o argentino Froilan Gonzalez.


Vettel, Alonso, Domenicali e Webber. O alemão não
quis alimentar a polêmica e falou que a Ferrari
mereceu vencer pelas melhorias que tem
sido feitas no carronas últimas corridas

Ao contrário do que se poderia esperar Vettel não quis criar polêmica sobre a vitória da Ferrari limitando-se a dizer que a equipe italiana foi melhor e mereceu vencer : "eles foram mais rápidos, temos visto que eles tem melhorado nas últimas corridas". Já Webber, em 3º, estava irritado com a equipe porque ela pediu que não tentasse passar Vettel no final que tinha problema nos pneus : "Claro que ignorei o pedido e lutei até o fim. Sebastian estava fazendo seu melhor, eu estava fazendo meu melhor. Não iria bater nele”. Pois é. Tem gente que achava que a Red Bull é diferente das demais, mas depois do acidente entre seus dois pilotos na Turquia no ano passado, era evidente que isso seria considerado completamente inadmissível se ocorresse novamente. Christian Horner não deve ter gostado nada da postura de Webber, que parece estar mesmo com os dias contados na equipe.



Hamilton, que chegou em 4º, foi junto com Alonso o melhor piloto da prova. Temos criticado bastante o inglês aqui, mas desta vez ele não teve culpa no choque com Massa na última volta. Era evidente que Hamilton não iria permitir que Massa o passasse praticamente na última curva em uma corrida dentro do seu próprio país. Massa percebeu isso e disso muito corretamente que tratou-se de uma acidente de corrida, mesmo porque o brasileiro tentou passar o inglês por fora da curva e Hamilton evidentemente não facilitou em nada. Massa vê com otimismo a previsão para a 2ª parte do Mundial : "aqui em Silverstone estivemos juntos da Red Bull, vamos ver nas demais pistas."



Os pilotos da Mercedes chegaram em 6º e 9º lugares com Nico Rosberg e Michael Schumacher. Nico esteve satisfeito com o desempenho do carro em todo o final de semana, lamentando apenas não ter largado mais à frente para poder ameaçar Hamilton e Massa no final. Já Schumacher assumiu a culpa por um acidente com Kobayashi, mas não entendeu a punição : "Errei e depois pedi desculpas. Só queria entender por que recebi um "stop & go" em vez de um drive-through, perdi um tempo imenso, a punição foi dura demais."

Fecharam a zona dos pontos Sergio Perez em 7º, obtendo o melhor resultado de sua carreira, Heidfeld em 8º e Alguersuari em 10º, pontuando pela terceira vez consecutiva nesse Mundial.


Ao chegar em 7º, Sergio Perez obteve o seu melhor
resultado na F1. Já a Sauber é a 6ª no Mundial de
Construtores, um colocação impensável no
inicio do campeonato

Vimos em Silverstone uma grande vitória de Alonso e da Ferrari, mas agora todas as atenções estarão voltadas para o que vai acontecer em Nürburgring daqui há duas semanas. Se a Ferrari mostrar na Alemanha o mesmo desempenho que teve na Inglaterra, teremos testemunhado uma das maiores reações já vistas de uma equipe durante um Mundial na história da F1. E desta vez ninguém poderá levantar nenhuma suspeita de favorecimento da FIA...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Brands Hatch - G.P. da Inglaterra de 1974



Video da série "ESPN classic" em duas partes com o G.P. da Inglaterra de 1974 em Brands Hatch. Para mim a pista inglesa está entre as cinco maiores de todos os tempos ao lado de Nürburgring, Zeltweg, Zandvoort e Spa Francorchamps. Os próprio ingleses sempre reconheceram Brands como o mais brilhante traçado já feito na Grã Bretanha.

Niki Lauda da Ferrari dominou quase totalmente essa corrida quanto teve um furo de pneu há poucas voltas do final. Só que o pneu não estourou e foi se esvaziando aos poucos. Como na época as trocas de pneus eram muito lentas ( entre 30 segundos e 1 minuto ) o austríaco resolveu arriscar e levar o carro até o final, mas se deu mal e acabou sendo ultrapassado por Jody Scheckter, Emerson Fittipaldi e Jacky Ickx.

Reparem que o ainda muito jovem Luca di Montezemolo ( hoje Presidente da Fiat e na época chefe de equipe da Ferrari ) fez questão de frisar numa entrevista que Lauda era o melhor piloto do mundo ( discutia-se muito na F1 se era ele, Emerson ou Ronnie Peterson ) e reclamou que o austríaco deveria ter chegado em 4º, porque uma multidão invadiu os boxes e impediu que Lauda voltasse a pista depois de trocar o pneu para dar a última volta. O caso foi levado aos tribunais e após uma conferência com a cronometragem a FIA decidiu que o austríaco chegara em 5º.

Dá até pena lembrar que Bernie Ecclestone tirou Brands Hatch do calendário da F1 a partir de 1986 por razões políticas. De 1987 em diante o G.P. da Inglaterra sempre aconteceu em Silverstone, uma pista muito boa, mas que nunca chegou aos pés de Brands. Com as modificações que sofreu ao longo dos anos, Silverstone  parece hoje um outro circuito, mas para os padrões da F1 atual está excelente...

Acidente de Kobayashi no 1º treino livre em Silverstone



O piloto da Sauber Kamui Kobayashi sofreu um acidente forte no 1º treino livre para o G.P. da Inglaterra, nesta sexta feira. O piloto japonês saiu com os quatro rodas para fora da pista, continuou acelerando e perdeu o controle do carro que pegou uma saliência e por pouco não capotou. Kobayashi acabou por bater com força no muro, destruíndo a parte lateral direita e a asa traseira do Sauber.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Domínio de Vettel ameaça recordes históricos. Mas a FIA...

Em 1952 Alberto Ascari da Ferrari liderou 77 % dos Kms
percorridos naquele mundial, recorde que está
sendo ameaçado por Vettel em 2011

Ninguém sabe o que acontecerá no G.P. da Inglaterra nesse final de semana, em Silverstone, quando o novo regulamento que restringe os chamados "escapamentos aerodinâmicos" entrará em vigor. Certeza mesmo é que a FIA, de uma forma totalmente arbitrária, tenta com essa mudança alterar o rumo de um campeonato que tinha tudo para coroar Sebastian Vettel bem antes de seu final. Que proibisse essa regra para 2012 tudo bem, mas fazê-lo no meio de um Mundial apenas prova que o compromentimento da entidade com o esporte não existe, o objetivo claro é somente prejudicar a Red Bull e tentar adiar a decisão do Mundial o máximo possível.

Se o regulamento não fosse mudado vários recordes da F1 estariam ameaçados, sendo que alguns pareciam que iam durar para sempre, como o número de vitórias de Michael Schumacher, estabelecido em 2004 e o número de Kms na liderança de Alberto Ascari de 1952. Com 8 GPs em 2011, Vettel obteve 6 vitórias faltando ainda 11 corridas para acabar o Mundial. O piloto da Red Bull precisa vencer 8 delas para bater o recorde de 13 vitórias de Schumacher em 2004. Difícil ? Sim, mas se Vettel mantiver nas provas que faltam a porcentagem de vitórias obtidas até agora isso seria perfeitamente possível.

Mais impressionante ainda que bater esse recorde é superar o número de Kms na liderança de Alberto Ascari estabelecido no longínquo ano de 1952. O italiano liderou 77% dos Kms daquele mundial. Vettel até agora em 2011 conseguiu a incrível marca de 82% de Kms liderados. Na tabela abaixo veja quais foram as 10 maiores porcentagens de Kms na liderança obtidas em Mundiais na história da F1 :

         2011 - Sebastian Vettel ( 82 % ) após 8 GPs
 
  1º ) 1952 - Alberto Ascari ( 77 % )
  2º ) 1955 - Juan Manuel Fangio ( 73% )
  3º ) 1963 - Jim Clark ( 72 % )
  4º ) 1992 - Nigel Mansell ( 68 % )
  5º ) 1953 - Alberto Ascari ( 66 % )
  6º ) 1965 - Jim Clark ( 62 % )
  7º ) 2004 - Michael Schumacher ( 62 % )
  8º ) 1994 - Michael Schumacher ( 57 % )
  9º ) 1988 - Ayrton Senna ( 56 % )
10º ) 1998 - Mika Hakkinen ( 56 % )

Independente de Adrian Newey conseguir "driblar" o novo regulamento e mantiver a Red Bull como a equipe a ser batida em 2011, não será fácil para Vettel manter essa porcentagem tão alta. Qualquer problema mínimo com o carro do alemão pode significar que o recorde de Ascari seja ainda inalcancável. Talvez acreditar numa possível quebra do número de pole position numa temporada, obtida por Nigel Mansell em 1992 ( 14, sendo que Vettel já tem 7 ), seja algo mais palpável. De qualquer forma, se nenhum desses recordes for batido pelo alemão, ficará sempre a dúvida se isso só não foi possível devido a intervenção indevida e vergonhosa da FIA, em um campeonato que estava em pleno andamento e já alcançando a sua metade.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

The 50's ( VIII ) G.P. da França de 1958


Reims, 6 de julho de 1958, Mike Hawthorn, Luigi Musso e Harry Schell aguardam a ordem de largada para o G.P. da França. Hawthorn, que largou na pole position, obteria a sua 1ª e única vitória na temporada em que seria campeão. Já Schell e Musso não completariam a prova. Schell abandonaria por superaquecimento no motor na 41ª volta e Musso, morreria, após sofrer um acidente com sua Ferrari D246 na 9ª volta.

Hoje faz 53 anos em que não só o piloto romano perdeu a vida, como também em que Juan Manuel Fangio disputou a sua última corrida na F1. Desolado com a morte de Musso, o argentino resolveu abandonar as pistas : "Cansei de saber que meus amigos morreram...". Coincidentemente foi ao lado de Fangio que Musso obteve a sua única vitória na F1. No G.P. da Argentina de 1956, Fangio foi obrigado a abandonar na 22ª volta por problemas na bomba de combustível de sua Ferrari. Na época era permitido que um piloto da mesma equipe cedesse o seu carro a um outro se fosse necessário. Musso que vinha em 5º lugar, recebeu a ordem para dar o seu carro a Fangio na 31ª volta. O argentino voltou para a pista e venceu a prova, dividindo o triunfo e os pontos com o italiano.

Pouco mais de dois anos depois, Musso alinhava a sua Ferrari na 1º fila para o G.P. da França com o 2º tempo obtido nos treinos. Depois de chegar em 2º lugar na Argentina e em Mônaco, perdendo ambas as corridas para os aparentemente frágeis Cooper Climax de motor traseiro, Musso era terrivelmente pressionado por Enzo Ferrari para obter uma vitória. Quando perseguia o líder Hawthorn na 9ª volta, Musso perdeu o controle de sua Ferrari na curva Muizon, saindo da pista e capotando várias vezes. O italiano foi atirado para fora do carro, morrendo aos 33 anos de idade.

Mas, no final de 1958, a Ferrari terminaria campeã... 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Imagens do G.P. do Brasil de 1977



Falamos no post passado do G.P. do Brasil de 1977 e aqui estão dois videos sobre essa corrida. O primeiro é de um documentário sobre a temporada da F1 de 1977 e o outro é uma incrível matéria da Rede Globo com imagens daquela corrida.

Fica claro nesse último vídeo a bagunça que era o G.P. do Brasil e a própria F1 na época. Pessoas penduradas no muro assistiam a corrida na curva 3, e eram convidadas a se retirar dalí por "delicados" policiais que apesar de seus cassetetes não conseguiam exercer a sua autoridade... Nesta curva  o asfalto foi se desintegrando durante o GP e 9 pilotos sofreram acidentes. Em outra imagem aparece uma cena em que José Carlos Pace passeia no que seria uma espécie de paddock, até entrar também numa espécie de "trailer"....

Môco disputaria em Interlagos a penúltima corrida de sua vida, já que morreria em um acidente aéreo em 18 de março de 1977, menos de dois meses depois do G.P. Brasil que foi disputado em 23 de janeiro.



Aparece também, entre outras cenas inusitadas,  uma imagem do temperamental James Hunt discutindo com José Ignácio Werneck ( um antigo jornalista esportivo carioca que está há muito anos radicado nos EUA e hoje trabalha na ESPN comentando, entre outros esportes,  poker...). Hunt está p. da vida com a imprensa brasileira pelo o que ela falou do inglês quando ele estava no Guarujá...

Se envolveram em acidentes na curva 3 : Vittorio Brambilla, Ronnie Peterson, Clay Regazzoni, Jochen Mass, Patrick Depailler, Jacques Laffite, John Watson, Hans Binder e Jose Carlos Pace. Sendo que aparece uma imagem em que Depailler é carregado ( no colo ! ) por um bombeiro até a ambulância...

Outros tempos, definitivamente...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

The 70's ( XII ) G.P. do Brasil de 1977


Interlagos, G.P. do Brasil de 1977, Patrick Depailler e Ronnie Peterson entram completamente de lado na curva do Laranja com o Tyrrell P34 de seis rodas. Ambos os pilotos abandonaram a corrida vítimas de acidentes na curva 3, cujo asfalto foi se desfazendo durante a prova, e que  eliminou também outros 6 competidores.  O P34 se revelaria um fracasso e o Mundial de 1977 seria o primeiro desde 1970, ano de estréia da equipe, em que a Tyrrell não obteria nenhuma vitória. Peterson não se adaptou ao carro de seis rodas devido ao seu estilo arrojado de pilotar, problema que já tinha acontecido com Jody Scheckter em 1976. Já Depailler por possuir uma pilotagem mais "limpa" acabou obtendo resultados melhores. Infelizmente tanto o sueco como o francês morreriam na F1. Peterson no G.P. da Itália de 1978 e Depailler num teste privado em Hockenheim, na Alemanha, em 1980.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Com 8 GPs, Vettel tem o melhor desempenho da história

Nem Fangio, nem Clark e nem Schumacher. Com
seis vitórias e dois segundos lugares, Sebastian
Vettel obteve em 2011, o melhor resultado da
história da F1 nos 8 primeiros GPs disputados


Ao vencer o G.P. da Europa, Sebastian Vettel estabeleceu a maior pontuação obtida na história da F1 após 8 GPs disputados. A categoria já teve 6 critérios diferentes na soma dos pontos e em todos o  alemão lideraria. Vamos fazer uma comparação da pontuação atual (25-18-15-12-10-8-6-4-2-1), com a mais tradicional de todas (9-6-4-3-2-1) , que pode ser chamada de "clássica", já que prevaleceu na F1 durante trinta anos, entre 1961 e 1990. Esse antigo critério é ainda considerado o melhor e mais justo de todos, pois valorizava a vitória sem "banalizar" a pontuação como se vê agora onde se premia, exageradamente, os 10 primeiros colocados.

Abaixo segue a lista das 10 maiores pontuações nos 8 primeiros GPs nos dois rankings. Note-se que os números não variam muito. A mudança mais drástica é que os resultados obtidos por Michael Schumacher no Mundial de 2004 pularia do 5º lugar do ranking novo para o 3 º lugar do antigo.

Com a pontuação atual : 25-18-15-12-10-8-6-4-2-1 

  1º) 2011 - Sebastian Vettel ( 186 pts ) 6 vitórias e 2 segundos
  2º) 2002 - Michael Schumacher ( 183 pts ) 6 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
  3º) 2006 - Fernando Alonso ( 179 pts ) 5 vitórias e 3 segundos
  4º) 1954 - Juan Manuel Fangio ( 177 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 quarto
  5º) 2004 - Michael Schumacher ( 175 pts ) 7 vitórias
  6º) 1969 - Jackie Stewart ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1992 - Nigel Mansell ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1994 - Michael Schumacher ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
  9º) 2009 - Jenson Button ( 160,5 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 sexto
10º) 1963 - Jim Clark ( 158 pts ) 5 vitórias,  1 segundo e 1 terceiro

Com a pontuação "clássica" : 9 - 6 - 4 - 3 - 2 - 1
 
  1º) 2011 - Sebastian Vettel ( 66 pts ) 6 vitórias e 2 segundos
  2º) 2002 - Michael Schumacher ( 64 pts ) 6 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
  3º) 2004 - Michael Schumacher ( 63 pts ) 7 vitórias
        2006 - Fernando Alonso ( 63 pts ) 5 vitórias e 3 segundos
  5º) 1954 - Juan Manuel Fangio ( 61 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 quarto
  6º) 1969 - Jackie Stewart ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1992 - Nigel Mansell ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1994 - Michael Schumacher ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo  
  9º) 1963 - Jim Clark ( 55 pts ) 5 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
10º) 2009 - Jenson Button ( 54,5 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 sexto

Esses números retratam bem determinadas épocas. As décadas de 70 e 80 que são consideradas as de maior competitividade na F1, não tiveram nenhum piloto nesse ranking. Já em 12 temporadas desse novo milênio,  por 5 vezes um piloto teve um amplo domínio. A de salientar também que em 2009, Jenson Button venceu o G.P. da Malásia, mas recebeu apenas a metade dos pontos porque a corrida foi interrompida antes dos 75% do percurso total.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vettel vence a sexta do ano, em corrida monótona em Valência

Em 8 GPs em 2011, Sebastian Vettel conseguiu seis vitórias
e 2 segundos lugares, resultado jamais alcançado
nas oito primeiras corridas desde
que a F1 foi criada em 1950


Infelizmente tudo aquilo que projetamos no sábado para o G.P. da Europa acabou se confirmando no domingo. Tivemos nas ruas de Valência a corrida mais monótona dessa temporada de 2011 que só valeu pela largada em que Felipe Massa fez uma tentativa de pular da 5ª para a 2ª posição . Fora isso o que se viu foi uma procissão  de carros em fila indiana num circuito que mostrou mais uma vez que a ultrapassagem é praticamente impossível.


A pista de Valência está em um dos cenários mais interessantes
para se ter uma corrida de F1, pena que em relação
 ao traçado não se pode dizer o mesmo...


Enganam-se aqueles que comparam a pista espanhola com Monte Carlo. Valência é um circuito de rua rápido, mesclado com uma sequência de curvas intermináveis, quase todas de alta velocidade e com um detalhe adicional : com áreas de escape, onde o piloto erra e isso não faz a menor diferença. Em Mônaco não. Existem retas seguidas por uma curva fechada, o que torna possível uma tentativa de ultrapassagem como vimos esse ano. E no principado, qualquer erro leva o piloto ao guard-rail. A maior prova da completa falta de dificuldade da pista de Valência é que não tivemos nenhum acidente. Aliás, como dissemos no sábado, das três corridas já ocorridas nesse circuito ocorreram apenas quatro acidentes, um número rídiculo para um circuito de rua, mas que é totalmente compatível com uma pista que não oferece o menor desafio para os pilotos.


Após bater em Petrov, Schumacher foi para os boxes para
trocar o bico da Mercedes, mas o alemão continuou
na corrida. Em 4 GPs em Valência, tivemos apenas
4 abandonos por acidentes, um número
ridículo para um circuito de rua

Nem para os pilotos e nem para os carros diga-se de passagem, já que esse G.P. da Europa bateu o recorde de número de carros que largaram e que chegaram no final : 24, ou seja, todos. Só que isso não é motivo algum para comemorar, pelo contrário, só demonstra que nem com 24 carros até a bandeirada a corrida trouxe alguma emoção. Como dissemos ontem Titio Ecclestone deveria lançar um DVD com essa corrida para servir de remédio contra a insônia, certamente ele ficaria muito mais rico...

A corrida

Durante os treinos pairou a dúvida, mas a corrida trouxe a certeza que a tentativa da FIA de prejudicar a Red Bull com a mudança da regra no mapeamento dos motores se revelou um fracasso em Valência. Curiosamente a equipe mais prejudicada foi a McLaren, justamente aquela que se empenhou mais a favor da mudança da regra no meio do campeonato. Ninguém entendeu o porque, mas a equipe de Woking, perdeu tanta performance nessa corrida que seu piloto melhor colocado, Lewis Hamilton, chegou 46 segundos atrás de Vettel. Uma eternidade se lembrarmos que tanto em Mônaco como em Montreal a McLaren acompanhou o ritmo da Red Bull, sendo que no Canadá até venceu a prova.



O desastre da McLaren começou logo na largada (ver vídeo acima) quando Hamilton caiu de 3º para o 5º lugar, perdendo as posições para as Ferrari de Alonso e Massa. Este deu uma arrancada espetacular, se enfiando no meio do espanhol e do inglês, pulando de 5º para o 3º lugar. O brasileiro poderia ter até passado Webber, mas hesitou um instante, do que se aproveitou o australiano para fechar a porta e manter a posição. Massa então foi  obrigado a freiar e Alonso acabou o ultrapassando por fora. Isso tudo durou 14 segundos, exatamente o tempo de emoção da prova...


Na largada, Massa arrancou melhor que Alonso e Hamilton e
poderia até ter passado Webber, mas hesitou, perdendo
não só a oportunidade de ser o 2º, como o
3º lugar para Alonso

Na primeira volta, as posições eram : Vettel, Webber, Alonso, Massa e Hamilton. A partir daí só tivemos mudanças nas primeiras posições através das trocas de pneus, sendo que a única exceção foi uma ultrapassagem de Alonso sobre Webber na 21ª volta. Todos os ponteiros pararam três vezes, e os pneus macios só não foram utilizados na última troca, quando todos optaram por pneus médios. Webber retomou a 2ª posição de Alonso na 2ª parada de pneus e depois aconteceria o contrário, com o espanhol superando Webber na 3ª parada, porque o australiano colocou os pneus macios cedo demais, como o próprio admitiu depois. Massa acabou superado por Hamilton, porque o inglês foi o primeiro a mudar os pneus na 1ª troca,  e o brasileiro o último, sem contar que Massa perdeu 5 segundos em uma das paradas devido a um problema com um pneu traseiro. E a corrida se resumiu a isso...


Só nas primeiras voltas os carros andaram juntos. Rosberg
e Button terminaram em 7º e 6º lugares, mais
de 1 minuto atrás do vencedor, Vettel.

Sem muito o que comentar da corrida, Vettel preferiu falar da equipe dizendo que a Red Bull está colhendo os frutos que plantou nos últimos três anos e que cada departamento da equipe está hoje muito mais profissional. O alemão negou que vai começar a correr para marcar pontos na segunda metade do Mundial, dizendo que só vai fazer isso se sentir que não pode vencer um GP. Como se vê a possibilidade de se repetir o que Alonso fez em 2005 e 2006, e Button fez em 2009, não vai acontecer desta vez para o desespero dos rivais.

Vettel negou qualquer possibilidade de começar a correr
para somar pontos e garantir o título : "Corro sempre 
para vencer, só vou pensar em um 2º lugar se
perceber que não tenho chance de vitória"


Correndo em casa, Alonso ficou satisfeito com a 2ª colocação, dizendo que era o máximo que poderia alcançar. Ao passar Webber, o espanhol foi o único dos ponteiros a fazer uma ultrapassagem na pista. O australiano recuperaria a posição na 2ª troca dos pneus, mas cometeria o erro de parar muito cedo para colocar os pneus médios, perdendo definitivamente a 2ª colocação na 42ª volta, quando faltavam 15 para o final. Alonso, na coletiva, lembrou a recuperação da Ferrari no Mundial, já que na Austrália eles estavam 1 segundo e meio atrás de Vettel e agora reduziram isso a metade : seis ou sete décimos. Sim, pode ser, mas não deixa de ser ainda uma diferença gigantesca.

Webber, em 3º, dizia que foi a sua melhor corrida do ano, o que ninguém entendeu direito. Melhor corrida do ano é chega atrás de um Ferrari com um carro sabidamente bem inferior ? Não, não dá para entender mesmo, nem com boa vontade...


Alonso comprimenta Vettel no final da corrida. O espanhol deu
o máximo e chegou em 2º entre as duas Red Bull.
Mas nem a grande atuação de Alonso foi
suficiente para ameaçar o alemão

Atrás do australiano chegou Hamilton que parecia entre todos, o piloto mais triste no final. O inglês acreditava depois nos treinos que tinha até chance de vitória, mas o que se viu foi uma McLaren se arrastando na corrida e que chegou quase 50 segundos atrás de Vettel. Hamilton reclamou da performance no carro no geral, principalmente da pressão aerodinâmica e do downforce traseiro. O inglês minimizou a má largada dizendo que mesmo que mantivesse a 3ª posição ia ser muito difícil segurar as Ferrari. "Definitivamente demos um passe para trás nesse GP".


Hamilton esperava até lutar pela vitória depois de ficar em
3º no treino. Mas a McLaren acabou sendo a grande
decepção da corrida e o inglês  terminou
46 segundos atrás de Vettel

Button, que chegou em 6º, corroborou com o que Hamilton disse, acrescentando que seria interessante para a McLaren arriscar tudo nos próximos GPs com algumas novas soluções nos carros, já que a equipe está muito a frente da Mercedes e muito distante da Red Bull e agora também da Ferrari. Para piorar a situação de Button, o inglês teve problemas com o Kers durante a corrida, que parou de funcionar e que o deixou no final a um minuto do vencedor, Vettel.


Alguersuari, da Toro Rosso, surpreendeu a todos
fazendo apenas duas paradas nos boxes e
terminando em uma excelente 8ª posição

Fechando a zona dos pontos chegaram Rosberg, Alguersuari, Sutil e Heidfeld. Excetuando Vettel, o espanhol era o piloto mais feliz em Valência ao levar uma Toro Rosso a uma 8ª posição depois de largar em 18º. Alguersuari foi o único piloto dos que pontuaram que fez apenas duas paradas e isso terminou sendo vital para a sua posição. Sutil que também fez boa prova chegando em 9ª, disse que ficou surpreso porque mesmo com um pneu mais novo que Alguersuari, e podendo utilizar a ása móvel, não conseguiu uma forma de ultrapassar o espanhol, terminando a corrida colado nele.

Sutil terminou em 8º com a Force India, se dizendo surpreso
por não ter conseguido passar Alguersuari, apesar
das ásas móveis e dos pneus melhores. Será
que ele esqueceu que estava em Valência ?

Sutil não deveria ter ficado tão surpreso, afinal Valência é assim mesmo e pela primeira vez no ano, os artífícios inventados pela FIA (ásas móveis e Kers) não funcionaram. Nem mesmo os compostos diferentes dos pneus Pirelli, que é a única medida realmente mais plausível do "pacote" da FIA, foi capaz de tornar uma corrida em Valência interessante. Mas convenhamos, isso não ia ser mesmo muito fácil. O cenário pode ser belíssimo, só que eles esqueceram de fazer a pista...