domingo, 15 de maio de 2011

15/05/1986 - 25 anos da morte de Elio de Angelis

Elio de Angelis : um piloto muito técnico e
que nunca se arriscava demais, fato que
não o impediu de morrer nas pistas.

A morte de Elio de Angelis ocorrida em 15 de maio de 1986 após um acidente em um teste privado em Paul Ricard, na Riviera Francesa, surpreendeu o mundo da F1. Talvez de todos os pilotos que faziam parte daquela temporada, ele fosse o último que alguém imaginaria que pudesse morrer em um carro de corrida. Elio era um piloto muito técnico, que não gostava de se arriscar e que tinha sofrido pouquíssimos acidentes em 7 temporadas de F-1. Na época haviam outros pilotos como Nigel Mansell, Keke Rosberg, ou mesmo Ayrton Senna, que pareciam estar sempre a beira de um desastre, tal o estilo "selvagem" de pilotagem que demonstravam nas pistas pelo mundo. O pensamento geral era que eles seriam "os próximos Ronnie Peterson e Gilles Villeneuve", pilotos igualmente destemidos e que morreram em acidentes na Fórmula 1. De Angelis, pelo contrário, era um "chegador" no estilo de Emerson Fittipaldi e Alain Prost, ou seja, um piloto que gostava de poupar o carro e que quase sempre pontuava, subindo de posição mais por quebra dos adversários do que por ultrapassagens ousadas.


Zeltweg 1982 : De Angelis vence em uma das chegadas mais
espetaculares da história da F-1 com 50 centésimos
de segundo a frente de Keke Rosberg

Mas no início não era bem assim. Elio estreou na F1 em 1979 quando tinha apenas 20 anos na fraca equipe Shadow e logo impressionou demonstrando muita rapidez e uma certa irresponsabilidade. Colin Chapman o contratou para a Lotus em 1980 e já na segunda corrida no Brasil, em Interlagos, chegou em 2º lugar. Durante essa temporada sofreu 6 acidentes em 14 corridas e pontuou mais três vezes acabando o campeonato em um excelente 7º lugar, enquanto seu companheiro de equipe, Mario Andretti, campeão mundial de F1 pela Lotus em 1978, foi apenas o 20º.

De Angelis com Senna : o italiano foi o
companheiro de equipe mais difícil
que o brasileiro teve depois
de Alain Prost
No entanto o "fogo" do piloto romano acabou por aí. A partir de 1981, algo se perdeu em Elio que mudou completamente o estilo de guiar. O piloto da Lotus virou um colecionador de 4º e 5º lugares, posição aliás em que foi recordista durante muitos anos. Vitórias mesmo foram apenas duas : no G.P. da Áustria de 1982, quando venceu Keke Rosberg por apenas 50 centésimos, em uma das menores diferenças da história da F-1 e no G.P. de San Marino de 1985, quando após chegar em  segundo, herdou a vitória de Alain Prost depois que este foi desclassificado.

1985 aliás, foi um ano decisivo para Elio. A entrada de Ayrton Senna na equipe Lotus fez o italiano perceber que teria que mudar de ares em 1986. Curiosamente, De Angelis foi o adversário mais difícil que o brasileiro teve numa equipe com a exceção evidente dos anos com Prost na McLaren. No final de 1985, Senna terminou o Mundial em 4º lugar com 38 pontos, e Elio logo atrás, em 5º, com 33 pontos, mas isso se devia basicamente a maior regularidade do italiano, já que Senna era muito mais veloz.  Durante os 4 anos em que  foi companheiro de Nigel Mansell na Lotus ( 1981 - 1984 ), apenas em 1983 De Angelis ficou atrás do inglês no final do Mundial, mas mesmo assim a Williams contratou Mansell em 1985 e não o italiano. Os olhos dos chefes de equipes, naturalmente, se voltavam para os mais velozes e tanto Nigel como Ayrton seriam campeões no futuro. Já Elio não teria a mesma sorte...


O Brabham BT55 era a esperança de De Angelis
para ser o campeão do Mundo em 1986.
Mas em vez disso veio a tragédia...

Com a mudança de Nelson Piquet da Brabham para a Williams, De Angelis viu as portas se abrirem para assinar com a equipe de Bernie Ecclestone para 1986. Esta lançava um carro revolucionário, o Brabham BMW BT55, projetado por Gordan Murray e que tinha um perfil muito baixo comparado com os outros F1. O carro no entanto não  vai bem nas quatro primeiras provas do mundial, até que a equipe foi a Paul Ricard para um teste privado visando melhorias no carro. No dia 14 de maio, na reta após os boxes, o aerofólio traseiro se desprende do Brabham que levanta vôo. O carro capota várias vezes até parar de cabeça pra baixo com  Elio preso dentro do cockpit. O Brabham começa a pegar fogo e o socorro demora 10 minutos para tirá-lo do carro. Para piorar, o santo antônio não suportou o choque e cedeu. Com várias fraturas na cabeça e com os pulmões deteriorados pela fumaça, Elio não resistiu e faleceu no dia seguinte. Um piloto que não gostava de se arriscar acabou morrendo, não por um erro seu, e sim por um defeito mecânico. Como na maioria dos acidentes fatais na F1, isso poderia ter acontecido com qualquer um...

Um comentário:

Paulo disse...

O Elio De Angelis pelo fato de dominar totalmente o Mansell em 3 anos de Lotus, mostra que ele era um grande piloto...não devemos esquecer que o único ano que o Mansell fez mais pontos que o De Angelis foi em 1983 quando Mansell correu até o GP do Canadá com o robusto motor Ford aspirado,Mas como De Angelis era o piloto n°1 ele testava as novidades que quebravam muito..De Angelis usou um motor Renault que era mais potente, mas quebrador, já Mansell usou no segundo semestre um Renaul menos potente, mas resistente, no final Mansell fez 10 pontos contra 2 de De Angelis. Já Senna entrou como n°2 usava um Renault EF4 que pesava 179 kgs de bloco de ferro, já De Angelis usava um EF15 de 155 kgs de bloco de alumínio, era um motor com curso mais longo e segundo a Renault desenvolvia 50 cavalos a mais que o EF4...como houve uma redução de gasolina de 1983 (250 litros) para em 1984 (195 litros) o EF4 se tornou problemático...o Senna faltava gasolina em quase todas as provas, no Segundo semestre Senna recebeu o EF15 e aí ele melhorou bastante.