quinta-feira, 30 de junho de 2011

Com 8 GPs, Vettel tem o melhor desempenho da história

Nem Fangio, nem Clark e nem Schumacher. Com
seis vitórias e dois segundos lugares, Sebastian
Vettel obteve em 2011, o melhor resultado da
história da F1 nos 8 primeiros GPs disputados


Ao vencer o G.P. da Europa, Sebastian Vettel estabeleceu a maior pontuação obtida na história da F1 após 8 GPs disputados. A categoria já teve 6 critérios diferentes na soma dos pontos e em todos o  alemão lideraria. Vamos fazer uma comparação da pontuação atual (25-18-15-12-10-8-6-4-2-1), com a mais tradicional de todas (9-6-4-3-2-1) , que pode ser chamada de "clássica", já que prevaleceu na F1 durante trinta anos, entre 1961 e 1990. Esse antigo critério é ainda considerado o melhor e mais justo de todos, pois valorizava a vitória sem "banalizar" a pontuação como se vê agora onde se premia, exageradamente, os 10 primeiros colocados.

Abaixo segue a lista das 10 maiores pontuações nos 8 primeiros GPs nos dois rankings. Note-se que os números não variam muito. A mudança mais drástica é que os resultados obtidos por Michael Schumacher no Mundial de 2004 pularia do 5º lugar do ranking novo para o 3 º lugar do antigo.

Com a pontuação atual : 25-18-15-12-10-8-6-4-2-1 

  1º) 2011 - Sebastian Vettel ( 186 pts ) 6 vitórias e 2 segundos
  2º) 2002 - Michael Schumacher ( 183 pts ) 6 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
  3º) 2006 - Fernando Alonso ( 179 pts ) 5 vitórias e 3 segundos
  4º) 1954 - Juan Manuel Fangio ( 177 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 quarto
  5º) 2004 - Michael Schumacher ( 175 pts ) 7 vitórias
  6º) 1969 - Jackie Stewart ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1992 - Nigel Mansell ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1994 - Michael Schumacher ( 168 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
  9º) 2009 - Jenson Button ( 160,5 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 sexto
10º) 1963 - Jim Clark ( 158 pts ) 5 vitórias,  1 segundo e 1 terceiro

Com a pontuação "clássica" : 9 - 6 - 4 - 3 - 2 - 1
 
  1º) 2011 - Sebastian Vettel ( 66 pts ) 6 vitórias e 2 segundos
  2º) 2002 - Michael Schumacher ( 64 pts ) 6 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
  3º) 2004 - Michael Schumacher ( 63 pts ) 7 vitórias
        2006 - Fernando Alonso ( 63 pts ) 5 vitórias e 3 segundos
  5º) 1954 - Juan Manuel Fangio ( 61 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 quarto
  6º) 1969 - Jackie Stewart ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1992 - Nigel Mansell ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo
        1994 - Michael Schumacher ( 60 pts ) 6 vitórias e 1 segundo  
  9º) 1963 - Jim Clark ( 55 pts ) 5 vitórias, 1 segundo e 1 terceiro
10º) 2009 - Jenson Button ( 54,5 pts ) 6 vitórias, 1 terceiro e 1 sexto

Esses números retratam bem determinadas épocas. As décadas de 70 e 80 que são consideradas as de maior competitividade na F1, não tiveram nenhum piloto nesse ranking. Já em 12 temporadas desse novo milênio,  por 5 vezes um piloto teve um amplo domínio. A de salientar também que em 2009, Jenson Button venceu o G.P. da Malásia, mas recebeu apenas a metade dos pontos porque a corrida foi interrompida antes dos 75% do percurso total.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vettel vence a sexta do ano, em corrida monótona em Valência

Em 8 GPs em 2011, Sebastian Vettel conseguiu seis vitórias
e 2 segundos lugares, resultado jamais alcançado
nas oito primeiras corridas desde
que a F1 foi criada em 1950


Infelizmente tudo aquilo que projetamos no sábado para o G.P. da Europa acabou se confirmando no domingo. Tivemos nas ruas de Valência a corrida mais monótona dessa temporada de 2011 que só valeu pela largada em que Felipe Massa fez uma tentativa de pular da 5ª para a 2ª posição . Fora isso o que se viu foi uma procissão  de carros em fila indiana num circuito que mostrou mais uma vez que a ultrapassagem é praticamente impossível.


A pista de Valência está em um dos cenários mais interessantes
para se ter uma corrida de F1, pena que em relação
 ao traçado não se pode dizer o mesmo...


Enganam-se aqueles que comparam a pista espanhola com Monte Carlo. Valência é um circuito de rua rápido, mesclado com uma sequência de curvas intermináveis, quase todas de alta velocidade e com um detalhe adicional : com áreas de escape, onde o piloto erra e isso não faz a menor diferença. Em Mônaco não. Existem retas seguidas por uma curva fechada, o que torna possível uma tentativa de ultrapassagem como vimos esse ano. E no principado, qualquer erro leva o piloto ao guard-rail. A maior prova da completa falta de dificuldade da pista de Valência é que não tivemos nenhum acidente. Aliás, como dissemos no sábado, das três corridas já ocorridas nesse circuito ocorreram apenas quatro acidentes, um número rídiculo para um circuito de rua, mas que é totalmente compatível com uma pista que não oferece o menor desafio para os pilotos.


Após bater em Petrov, Schumacher foi para os boxes para
trocar o bico da Mercedes, mas o alemão continuou
na corrida. Em 4 GPs em Valência, tivemos apenas
4 abandonos por acidentes, um número
ridículo para um circuito de rua

Nem para os pilotos e nem para os carros diga-se de passagem, já que esse G.P. da Europa bateu o recorde de número de carros que largaram e que chegaram no final : 24, ou seja, todos. Só que isso não é motivo algum para comemorar, pelo contrário, só demonstra que nem com 24 carros até a bandeirada a corrida trouxe alguma emoção. Como dissemos ontem Titio Ecclestone deveria lançar um DVD com essa corrida para servir de remédio contra a insônia, certamente ele ficaria muito mais rico...

A corrida

Durante os treinos pairou a dúvida, mas a corrida trouxe a certeza que a tentativa da FIA de prejudicar a Red Bull com a mudança da regra no mapeamento dos motores se revelou um fracasso em Valência. Curiosamente a equipe mais prejudicada foi a McLaren, justamente aquela que se empenhou mais a favor da mudança da regra no meio do campeonato. Ninguém entendeu o porque, mas a equipe de Woking, perdeu tanta performance nessa corrida que seu piloto melhor colocado, Lewis Hamilton, chegou 46 segundos atrás de Vettel. Uma eternidade se lembrarmos que tanto em Mônaco como em Montreal a McLaren acompanhou o ritmo da Red Bull, sendo que no Canadá até venceu a prova.



O desastre da McLaren começou logo na largada (ver vídeo acima) quando Hamilton caiu de 3º para o 5º lugar, perdendo as posições para as Ferrari de Alonso e Massa. Este deu uma arrancada espetacular, se enfiando no meio do espanhol e do inglês, pulando de 5º para o 3º lugar. O brasileiro poderia ter até passado Webber, mas hesitou um instante, do que se aproveitou o australiano para fechar a porta e manter a posição. Massa então foi  obrigado a freiar e Alonso acabou o ultrapassando por fora. Isso tudo durou 14 segundos, exatamente o tempo de emoção da prova...


Na largada, Massa arrancou melhor que Alonso e Hamilton e
poderia até ter passado Webber, mas hesitou, perdendo
não só a oportunidade de ser o 2º, como o
3º lugar para Alonso

Na primeira volta, as posições eram : Vettel, Webber, Alonso, Massa e Hamilton. A partir daí só tivemos mudanças nas primeiras posições através das trocas de pneus, sendo que a única exceção foi uma ultrapassagem de Alonso sobre Webber na 21ª volta. Todos os ponteiros pararam três vezes, e os pneus macios só não foram utilizados na última troca, quando todos optaram por pneus médios. Webber retomou a 2ª posição de Alonso na 2ª parada de pneus e depois aconteceria o contrário, com o espanhol superando Webber na 3ª parada, porque o australiano colocou os pneus macios cedo demais, como o próprio admitiu depois. Massa acabou superado por Hamilton, porque o inglês foi o primeiro a mudar os pneus na 1ª troca,  e o brasileiro o último, sem contar que Massa perdeu 5 segundos em uma das paradas devido a um problema com um pneu traseiro. E a corrida se resumiu a isso...


Só nas primeiras voltas os carros andaram juntos. Rosberg
e Button terminaram em 7º e 6º lugares, mais
de 1 minuto atrás do vencedor, Vettel.

Sem muito o que comentar da corrida, Vettel preferiu falar da equipe dizendo que a Red Bull está colhendo os frutos que plantou nos últimos três anos e que cada departamento da equipe está hoje muito mais profissional. O alemão negou que vai começar a correr para marcar pontos na segunda metade do Mundial, dizendo que só vai fazer isso se sentir que não pode vencer um GP. Como se vê a possibilidade de se repetir o que Alonso fez em 2005 e 2006, e Button fez em 2009, não vai acontecer desta vez para o desespero dos rivais.

Vettel negou qualquer possibilidade de começar a correr
para somar pontos e garantir o título : "Corro sempre 
para vencer, só vou pensar em um 2º lugar se
perceber que não tenho chance de vitória"


Correndo em casa, Alonso ficou satisfeito com a 2ª colocação, dizendo que era o máximo que poderia alcançar. Ao passar Webber, o espanhol foi o único dos ponteiros a fazer uma ultrapassagem na pista. O australiano recuperaria a posição na 2ª troca dos pneus, mas cometeria o erro de parar muito cedo para colocar os pneus médios, perdendo definitivamente a 2ª colocação na 42ª volta, quando faltavam 15 para o final. Alonso, na coletiva, lembrou a recuperação da Ferrari no Mundial, já que na Austrália eles estavam 1 segundo e meio atrás de Vettel e agora reduziram isso a metade : seis ou sete décimos. Sim, pode ser, mas não deixa de ser ainda uma diferença gigantesca.

Webber, em 3º, dizia que foi a sua melhor corrida do ano, o que ninguém entendeu direito. Melhor corrida do ano é chega atrás de um Ferrari com um carro sabidamente bem inferior ? Não, não dá para entender mesmo, nem com boa vontade...


Alonso comprimenta Vettel no final da corrida. O espanhol deu
o máximo e chegou em 2º entre as duas Red Bull.
Mas nem a grande atuação de Alonso foi
suficiente para ameaçar o alemão

Atrás do australiano chegou Hamilton que parecia entre todos, o piloto mais triste no final. O inglês acreditava depois nos treinos que tinha até chance de vitória, mas o que se viu foi uma McLaren se arrastando na corrida e que chegou quase 50 segundos atrás de Vettel. Hamilton reclamou da performance no carro no geral, principalmente da pressão aerodinâmica e do downforce traseiro. O inglês minimizou a má largada dizendo que mesmo que mantivesse a 3ª posição ia ser muito difícil segurar as Ferrari. "Definitivamente demos um passe para trás nesse GP".


Hamilton esperava até lutar pela vitória depois de ficar em
3º no treino. Mas a McLaren acabou sendo a grande
decepção da corrida e o inglês  terminou
46 segundos atrás de Vettel

Button, que chegou em 6º, corroborou com o que Hamilton disse, acrescentando que seria interessante para a McLaren arriscar tudo nos próximos GPs com algumas novas soluções nos carros, já que a equipe está muito a frente da Mercedes e muito distante da Red Bull e agora também da Ferrari. Para piorar a situação de Button, o inglês teve problemas com o Kers durante a corrida, que parou de funcionar e que o deixou no final a um minuto do vencedor, Vettel.


Alguersuari, da Toro Rosso, surpreendeu a todos
fazendo apenas duas paradas nos boxes e
terminando em uma excelente 8ª posição

Fechando a zona dos pontos chegaram Rosberg, Alguersuari, Sutil e Heidfeld. Excetuando Vettel, o espanhol era o piloto mais feliz em Valência ao levar uma Toro Rosso a uma 8ª posição depois de largar em 18º. Alguersuari foi o único piloto dos que pontuaram que fez apenas duas paradas e isso terminou sendo vital para a sua posição. Sutil que também fez boa prova chegando em 9ª, disse que ficou surpreso porque mesmo com um pneu mais novo que Alguersuari, e podendo utilizar a ása móvel, não conseguiu uma forma de ultrapassar o espanhol, terminando a corrida colado nele.

Sutil terminou em 8º com a Force India, se dizendo surpreso
por não ter conseguido passar Alguersuari, apesar
das ásas móveis e dos pneus melhores. Será
que ele esqueceu que estava em Valência ?

Sutil não deveria ter ficado tão surpreso, afinal Valência é assim mesmo e pela primeira vez no ano, os artífícios inventados pela FIA (ásas móveis e Kers) não funcionaram. Nem mesmo os compostos diferentes dos pneus Pirelli, que é a única medida realmente mais plausível do "pacote" da FIA, foi capaz de tornar uma corrida em Valência interessante. Mas convenhamos, isso não ia ser mesmo muito fácil. O cenário pode ser belíssimo, só que eles esqueceram de fazer a pista...

domingo, 26 de junho de 2011

Veja a largada do G.P. da Europa



Com certeza o único momento interessante da prova. Massa larga muito bem, se enfia no meio de Alonso e Hamilton pulando para o 3º lugar. Mas o brasileiro resolveu dar um salto maior ainda e passar para o 2º posto, mas se deu mal. Webber não quis saber, fechou a porta e Massa acabou perdendo a posição para Alonso. Fora isso a corrida foi do mesmo nível das três já disputadas em Valência : um tédio completo. Titio Bernie deveria lançar um DVD dessa corrida para servir de receita contra a insônia... 

sábado, 25 de junho de 2011

Vettel crava sétima pole do ano no G.P. da Europa

Vettel garantiu em Valência a sua 22ª pole position em
70 GPs, o que significa 31% de aproveitamento, a
quinta melhor da história, atrás apenas de
Fangio, Clark, Ascari e Senna.

Se a FIA pretendia freiar a Red Bull com a mudança da regra no mapeamento dos motores, o tiro saiu pela culatra na pista de rua de Valência. Os carros da equipe austríaca garantiram a primeira fila do grid de largada para o G.P. da Europa. Pela sétima vez no ano Sebastian Vettel vai largar na pole position, e a Red Bull mantêm-se invicta em 2011 com 8 poles em 8 corridas, no melhor início de temporada de uma equipe  desde 1998, quando a McLaren obteve 9 pole position nos 9 primeiros GPs.

Os pilotos da Red Bull comemoram a primeira fila achando graça dos comentários, principalmente da mídia inglesa, de que mudando a regra no mapeamento dos motores eles seriam prejudicados. Não foi o que se viu nos treinos com Vettel conseguindo a pole com 4 décimos de segundo de vantagem sobre o primeiro carro não Red Bull, que foi a McLaren de Lewis Hamilton que larga em terceiro. O inglês depois da corrida desastrada em Montreal conseguiu um belo resultado no Q3, já que seu companheiro de equipe e vencedor do G.P. do Canadá, Jenson Button, não passou do 6º lugar. Button não entendeu porque o carro piorou tanto do Q2 para o Q3, mas de qualquer maneira é comum ele ser superado por Hamilton nos treinos. Em 8 GPs esse ano, isso aconteceu 6 vezes.


Após o final do treino, Vettel brinca olhando para dentro
do cockpit da Ferrari de Alonso  para o deleite
dos fotógrafos. O alemão disse que o Red
Bull continua excelente apesar da
mudança na regra dos motores

O dono da casa, Fernando Alonso, larga em 4º satisfeito com o desempenho da Ferrari, embora parecesse que ele esperava largar pelo menos em 3º. Para o espanhol o carro italiano está tão competitivo em Valência como esteve em Mônaco e Montreal e uma possível vitória amanhã não pode ser descartada. Já Felipe Massa com a outra Ferrari larga em 5º, apenas 8 centésimos atrás de Alonso. Felipe minimizou a mudança da regra nos motores dizendo que nessa pista não dava para chegar a conclusão nenhuma.

Fecharam ainda no Q3 os pilotos da Mercedes, Nico Rosberg e Michael Schumacher, em 7º e 8º lugares, deixando claro que a equipe alemã é a quarta força da F1 atual, mas está ainda muito distante das três ponteiras. Em 9ª larga Nick Heidfeld e em 10º, a maior surpresa do treino, Adrian Sutil com a Force India que se adaptou bem a pista espanhola. A de se destacar que dos 10 primeiros colocados temos 5 pilotos alemães, mostrando que o país explorou bem a geração pós Schumacher, fato que não aconteceu no Brasil com o tênis após a era Guga e nem na F1 após Ayrton Senna.


A Red Bull ter garantido a 1ª fila não surpreendeu ninguém,
mas Hamilton largar na 3ª posição sim. A McLaren
até então não vinha bem nos treinos em Valência

Quem decepcionou nos treinos foram as Sauber Ferrari que não passaram das 14ª e 16ª posições com Kobayashi e Perez. Ambos os pilotos reclamaram que os pneus não se adaptaram a pista de rua de Valência.

A corrida de amanhã tem tudo para ser a mais monótona do ano por uma razão muito simples. Valência é um circuito de rua relativamente rápido, mas com um número exagerado de curvas o que torna a ultrapassagem muito difícil. Mesmo com os dispositivos artificiais do Kers e das ásas móveis, isso não vai ser muito fácil. Essa corrida existe desde 2008 e em três GPs não tivemos nenhuma prova espetacular. Ao contrário de Mônaco e Montreal, onde um pequeno erro leva o carro para o guard-rail, em Valência existem áreas de escape e é comum o piloto sair da pista e não acontecer nada. Nessas três corridas que aconteceram lá tivemos apenas quatro acidentes, um número baixíssimo para um circuito de rua, mas bastante compatível para uma pista insossa e sem maiores desafios.


Adrian Sutil foi a surpresa do treino entrando no Q3.
O alemão vai largar em 10º lugar, a sua melhor
posição no grid neste Mundial de 2011

De qualquer maneira Vettel é o favorito e a maior ameaça parece vir mesmo de Mark Webber que deveria arriscar tudo nessa corrida, já que não tem nada a perder. Hamilton e Alonso devem fazer uma boa corrida e lutar por uma vaga no pódium, mas ninguém deve esperar uma corrida muito animada amanhã. Valência está muito mais para Detroit, Dallas e Phoenix do que para Mônaco, Montreal, Long Beach e Montjuich. Talvez a pista espanhola só seja melhor mesmo que Abu Dhabi, mas isso também não é vantagem nenhuma...

A pole de Vettel em Valência "on board"

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O centenário de Juan Manuel Fangio ( 1911 - 2011 )

Fangio na Mercedes em 1955. O argentino foi campeão
mundial cinco vezes com quatro carros diferentes,
um recorde que dificilmente será batido.


Quando  Juan Manuel Fangio morreu em 17 de julho de 1995, aos 84 anos de idade, o argentino era ainda o recordista de títulos na F1. Seus cinco campeonatos obtidos na década de 50 pareciam intransponíveis já que o homem que poderia batê-lo, Ayrton Senna, estava morto, e Michael Schumacher até então só tinha obtido o título de 1994 e estava ainda caminhando para o seu segundo campeonato no final daquele ano. O alemão só bateria o recorde de Fangio oito anos mais tarde, em 2003, quando conquistaria seu sexto título, e que aumentaria para sete no ano seguinte. O argentino embora tenha morrido como recordista, teve o desgosto de assistir pela TV, apenas um ano antes de sua morte, o acidente fatal de Senna no G.P. de San Marino de 1994. Para Fangio, o brasileiro era o seu legítimo herdeiro e ele tinha certeza que Senna iria pelo menos igualar o seu recorde. O destino,contudo, tinha outros planos.


G.P. da Bélgica de 1950 : Fangio contorna a mitológica
curva La Source, em Spa, a bordo de uma Alfa Romeo.
O piloto ficaria na equipe italiana até a Alfa
se retirar das pistas no final de 1951

Com a morte de Senna seu recorde estava seguro, pelo menos por enquanto. Mas que importância teria isso para um homem da integridade de Fangio ? Coincidência ou não, o argentino só viveria mais 14 meses depois que Senna partiu.  Para um piloto que assistira tantos amigos perderem a vida nas pistas, a morte de Senna foi a gota d'água. O destino foi cruel justamente para o brasileiro, que nunca escondeu para ninguém que achava Fangio o maior de todos.

Se vivo estivesse, Fangio estaria comemorando hoje 100 anos. Mas se o seu recorde de 5 títulos foi suplantado por Schumacher, um outro dificilmente será batido : Fangio foi campeão na F1 com quatro marcas diferentes. Para se ter uma idéia do que isso significa, ninguém conseguiu sequer ser campeão com três...


Fangio em Mônaco 1955 : no final daquele ano, o argentino
ganharia o seu 3º título, mas com a tragédia de Le Mans,
a Mercedes abandonaria as pistas. Sem equipe
Fangio teve que assinar com a Ferrari para 1956

Fangio foi campeão na Alfa Romeo em 1951, na Maserati e Mercedes em 1954, novamente na equipe alemã em 1955, na Ferrari em 1956 e ganhou o seu último título em 1957 mais uma vez com a Maserati. Com títulos em duas equipes diferentes temos 8 pilotos : Jack Brabham (Cooper e Brabham), Graham Hill (BRM e Lotus), Jackie Stewart (Matra e Tyrrell), Emerson Fittipaldi (Lotus e McLaren), Niki Lauda (Ferrari e McLaren), Nelson Piquet (Brabham e Williams), Alain Prost (McLaren e Williams) e Michael Schumacher (Benetton e Ferrari).

O recorde de Fangio é praticamente inalcancável por várias razões. Em primeiro lugar para pelo menos igualá-lo um piloto teria que ter pelo menos quatro títulos, e até hoje, além de Fangio, somente Prost e Schumacher passaram de três títulos. Além disso teria que obtê-lo em quatro equipes diferentes. Com os contratos muito longos da atualidade isso cairia na fronteira do impossível... 

Um livro sobre a carreira de Fangio. Curiosamente
na capa colocaram uma foto de sua temporada
na Ferrari em 1956. A equipe de Maranello foi a
única  em que o argentino não se adaptou e as
brigas, inclusive com Enzo Ferrari, foram muitas

Na época, as circunstâncias obrigaram Fangio a mudar de equipe várias vezes. No final de 1951, a Alfa Romeo se retirou das pistas e o argentino iria para a Maserati, quando sofreu um grave acidente em Monza ficando um ano parado. Voltou as pistas em 1953 pela mesma Maserati, onde ficaria até os meados do Mundial de 1954 quando foi para a Mercedes. Na equipe alemã seria campeão em 1954 e 1955, mas um acidente nas 24 Horas de Le Mans com um carro da Mercedes matou 84 pessoas e a equipe alemã decidiu se retirar das pistas no final de 1955. Repetira a história da Alfa Romeo em 1951. Fangio fica sem equipe e vai para a Ferrari, onde fica apenas um ano. Na equipe de Maranello, apesar de terminar o ano campeão, não se entende com Enzo Ferrari e com seus engenheiros e volta para a Maserati em 1957, onde conquista seu 5º título até abandonar as pistas em 1958. Em apenas 8 temporadas de F1, Fangio correu em quatro equipes diferentes, com uma média de permanência de 2 anos em cada uma e um detalhe impressionante : em todas ele terminou campeão. Uma trajetória totalmente inverossímel para os dias de hoje.


Mike Hawthorn, Fangio, Alfonso de Portago,
Eugênio Castellotti e Peter Collins. Com
exceção de Fangio,  todos morreriam
em acidentes : os três últimos em
pistas de corrida e Hawthorn
num acidente de estrada
Durante esse mesmo período vários pilotos morreram nas pistas, e Fangio nunca foi indiferente a essas mortes, sendo essa uma de suas maiores divergências com Enzo Ferrari que exigia um comportamento de "gladiador romano" de seus pilotos, que tinham que estar "prontos para morrer na pista se fosse preciso", fato que Fangio nunca aceitou. Quando seu amigo Luigi Musso morreu no G.P. da França de 1958, Fangio deu um basta : "não vou mais correr, não aguento mais ouvir que meus amigos morreram". Ele já tinha perdido antes pelo menos uma dezena de amigos como Onofre Marimon, Alberto AscariEugênio Castelotti. Um mês após se retirar, mais um entraria na lista : Peter Collins, que morreu durante o G.P. da Alemanha de 1958.

Como se situaria hoje Juan Manuel Fangio entre os maiores pilotos de todos os tempos. Certamente qualquer pesquisa o coloca entre os três, ou na pior das hipóteses, entre os cinco maiores. O que eu acho ? Bem, para mim os pilotos dos anos 50 e 60 vão ser sempre os maiores, por uma simples razão : eles tinham que lutar não só pela vitória como pela vida. Uma frase de Fangio a respeito disso é emblemática. Perguntado anos depois de se aposentar, se não era incrível o seu recorde de cinco títulos, Fangio respondeu "pode ser, mas muito mais incrível ainda foi eu ter sobrevivido aqueles anos todos..."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

The 30's ( I ) Luigi Fagioli - Auto Union ( Avus 1937 )


Hoje faz 59 anos que o piloto italiano Luigi Fagioli morreu após 20 dias de agonia no hospital devido a um acidente nos treinos para o G.P. de Mônaco de 1952 (naquele ano uma competição de Sportcars). Fagioli perdeu o controle  de seu Lancia Aurelia, batendo na saída do túnel em um acidente até hoje inexplicável. O italiano embora tenha vencido uma corrida de F1, o G.P. da França de 1951, correndo na Alfa Romeo em dupla com Juan Manuel Fangio, fez mais sucesso antes da II Guerra Mundial quando obteve várias vitórias, entre as quais os G.P. da Itália de 1933 e 1934 e o G.P. de Mônaco de 1935. Com o fim da II Guerra e o retorno das corrida de "Grand Prix", Fagioli voltou as pistas aos 52 anos de idade em 1950, vindo a falecer com 54. Na foto vemos o ás italiano em 1937 com um streamliner Auto Union C-Type, na mais impressionante de todas as pistas : Avus.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Posters ( XIII ) G.P. da Alemanha de 1954


Poster do G.P. da Alemanha de 1954. em Nürburgring, de que falamos ontem. Todo ano uma corrida do velho continente recebia também o nome de G.P. da Europa, uma tradição que só acabou nos anos 70. A partir de 1983 começaría a ter um G.P. da Europa no calendário da F1, mas como uma prova independente, como é o caso desse ano em Valência, que sedia esse GP desde 2008. A prova de 1954 foi marcada pelo 1º acidente fatal na F1, que ocorreu nos treinos oficiais com o argentino Onofre Marimon da Maserati. Mesmo arrasado com a morte de seu compatriota, Juan Manuel Fangio venceria a corrida com uma Mercedes, sendo seguido pela dupla  Froilan Gonzalez-Mike Hawthorn e por Maurice Trintignant, todos de Ferrari.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

G.P. do Canadá de 2011 : a corrida mais longa da história ?

Juan Manuel Fangio, da Mercedes, lidera o pelotão no
G.P. da Alemanha de 1954. O argentino venceria 
depois de 3 horas e 45 minutos de disputa de
verdade na pista, sem qualquer paralização, 
na corrida de F1 mais longa até hoje
 
Assim que acabou o G.P. do Canadá, a FIA divulgou uma informação de que a corrida disputada em Montreal foi a mais longa da história da F1 com 4 horas e 4 minutos de duração. Imediatamente a notícia se espalhou pelo mundo e diversos meios de comunicação a divulgaram sem a menor contestação. Só gostaria de entender o seguinte : como pode essa corrida ter sido a mais longa se em duas dessas quatro horas não houve corrida nenhuma...

Quando a prova foi interrompida na 24ª volta tínhamos pouco mais de 40 minutos de prova. Durante duas horas todos aguardavam a chuva diminuir e quando isso aconteceu tivemos mais uma hora e vinte minutos de corrida, o que totalizou duas horas, tempo máximo de uma prova de F1 como diz o próprio regulamento da FIA e que, coincidentemente, terminou nas 70 voltas programadas. Ou seja, de corrida na pista tivemos 2 horas, mas a FIA considerou também as duas horas de espera quando os pilotos estavam fora de seus carros, passeando pelo boxes. Dá pra entender ?

Lorenzo Bandini se prepara para a
largada do G.P. de Mônaco de
1967 : sua morte estabeleceria
o tempo limite de 2 horas
 para uma corrida de F1
O mais curioso é que "a corrida mais longa da história" foi na verdade uma das  mais curtas, já que em 33 das 70 voltas, quase a metade, os carros ficaram atrás do pace-car. Então corrida mesmo, "na vera", com os carros disputando posições, tivemos, no máximo, 50 minutos...

Só que antigamente era bem diferente, não havia pace-car e até os anos 60 as provas eram muito mais longas. Não se questionava o tempo ideal de uma corrida de F1 até que o italiano Lorenzo Bandini morreu no G.P. de Mônaco de 1967. O acidente foi atribuido ao cansaço do piloto, que cometeu um erro na entrada do porto provavelmente por esgotamento físico, depois de mais de 2 horas de corrida. Imediatamente foi estipulado que em Mônaco as corridas não passariam mais de duas horas, e aos poucos as outras pistas foram estabelecendo o mesmo limite até que em 1973 virou regra  : nenhuma prova de F1 poderia mais passar de 2 horas.

Os recordes de duração das corridas estão todos na década de 50 quando tivemos 24 GPs com mais de 3 horas de prova, sem qualquer interrupção. O recorde é do G.P. da Alemanha de 1954, em Nürburgring, que durou inacreditáveis 3 horas e 45 minutos e que foi vencida pelo argentino Juan Manuel Fangio, da Mercedes. No entanto se considerarmos Indianápolis, o recorde passa a ser da etapa de 1951 que teve a duração de 3 horas e 57 minutos. A questão de Indianápolis é que muitos entendem que a prova americana nada tinha a ver com a F1. Os pilotos e carros eram outros, e a corrida só estava no calendário entre 1950 e 1960 para tornar a categoria mais internacional, já que até então as provas eram todas na europa com exceção do G.P. da Argentina.  
 

Sebastian Vettel passeia pelos boxes durante a
paralização de 2 horas do G.P. do Canadá.
Para a FIA isso é uma corrida de F1...

De qualquer forma considerar o G.P. do Canadá de 2011 a corrida mais longa da história, sendo que em boa parte dela nem corrida teve, é uma vergonha, principalmente se lembrarmos que nos GPs dos anos 50 os pilotos, além de correrem mais de 3 horas de verdade, o faziam em pistas impraticáveis, em carros sem nenhuma proteção, sem cintos de segurança, onde os pilotos torciam para não quebrar o pescoço quando eram atirados para fora do  carro. A FIA pode dizer o contrário, mas os verdadeiros recordistas são eles. 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

24 Horas de Le Mans 1955 ( History Channel )



Simplesmente assombroso esse documentário do History Channel sobre as 24 Horas de Le Mans de 1955, quando um acidente com Pierre Levegh matou o piloto e mais 83 espectadores, na maior tragédia da história do automobilismo. Já postamos aqui o relato desse acidente :
Achei essa preciosidade no excelente Blog do Pedro Costa, "Mania dos Carrinhos" : http://www.mania-dos-carrinhos.com/

terça-feira, 14 de junho de 2011

Grandes Duelos ( VII ) Raikkonen X Fisichella - Suzuka 2005



Ao vencer o G.P. do Canadá, Button quebrou um tabu que já durava mais de 5 anos : um piloto vencer uma corrida com uma ultrapassagem na última volta. Isso não acontecia desde o G.P. do Japão de 2005, em Suzuka, quando Kimi Raikkonen, também da McLaren,  passou Giancarlo Fisichella, da Renault. Pena que só consegui achar no youtube o momento da ultrapassagem, porque a perseguição de Raikkonen ao italiano foi sensacional. O finlandês estava liderando, mas havia parado nos boxes para colocar novos pneus à 7 voltas do final,  e partiu enlouquecido à caça de Fisichella até alcançá-lo no fim. Foi a última vitória de Raikkonen na McLaren.

Red Bull interessada em Hamilton, alguém acredita ?

Lewis Hamilton pode estar interessado em ir para a
Red Bull, mas será que a Red Bull está
interessada em Hamilton ?

Após o G.P. do Canadá surgiu uma informação vinda da revista inglesa Autosport que a Red Bull está interessado em ter Lewis Hamilton em 2012. Não sei quem foi a fonte que deu a notícia, mas o que me espanta é alguém acreditar nela. Depois de uma corrida terrível do inglês em Montreal, onde ele cometeu três erros em apenas quatro voltas e foi criticado por todos, até dentro de sua própria equipe, nada melhor do que alguém "inventar" uma notícia para mudar o foco da questão. Hamilton começou a ser bombardeado de tudo que é lado pela atuação pífia no domingo, principalmente pelo tricampeão Niki Lauda que defende uma punição exemplar para o inglês, "antes que ele mate alguém". Pois bem, quando todos criticavam Hamilton, surgia essa notícia que Christian Horner, o chefe de equipe da Red Bull, foi visto conversando com o inglês, então chegou-se a conclusão "brilhante" que os austríacos estão interessados em Hamilton...

Aqui entre nós, essa informação foi bastante conveniente. Planta-se a notícia na imprensa que a Red Bull quer Hamilton para mostrar "como ele é bom" e mudar o assunto do domingo que foi a atuação dele na corrida. Assim a fonte da notícia, busca "reverter" a situação e mudar o foco dizendo : " tá vendo ? vocês falam mal dele mas a própria Red Bull quer tê-lo..."


Garoto propaganda da Red Bull, campeão do mundo de F1,
simpático e super querido dentro da equipe, Sebastian
Vettel reina absoluto como o piloto ideal para
Christian Horner. Uma realidade que
não mudará tão cedo

Em primeiro lugar, jamais a Red Bull iria colocar Hamilton para correr ao lado de Sebastian Vettel. Não faz o menor sentido. Horner entende que o alemão é o melhor piloto do mundo junto com Fernando Alonso. Imagina como se sentiria Hamilton com seu enorme "ego" quando começasse a tomar tempo de Vettel ? Além disso o alemão é super querido dentro da Red Bull, jamais cria problemas e nunca fala mal da própria equipe, como Hamilton faz na McLaren há anos . Sem contar que Vettel é o esportista ideal para ser o garoto propaganda da marca Red Bull durante muito tempo.  Como falamos em um post passado : http://grandprixweb.blogspot.com/2011/05/alonso-na-ferrari-ate-2016-e-os.html em um futuro distante não existe a menor possibilidade de mudanças na Ferrari e na Red Bull, já que Alonso e Vettel são absolutos dentro de sua equipes.

Como não poderia deixar de ser, a Red Bull já avisou que não está interessada em Hamilton. Só gostaria de saber quem foi a "fonte" que espalhou esse boato...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Button vence espetacularmente corrida caótica no Canadá

Jenson Button obteve uma vitória antológica em Montreal.
Desde o G.P. do Japão de 2005, quando Kimi
Raikkonen ultrapassou Giancarlo Fisichella,
um piloto não vencia  assumindo
a liderança na última volta

Depois de uma corrida com vários acidentes, uma tromba d'água que interrompeu a prova por duas horas, uma série de penalizações envolvendo vários pilotos e pelo menos três colisões polêmicas com campeões mundiais, ninguém mais poderia imaginar que um último ato ainda iria acontecer no G.P. do Canadá quando Sebastian Vettel iniciou a volta final para confirmar a sua sexta vitória em sete provas em 2011. O alemão, que havia liderado a corrida inteira, com exceção de uma única volta ( a 20ª ) quando parou para trocar os pneus passando a liderança para Massa, era  pressionado por Jenson Button, mas mesmo assim dava a impressão que tinha tudo sobre controle, quando aconteceu o que parecia impossível. Vettel errou uma freada, a pouco mais de 3 kms da chegada, passando a liderança e a vitória para Button, que chegou a estar a 30 voltas do final, em 21º lugar, ou seja, em último ! Inverossímel diriam muitos, pois é, mas aconteceu. Como tudo isso foi possível ?



Na verdade, a McLaren começou a ganhar a corrida na véspera, quando fez um acerto em seus carros para uma corrida com chuva no domingo, acreditando no que dizia a previsão do tempo. Com isso seus dois pilotos não passaram do 5º e 7º tempos no Q3 de sábado, com um carro muito lento nas retas devido a esse acerto, o que os eliminaria da disputa se não chovesse. Só que choveu, e muito, e então a situação se inverteu. A McLaren passou a ter uma enorme vantagem sobre as demais, e tinha tudo para vencer com facilidade e com dobradinha, se não fosse as trapalhadas de Lewis Hamilton, este um caso a parte do qual falaremos mais tarde, e de uma corrida tumultuada de Button que sofreu uma penalidade, parou 5 vezes para trocar pneus, se envolveu em dois acidentes, mas superou tudo isso fazendo a corrida de sua vida em uma das atuações mais espetaculares dos últimos anos. 

A corrida


Logo na 1ª curva, Hamilton tenta uma ultrapassagem
impossível sobre Webber. O inglês bate no Red Bull
que roda.  O futuro vencedor Button passa pelos dois

Quando começou a chover no sábado à noite o Staff da McLaren teve a certeza que fez a escolha certa de acerto para a chuva, pois a água não parou mais de cair. Na hora da largada foi decidido que as primeiras voltas seriam feitas com pace-car, uma atitude absurda da FIA, porque a chuva não era tão forte e nada justificava uma decisão tão cautelosa. Depois de quatro voltas, o carro de segurança foi para os boxes e começou a série de trapalhadas de Lewis Hamilton que cometeria três erros em menos de quatro voltas.



Enquanto Vettel, Alonso e Massa passavam pela 1ª curva, o inglês tentou uma ultrapassagem impossível sobre Mark Webber e bateu na traseira do Red Bull, perdendo duas posições e fazendo o australiano cair para 14º. Duas voltas depois, tentou passar Schumacher na curva do grampo, quase bateu na traseira do alemão, foi pra grama e perdeu a posição para Button. Mais duas voltas, tentou passar o companheiro de equipe na reta dos boxes, mas foi pelo local de tangência da curva, perto do muro. Button não o viu, os dois bateram e Hamilton furou o pneu traseiro. Não satisfeito, tentou voltar para os boxes, mas levou uma bronca de Ron Dennis pelo rádio e abandonou o carro no meio da pista, provocando a 2ª bandeira amarela.


Hamilton com o McLaren destruído após o choque com Button.
Inglês ainda queria continuar na prova, levou uma bronca da
equipe, mas mesmo assim abandonou o carro no meio
da pista provocando uma bandeira amarela

Foi então que começou a série de 6 paradas nos boxes que Button faria. O inglês, com o pneu traseiro danificado pelo choque com Hamilton, entrou nos boxes e aproveitou para trocar os pneus de chuva por intermediários, já que a chuva estava diminuindo, caindo para o 14º lugar. No entanto, ao voltar para a pista, excedeu o limite de velocidade que os carros tem que manter atrás do pace-car e foi penalizado com um drive-throught. Depois da corrida ser reiniciada, Alonso resolveu também colocar pneus intermediários e se a chuva diminuisse o espanhol seria forte candidato a vitória, mas aconteceu o contrário e um verdadeiro dilúvio caiu sobre a ilha de Notre-Dame. Nova bandeira amarela. Imediatamente Button e Alonso foram obrigados a entrar nos boxes e colocar novamente pneus de chuva. Em apenas 18 voltas, Button entrou nos boxes 3 vezes...



A direção da prova deveria ter interrompido a corrida imediatamente já que caia um aguaceiro absurdo, mas demoraram ainda 5 voltas para mostrar a bandeira vermelha. Antes disso vários pilotos aproveitaram para colocar novos pneus de chuva e quando a corrida foi interrompida, na 24ª volta, os 10 primeiros eram : Vettel, Kobayashi, Massa, Heidfeld, Petrov, Di Resta, Webber, Alonso, De la Rosa e Button. Um posicionamento irreal, já que desses 10, cinco não tinham feito nenhuma parada : Kobayashi, Heidfeld, Petrov, Di Resta e De la Rosa. Já Vettel, Massa e Webber tinham parado uma vez. Alonso e Schumacher (que era o 12º) duas, e dos 23 pilotos que ainda estavam na pista, só Button tinha parado três vezes.

Com os carros parados no grid, todo mundo aproveitou para colocar novos pneus, assim com aconteceu em Mônaco e esperar a chuva abrandar um pouco para que fosse dada uma nova largada . Uma espera que duraria 2 horas...


Na 18ª volta caiu uma tromba d'água sobre a Ilha de Notre
Dame e a corrida teve que ser interrompida com
Vettel na liderança e um surpreendente
Kobayashi em segundo

Quando a chuva diminuiu foi dada a ordem de uma nova largada com os carros atrás do pace-car. Uma decisão novamente inexplicável e foi formada uma espécie de "carreata" que durou insuportáveis 10 voltas. Para se ter uma idéia, de um total de 70 voltas da corrida, 32 foram sob bandeira amarela, quase a metade, uma medida absurda e exagerada, mas que combina bem com a política do "risco-zero" da FIA. Fico imaginando o que Gilles Villeneuve acharia disso...



Finalmente na 35ª volta  foi autorizada uma nova largada e rapidamente os pilotos que não tinham feito nenhuma parada, e estavam com os pneus desgastados, passaram a ser "engolidos" pelos demais. No meio dessa confusão aconteceu o acidente mais polêmico da prova. Alonso e Button disputavam posição, quando o espanhol deu uma bobeada e ficou preso atrás de Rosberg numa saída de curva, do que se aproveitou Button para colocar por dentro. O espanhol provavelmente não viu e quando foi fazer a tomada, o McLaren já estava lá e os carros se chocaram. Alonso rodou e teve que abandonar, enquanto que Button, com um pneu furado, se arrastou até os boxes, trocando os pneus e a asa dianteira. Nova bandeira amarela, e foi nesse momento, faltando 30 voltas para o final da prova, que Button era o 21º colocado, o último.


Schumacher foi depois de Button o melhor piloto da prova.
O alemão com a pista molhada chegou até o 2º lugar,
mas conforme a pista foi secando não conseguiu
segurar o ímpeto dos carros mais velozes

Nessa altura da corrida, Michael Schumacher começou a aparecer na prova. O alemão era o 7º colocado e aproveitando as condições difíceis da pista passou por Webber e Heidfeld e subiu para 5º, ao mesmo tempo em que Button rapidamente ganhava posições, aproveitando o excelente acerto de seu McLaren, mas também pilotando de forma brilhante. Na 50ª volta, as posições eram : Vettel, Kobayashi, Massa, Schumacher, Heidfeld, Petrov, Rosberg e Button, já em 8º. O inglês em 10 voltas, avançara 13 posições.



Foi nesse momento que Schumacher mostrou porque é heptacampeão do mundo. Numa disputa entre Kobayashi e Massa, o alemão aproveitou o cochilo dos dois e assumiu o 2º lugar numa manobra espetacular . Mas para azar de Schumacher a pista começou a secar e os pilotos foram em busca dos pneus slicks. O primeiro a parar foi Webber e logo depois Button, que trocava os pneus pela 5ª vez. Começava então o momento derradeiro da prova.

Massa que vinha muito bem na corrida até então e que tinha acabado de colocar os slicks, tentou passar o retardatário Karthikeyan e botou os pneus no molhado, o carro escorregou e bateu no muro, obrigando-o  a uma nova parada para trocar o bico. O brasileiro, que era o 3º, caiu para a 12ª posição. Pouco depois a corrida teria a sua última bandeira amarela quando Heidfeld bateu na 57ª volta e por muito pouco um  bandeirinha "trapalhão" não foi atropelado por Kobayashi.



Com tudo isso acontecendo, e faltando dez voltas para o final, Button pulara de 8º para o 4 º lugar, atrás de Vettel, Schumacher e Webber. Com a saída do pace-car começava o "sprint" final de Button. Webber e Schumacher disputavam ferozmente o segundo lugar, enquanto que Vettel folgava na liderança, mas não o suficiente como se veria depois. Na chincana antes da reta dos boxes, Webber deu uma bobeada e passou reto, do que se aproveitou Button para pular para 3º. Usando a asa móvel o inglês passou por Schumacher na volta seguinte como um foguete e já era o 2º. Agora faltavam apenas seis voltas.


Faltando 3 Kms para a bandeirada, Vettel erra e Button o
passa, obtendo a sua 10ª vitória na F1, sem dúvida
a mais sensacional de todas

O inglês começou a andar com impressionante rapidez, diminuindo a diferença e fazendo a melhor volta da prova várias vezes seguidas, tirando cerca de 1 segundo e meio por volta. No entanto na penúltima volta, Vettel conseguiu fazer o mesmo tempo de Button e parecia ter a vitória assegurada quando cometeu um erro na volta final, permitindo que Button obtesse uma vitória que parecia completamente impossível. O inglês no final não teve dúvidas em afirmar que essa foi a maior atuação de sua vida, e não podia ser diferente. Desde Kimi Raikkonen no G.P. do Japão de 2005, um piloto não assumia a liderança na última volta. Na época, o finlandês, também de McLaren, ultrapassou Giancarlo Fisichella da Renault.


No pódium a alegria explícita de Button e o sorriso amarelo
de Vettel. O alemão disse que para o campeonato
o 2º lugar foi importante, mas que ninguém
gosta de perder na última volta...

Derrotado no momento final, Vettel não escondia a decepção, admitindo que cometeu um erro andando no limite para tentar evitar que Button encostasse demais e tentasse passá-lo na reta antes da chincana usando a asa móvel. O alemão, contudo, reconhecia que o seu erro maior não foi nem esse, mas sim ter relaxado demais depois da saída do último pace-car. "Devia ter forçado mais alí, para não passar aquele aperto no final" reconheceu. "Em relação ao campeonato foi um bom resultado, já que Hamilton e Alonso não pontuaram, mas é claro, ninguém gosta de perder a corrida na última volta".

Webber acabou em 3º, conseguindo passar Schumacher no final, mas o alemão foi, depois de Button, o melhor piloto da prova, merecendo pelo menos subir no pódium. Schumacher definiu muito bem seu sentimento após a corrida :  "Deixo essa corrida com um olho rindo e outro chorando, pois não tenho certeza se eu deveria estar animado ou triste. Queria pelo menos estar no pódium". Pois é, merecia mesmo.

Com a vitória Button passa a ser o vice-líder do
campeonato, atrás apenas de Vettel. Só que o
alemão tem 60 pontos de vantagem...

Petrov não apareceu muito na corrida, mas acabou numa boa 5ª posição e atrás dele numa disputa que só terminou na bandeirada chegaram Massa e Kobayashi com o brasileiro passando o japonês no momento final. Depois de parar nos boxes para trocar a asa, Massa se recuperou bem ultrapassando Alguersuari, Rosberg e Kobayashi e terminando em 6ª. No geral uma corrida boa, pena que a ultrapassagem que levou de Schumacher e o erro que cometeu quando bateu no muro acabaram chamando mais atenção e impediu uma posição melhor. Kobayashi, o 7º, foi uma das maiores atrações da prova correndo durante mais de 30 voltas em 2º lugar. No final acabou sucumbindo diante do melhor "material" de seus adversários, mas foi o único que competiu próximo a eles. Ainda na zona dos pontos chegaram Alguersuari, Barrichello e Buemi que se aproveitaram mais da desgraça alheia do que de qualquer outra coisa.

Para Alonso deu tudo errado desde que ele percebeu
que estava chovendo de manhã. O espanhol reclamou
também da largada com o pace-car que dificultou
uma possível ultrapassagem sobre Vettel


Um dos "desgraçados" foi Fernando Alonso que acabou confirmando o que havia dito no sábado, que a chuva poderia fazer os treinos não ter importância nenhuma. A Ferrari nunca esteve tão forte em 2011 como nos treinos em Montreal, mas se isso seria confirmado na corrida só uma pista seca poderia dizer, como choveu, continua a dúvida. Depois da prova Alonso disse : "Tinha tudo para ser o nosso dia, mas deu tudo errado começando com a chuva...". Reclamou também da entrada do pace-car no início e não quis polemizar sobre o acidente com Button : "estávamos lado a lado e eu levei a pior".

Quando acabou a corrida as duas questões que ficaram pendentes, os acidentes de Button com Hamilton e Alonso, terminaram sendo considerados pelos comissários como "acidentes de corrida". Nem poderia ser diferente, Button de todos foi o menos culpado.


Hamilton recentemente se colocou como "o único homem
capaz de derrotar Sebastian Vettel", ignorando Button
(foto). Será que depois do G.P. do Canadá
ele mudou de opinião ?

No final uma vitória merecidíssima de Button, que já poderia ter acontecido em Mônaco se não fosse um erro da McLaren que o obrigou  a fazer duas paradas a mais do que o vencedor, Vettel.  O inglês venceu no Canadá mesmo fazendo 5 trocas de pneus e recebendo 1 penalização, enquanto que Vettel parou apenas 3 vezes. Com essa triunfo Button assume a vice liderança do campeonato, suplantando Lewis Hamilton que frequentemente se coloca como a única estrela dentro da McLaren. Há poucos dias ele disse que  era o único homem capaz de derrotar Sebastian Vettel em 2011, desprezando principalmente Button que, afinal, tem o mesmo carro que ele. Será que depois do G.P. do Canadá, Hamilton mudou de idéia ?