segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Uma liderança sob risco ( parte I )











Emerson foi o pioneiro dos campeões do Brasil, que tem hoje a supremacia ameaçada

Coluna Volta Final
( Otto Jenkel )


A Inglaterra tem todos os motivos para lamentar o resultado do GP do Brasil no domingo passado. Além de perder um título praticamente ganho de Lewis Hamilton, o antigo império desperdiçou uma grande oportunidade de se igualar ao Brasil em número de campeonatos ganhos na Fórmula 1.

O domínio brasileiro vem desde 1988, quando Ayrton Senna conquistou seu primeiro campeonato mundial. Até então, havia um quádruplo empate com cinco títulos entre a Argentina, a Escócia, a Inglaterra e o próprio Brasil. Senna venceria ainda em 1990 e 1991, deixando o Brasil isolado na dianteira com oito títulos. Com as conquistas de Nigel Mansell em 1992 e Damon Hill em 1996, os ingleses chegaram a sete mundiais e encostaram no Brasil, que vem de um jejum que já dura 16 anos.

Os ingleses contestam esses números, contudo. Eles consideram os títulos dos países que formam a Grã Bretanha. Nesse caso, além dos sete da Inglaterra, se somaria os cinco da Escócia, totalizando 12 triunfos. É um velho estratagema utilizado pelos britânicos em várias competições ao unir ou separar seus países conforme lhes convier.

Nos Jogos Olímpicos, por exemplo, o que interessa é o número de medalhas, então eles competem com uma só bandeira, a da Grã Bretanha. Já na Copa do Mundo, existe a divisão e surgem, além da Inglaterra e da Escócia, a Irlanda do Norte e o País de Gales. Isso aumenta a chance de pelo menos um desses países passar pelas eliminatórias, sempre complicada no Velho Continente.

Voltando à Fórmula 1, os italianos foram os primeiros dominadores, ganhando três campeonatos nos primeiros quatro anos de existência do Mundial, um com Giuseppe Farina, em 1950, e dois com Alberto Ascari, em 1952 e 1953. Mas o domínio terminaria aí. A Itália jamais ganharia outro título.

Antes do fim da década, a Argentina passaria a frente com os cinco títulos de Fangio (1951/54/55/56/57), marca que só seria igualada pela Escócia em 1973, graças a dois gênios que o país produziu: Jim Clark, que foi campeão em 1963 e 1965, e Jackie Stewart, em 1969, 1971 e 1973. Três anos depois, a Inglaterra também chegaria a cinco títulos com a conquista de James Hunt em 1976.

Em 1972, começaria a Era Brasileira na Fórmula 1. De 1972 à 1991, o Brasil ganharia oito mundiais de Fórmula 1 em um intervalo de apenas 20 anos. Além dos títulos já citados de Senna, antes vieram os dois de Emerson Fittipaldi (1972/74) e três de Piquet (1981/83/87). Como foi dito, o Brasil folgou na liderança até a Inglaterra se aproximar em 1996 e quase igualar em 2007. A Alemanha chegaria também a sete títulos, mas não houve propriamente uma Era Alemã na F-1. Houve uma Era Schumacher. O mesmo pode ser dito da Argentina com Fangio e da França com Prost.

O título de 2007, tirado das mãos de Lewis Hamilton por Kimi Raikkonen, colocou a Finlândia em um outro seleto grupo: o de países que conseguiram títulos da F1 com mais de dois pilotos diferentes. Antes dela, apenas a Inglaterra, com seis campeões, e o Brasil, com três, conseguiram atingir essa marca. Os ingleses produziram apenas um bicampeão, Graham Hill, que venceu em 1962 e 1968. Todos os outros cinco ganharam um título: Mike Hawthorn, John Surtees, James Hunt, Nigel Mansell e Damon Hill. Curiosamente, o maior piloto que a Inglaterra viu nascer, Stirling Moss, não ganhou um único título. Foi quatro vezes vice-campeão mundial.

A entrada da Finlândia neste fechado grupo não pode ser considerada uma surpresa. A tradição do país nórdico no automobilismo vem de longa data, como se percebe, por exemplo, no Mundial de Rally. Lá, eles são absolutos. Em 28 campeonatos, os finlandeses foram campeões 13 vezes. Para se ter uma idéia do que significa esse número, o país que vem mais próximo é a França com quatro triunfos. Seus campeões são nomes lendários no Rally: Ari Vatanen, Hannu Mikkola, Timo Salonen, Juha Kankkunen, Timo Makinen e Marcus Gronholm. Finlândia virou sinônimo de Rally com toda justiça.

Na Fórmula 1, a tradição finlandesa demorou para acontecer. Ou melhor, nunca aconteceu em números absolutos. Apenas sete pilotos chegaram no degrau máximo do automobilismo. Só que, desses sete, três seriam campeões. Quase a metade. Curiosamente, o pioneiro (o Emerson Fittipaldi deles) era sueco. Keke Rosberg nasceu no país vizinho e naturalizou-se finlandês ainda adolescente. Até então, era a Suécia que possuía grandes pilotos, como Joachim Bonnier, Reine Wisell, Gunnar Nilsson e, principalmente, Ronnie Peterson. A morte deste no GP da Itália de 1978 enterrou também a tradição sueca. Curiosamente, foi nesse ano que Keke estreou na F1.

Sua primeira vitória só aconteceu em 1982, justamente no ano em que ele seria campeão. E com essa única vitória. Um caso raro, que só tinha ocorrido antes em 1958, com o inglês Mike Hawthorn, e que nunca mais se repetiria. Keke se aposentaria em 1986 e, cinco anos depois, estrearia uma nova promessa finlandesa, Mika Hakkinen. Um grave acidente na Austrália em 1995 quase interrompeu sua carreira, mas ele se reabilitaria e conquistaria um bicampeonato em 1998/99. Mika pendurou o capacete em 2001, ano em que Kimi Raikkonen teria seu ano de batismo na F1.

A Finlândia chegou agora, em 2007, a quatro títulos, se igualando a Austrália, Áustria e França. Na frente apenas Brasil (8), Inglaterra (7), Alemanha (7), Argentina (5) e Escócia (5). O país nórdico pode ainda aumentar esse número em 2008, já que Raikkonen é forte candidato ao bicampeonato, assim como a Inglaterra com Hamilton. E o Brasil? Conseguirá defender essa liderança de títulos com Massa no ano que vem? Pois este será o tema da próxima coluna.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O erro de Hamilton



Reparem que o polegar esquerdo de Hamilton toca no botão que deixou o McLaren em ponto morto. O inglês, desesperado, começa a apertar vários botões, sem entender o que tinha acontecido.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Imagens de Kimi Raikkonen, o novo campeão


G.P. da Austrália 2001 : Na sua 1ª corrida na F1, já obteve um excelente 6º lugar. Na foto ao lado de Jacques Villeneuve e Eddie Irvine


Spa 2001 : Com um Sauber Petronas, o finlandês impressionou em sua 1ª temporada terminando em 9º lugar com 9 pontos


Malásia 2003 : 1ª vitória na F1 com uma McLaren Mercedes, no ano que acabaria como vice campeão mundial


Sua "marca registrada" no capacete : iceman


O doce sabor da Champagne : vitória em Mônaco em 2005


O finlandês seria vice campeão de novo em 2005 com 7 vitórias


Sua melhor atuação foi no Japão em 2005, quando ganhou a corrida ultrapassando a Renault de Fisichella na última volta


Em 2006 um mau ano com a McLaren sem uma única vitória. Depois de 5 anos, o casamento com a equipe de Ron Dennis seria desfeito


Com Alonso e Schumacher : os três campeões mundiais de F1 desse Milênio


Interlagos 2007 : Kimi não parece acreditar que é o novo campeão mundial !!!


Interlagos 2007 : Kimi Raikkonen & Ferrari , a mais bela reação na história da F1


Interlagos 2007 : "The winner takes it all"

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O Homem de Gelo renasce das cinzas


 














Ao conquistar o título Mundial de F1 de 2007, Kimi
Raikkonen estabeleceu a maior reviravolta da história da categoria.


Coluna Volta Final
( Otto Jenkel )


Talvez nem Alfred Hitchcock, o maior cineasta de suspense da história, pudesse bolar um roteiro tão espetacular como o que assistimos nesse final da temporada de F1. A vantagem de pontos que o inglês Lewis Hamilton tinha no campeonato era tão grande que somente uma sucessão de fatos poderia evitar que ele se tornasse o primeiro campeão da F1 no seu ano de estréia. Da mesma forma, tudo parecia perdido para Kimi Raikkonen que, faltando duas provas para o final do Mundial, teria que descontar 17 pontos, em 20 possíveis, que o inglês tinha de vantagem sobre ele.

Impossível mudar esse roteiro diriam muitos. Só acontece no cinema, diriam outros. O que as pessoas não levaram em consideração é o que torna qualquer esporte em geral tão fascinante : a incerteza. Mesmo sabendo que o seu clube de futebol é muito inferior a um outro, você vai a um estádio, porque acredita, mesmo secretamente, que o imponderável pode acontecer. Quem poderia imaginar que o Uruguai pudesse ganhar do Brasil em pleno Maracanã, na final da Copa de 1950. ? Ou que George Foreman pudesse perder para um ( aparentemente ) decadente Mohammed Ali na disputa do título mundial de pesos pesados do Boxe, em 1974 no Zaire ?

Na F1 o exemplo mais recente aconteceu em 1986, quando Nigel Mansell era o favorito absoluto na disputa do título contra Alain Prost e Nélson Piquet. As Williams do inglês e do brasileiro se digladiaram o campeonato inteiro, do que se aproveitou o francês para chegar na Austrália, última prova do ano, com chances de ser campeão. A situação era semelhante a atual. Somente uma vitória de Prost e uma corrida desastrada de Mansell poderia tirar o título do inglês ( ver coluna anterior ). No final das contas tudo conspirou contra Mansell que perdeu o título para Prost.

Na época, o francês corria na McLaren, equipe que já era chefiada por Ron Dennis. Este saboreou um título considerado impossível e a partir daí a McLaren se tornou o maior sinônimo de equipe bem organizada na F1. A Williams em 1986 brincou com os caprichos do destino. Deu chance ao azar. E foi exatamente isso que aconteceu nesse final de temporada de 2007. Dennis desta vez provou o mesmo veneno que a Williams havia tomado em 1986 e a McLaren sofreu a maior derrota de sua história. O roteiro, contudo, se apresenta como uma crônica de uma tragédia anunciada.

Ao declarar que a McLaren estava contra Fernando Alonso, e automaticamente, a favor de Lewis Hamilton, Dennis assinou a própria sentença de morte. Não levou em conta justamente essa incerteza que torna o esporte tão espetacular. Essa mesma coluna nas últimas duas semanas alertou que Dennis havia-se esquecido que havia um postulante ao título que vestia um outro uniforme e que ao contrário de todas as certezas, a vida às vezes prega peças. Pois é. Pregou.

Havia uma possibilidade de Hamilton perder o título, cair na armadilha de Fernando Alonso. E não é que ele caiu ? O espanhol só tinha uma arma. Tentar desestabilizá-lo, para que o inglês cometesse um erro. Hamilton parecia nervoso desde a volta de apresentação, quando não acertava a posição correta do câmbio. A rotação do motor estava bem mais alta que o normal e a equipe o avisava para ter calma que tudo estava certo.

Na largada, ele logo perdeu a segunda posição para Raikkonen, errou a freada da chincana e quase bateu na traseira do finlandês, do que se aproveitou Alonso para ultrapassá-lo por dentro. Se tivesse ficado onde estava, seria o campeão. Mas ninguém sabe porque tentou passar o espanhol no final da reta oposta. Errou a freada, saiu da pista e caiu para o oitavo lugar. Para piorar, seis voltas mais tarde, errou uma troca de marcha e deixou o carro em ponto morto caindo para o 18º lugar. A equipe, já desesperada, inventou mais uma troca de pneus, das duas previstas, o que tiraram do inglês qualquer possibilidade de recuperação. O que seria muito difícil de qualquer maneira, devido ao desequilíbrio emocional de Hamilton, pagando um preço muito duro por uma imaturidade já revelada antes na China, quando atolou na brita dos boxes.

Foi o preço do noviciado, talvez. Pode ser. O garoto tem lá seus 22 anos e querer crucificá-lo seria covardia. É verdade. Mas Hamilton também está longe de ser um coitadinho como os ingleses tentam moldar. Aliás, ninguém que tem a oportunidade de começar a carreira na F1 dentro de uma McLaren pode ser avaliado como tal. É uma oportunidade ímpar que raramente é concedida mesmo para quem foi brilhante em categorias de base. A comparação que tentaram fazer dele : ser o primeiro campeão em um ano de estréia, fato que nem Senna ou Schumacher entre outros, conseguiram, é absurda, já que eles não tiveram equipamento para tal.

Lewis sempre foi favorecido em todas as medidas tomadas pela FIA este ano. Se a entidade o tivesse punido, como faz com os outros pilotos, ele perderia alguns pontos, e entraria como azarão nessa disputa do título. Ele acabou vítima da "Hamiltonmania" que invadiu a Inglaterra e acabou não suportando a enorme pressão de ser quase campeão. Agora é botar a cabeça no lugar e tentar se recuperar já no ano que vem. Talento ele tem, mas não será fácil, para quem esteve tão perto da vitória, a derrota pode ser avassaladora.

Já para o bicampeão Fernando Alonso o resultado da prova de Interlagos teve duplo sabor. O primeiro o da satisfação de ser, indiretamente, ou diretamente mesmo, o responsável pela perda do título de seu rival Hamilton, ao desestabilizá-lo. É fácil condenar Alonso, mas a pressão dentro da equipe de Wöking dá ao espanhol todos os motivos para se sentir injustiçado. A declaração de Dennis que a equipe estava contra ele só corroborou isso. É. "Fernandinho" deve ser o homem mais odiado na Inglaterra hoje. Mais do que Raikkonen, foi ele quem tirou o título das mãos do garoto.

Por outro lado, Alonso mostrou um outro semblante no pódium como se pensasse " o título não foi para Lewis, ótimo, mas se não fosse aquela punição na Hungria, seria meu". Certamente, o espanhol ainda está mordido e deixou ainda no ar uma dúvida : qual equipe ele defenderá em 2008 ?

O título que a McLaren não soube ganhar foi, e é bom que isso seja dito, merecidamente ganho pela Ferrari. E por Kimi Raikkonen. O julgamento do caso da espionagem em Paris, que inocentou os pilotos da McLaren, por si só, já seria razão suficiente para que a McLaren não merecesse o título. Ele mancharia para sempre a ética na F1. Quis o destino que uma outra razão, preterir um piloto de sua própria equipe a favor de outro, quando ainda havia um terceiro na disputa, destruisse completamente os planos da equipe de Dennis.

Foi justamente aí que a Ferrari ganhou o título. Ela deixou seus pilotos mostrarem quem era o melhor. O finlandês era o novato na equipe, mas quando se acostumou com o novo ambiente, deslanchou. Nas últimas 10 provas, ganhou 5, fez dois segundos e dois terceiros. Venceu três das últimas quatro provas, e conseguiu descontar a maior diferença de pontos para um líder na história da F1, com poucas provas para o final. Não foi pouco.

Raikkonen não faz parte dessas "prima donnas" que são a maioria dos pilotos da atualidade. Não reclama e nem fica se lamentando com a imprensa. É rápido como poucos e quase não comete erros. Quando os comete não busca desculpas como a maioria. Não é simpático, é verdade, mas isso aqui não é concurso de simpatia. Mas é um homem íntegro, que jamais foi acusado de qualquer manobra desleal nas pistas.

Quando ficou claro que só Raikkonen poderia ser o campeão, a Ferrari fechou com ele e definiu a posição de Massa : um escudeiro. Com as turbulências dentro da McLaren, começava a se desenhar a reviravolta que aconteceria. A atitude da equipe de Maranello no Brasil foi perfeita. Tomar a ponta e dependendo do que acontecer com Hamilton, dar a vitória para Kimi. Com o inglês fora de combate era só estabelecer essa troca de posição dá forma que foi feita, adiantar a troca de Massa e pedir para o brasileiro dar uma maneirada para que Kimi tomasse a ponta.

Nada de errado nisso. Ninguém é louco de perder um título dessa forma. A McLaren o fez contudo, em 2007 . A tentativa do pedido, pela equipe inglesa, da desclassificação das BMW e da Williams por irregulariedades no combustível, mostra o último ato de desespero de uma equipe que teve o ano mais negro de sua história. Um final melancólico.

O título está então, em muitas boas mãos. Chamado de homem de gelo, Raikkonen teve a frieza de descontar uma diferença de pontos absurda, que vai entrar pra história, renascendo das cinzas. Não é qualquer um que faz isso. Kimi não é qualquer um. Seu antigo patrão parece não ter levado isso em consideração. E o preço que foi pago foi muito caro.

sábado, 20 de outubro de 2007

Interlagos : Batalha Final tem Massa, o intruso, na pole


Massa fez sua segunda pole consecutiva no Brasil, mas para o Mundo o que interessa é quem será o campeão do mundo amanhã.

Todas as atenções podem estar voltadas para os três pilotos que decidirão amanhã quem será o campeão do mundo de F1 de 2007, mas Felipe Massa nem quis saber, e garantiu sua segunda pole position consecutiva no Brasil. Os candidatos ao título largam a seguir, com o favorito do campeonato Lewis Hamilton, em segundo, Kimi Raikkonen, a zebra, em terceiro e Fernando Alonso, a fúria, em quarto.

* Para vencer em Interlagos, Felipe Massa vai ter que torcer, secretamente, para que Lewis Hamilton chegue entre os cinco primeiros. Nesse caso a Ferrari não precisaria fazer qualquer jogo de equipe para que Kimi Raikkonen seja o campeão.

* Qual será a atitude de Felipe na largada ? Das duas uma. Ou ele tenta tomar a ponta, buscando abrir vantagem na liderança ou ele vai tentar atrapalhar Hamilton, tentando favorecer Kimi, para que este assuma a liderança. A primeira hipótese parece ser mais crível. Ele tem a corrida inteira para ajudar o finlandês, e o fará somente se for necessário.

* Mas não se enganem, se precisar, ele ajudará Kimi sem dúvida nenhuma. Esse papo que na liderança de uma corrida no Brasil ele não aceitaria ceder o 1º lugar é papo de jornalista torcedor. Caso Hamilton não esteja entre os cinco primeiros, com Massa e Raikkonen, nessa ordem, em 1º e 2º, vai haver uma ordem da equipe Ferrari para trocar de posições. Mas é proibido, dirão alguns. Certo. Mas depois do julgamento de Paris, terá a FIA moral para decidir o que é ou não é ético ?

* Hamilton está numa posição boa no grid e só tem que tomar cuidado em não se meter em confusão. Com certeza tanto Raikkonen quanto Alonso vão tentar intimidar o inglês nas primeiras voltas, e vai ser interessante ver como ele se comportará. Para Hamilton seria mais simples deixar os dois passarem, não perder o espanhol de vista, porque assim ele seria o campeão. Mas sabe-se lá o que passa na cabeça de um garoto que não tem nem 23 anos. De qualquer forma, só perde o título se algo de inusitado acontecer.

* Raikkonen não tem escolha. O negócio é partir pra cima de Hamilton e se possível tomar a liderança de Massa. O brasileiro serviria de escudeiro e ele tentaria abrir o máximo possível. Depois é contar com a sorte e esperar que algum problema aconteça com o inglês.

* Falando em Raikkonen, o finlandês foi claramente prejudicado por Hamilton quando este saía dos boxes e não abriu caminho para a Ferrari que vinha numa volta rápida. Nenhuma penalidade para Hamilton, é lógico. Se não o puniram até agora não seria na última prova do ano, né ?

* Para Fernando Alonso tudo parece também complicado. Ele já larga com um motor com uns 10 cavalos a menos do que de Lewis Hamilton, porque o inglês não completou a prova chinesa e como cada motor dura duas provas, ele pode ter a potência máxima no Brasil. Como Interlagos exige muito dos motores, devido as suas subidas, o espanhol parece praticamente fora da disputa. Mas como estamos falando do atual bicampeão do mundo, e um piloto fora de série, descartar o espanhol parece ser prematuro.

* A chance de Alonso é tentar desestabilizar Lewis Hamilton. Para isso ele deve tentar pressionar o inglês logo no início da prova, para que ele cometa um erro. Em último caso ele pode tentar forçar uma ultrapassagem, o que obrigaria Hamilton a abrir caminho para o espanhol, já que um acidente entre os dois daria o título de mão beijada para Raikkonen. Mesmo que Alonso se livre do inglês é necessário que ele tente chegar na frente das Ferrari. Não vai ser fácil. Mesmo se tratando de Fernando Alonso.

* Como todas as atenções estão para os quatro primeiros, os outros pilotos acabam virando meros coadjuvantes. Restam poucos "pitacos". Vamos a eles

* Mark Webber fez uma volta fantástica, sendo o primeiro depois do G4, conseguindo superar as BMW em um circuito francamente favorável ao motor alemão. Pena que o australiano não costuma repetir nas corridas, seu desempenho nos treinos.

* Rubinho até que conseguiu um bom resultado com a "tartaruga ecológica" da Honda ao largar em 11º. Mas a Globo fazer uma matéria especial com ele no Esporte Espetacular de amanhã só pode ser piada. O cara não fez um único ponto a temporada inteira. E ainda tem gente disposta a defendê-lo. Né Galvão ?

* A chuva seria a maior inimiga de Hamilton na conquista do título, já que o imponderável costuma acontecer nessas condições. Como ela não vem, tudo parece caminhar para que o inglês seja o novo campeão. É verdade que a bandeirada só é dada na última volta. Só que o inusitado é cada vez mais raro na F1 atual, basta dizer que as McLaren não tiveram uma única quebra o ano todo. É raro, mas ainda existe. E, é nessa incerteza, que ficam as esperanças de Fernando Alonso e Kimi Raikkonen

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Lembranças do Brasil


Interlagos 1980 : largada do último GP disputado no antigo circuito de quase 8 kms.


Rio 1986 : A última dobradinha de pilotos brasileiros no Brasil : Nélson Piquet em 1º , Ayrton Senna em 2º


Interlagos 1980 : Uma parte que não existe mais : curva 3 , entrada da Ferradura e subida do Lago


Interlagos 1980 : antiga curva do Laranja que hoje foi emendada com a Ferradura.


Interlagos 1977 : Patrick Depailler e Ronnie Peterson com o Tyrrell de 6 rodas


Interlagos 1979 : Ligier domina a prova toda com os franceses Jacques Laffite e Patrick Depailler


Rio 1978 : Carlos Reutemann ganha a primeira prova disputado em solo carioca


Interlagos 1975 : Jean Pierre Jarier com um Shadow Ford liderou boa parte da prova quebrando no final, dando para José Carlos Pace, sua 1ª e única vitória da F1.

domingo, 14 de outubro de 2007

O inimigo mora ao lado

Ron Dennis parece esquecer que o homem de vermelho ainda tem chance de ser campeão.
Coluna Volta Final
( Otto Jenkel )


Faltando uma semana para a decisão de um dos campeonatos de F1 mais disputados dos últimos 20 anos, todas as atenções deveriam estar somente para os três protagonistas que decidirão o título. No entanto, uma declaração dado por Ron Dennis, logo após o G.P. da China, acabou mudando o foco da disputa e cobriu o mundo do automobilismo de espanto.

Perguntado por um jornalista porque Lewis Hamilton se preocupou tanto em defender a liderança da prova contra as investidas de Kimi Raikkonen, sua resposta foi a mais direta possível : " nossa ( da McLaren ) corrida não era contra Raikkonen, e sim contra Alonso." Inacreditável. Em mais de meio século de história, a F1 já proporcionou várias disputas internas entre pilotos da mesma equipe, mas nunca chegou a esse ponto. Um chefe de equipe declarar que seu objetivo é prejudicar um piloto de sua própria escuderia, para favorecer o seu favorito, no caso Hamilton. E ponto final.

A mídia inglesa, evidentemente pró Hamilton, passou a elogiar a "coragem" de Dennis de ter sido tão honesto a ponto de fazer tal declaração. Honesto ? Depois de tudo que aconteceu esse ano, o que não falta a Dennis é uma boa dose de cinismo. A McLaren já deveria ter sido eliminada da temporada faz tempo, devido ao escândalo da espionagem, o que daria o título para Kimi Raikkonen, da Ferrari, com uma prova de antecipação. A FIA, que já se omitiu no julgamento de Paris, não divulgou uma única nota sobre a declaração de Dennis. Coerente. Na omissão, digamos.

Dennis alega que o próprio Alonso se jogou contra a equipe ao chantageá -lo, ameaçando divulgar à FIA e-mails que deixavam claro que a espionagem na Ferrari era de conhecimento geral na McLaren. Pode ser. A atitude do "delator" Alonso foi indigna, mas o que dizer então da própria McLaren ? Como definir essa espionagem sem parâmetros na história ?

Alonso tem tomado pancada de todos os lados. Mas será que existe defesa para o asturiano ? Talvez só uma. Alonso entrou na equipe como o melhor piloto do mundo, e trouxe a McLaren um know-how de quem tinha acabado de conquistar um bicampeonato pela Renault. A McLaren não ganha um título desde 1999, e ele se vê no direito de ter privilégios. Convenhamos que Alonso tem muito mais a oferecer a Hamilton do que o contrário. Além disso, o espanhol tem que aguentar a pressão insuportável, de diversos setores da F1, que querem fazer de Lewis o novo campeão. A punição que Alonso recebeu na Hungria foi a gota d'água. Ele se sentiu roubado e ameaçou Ron Dennis. Foi feio sim, mas ele está praticamente sozinho.

Ao deixar claro que a equipe está contra Alonso, Dennis começa a brincar com os caprichos da história. Afinal de contas, o campeonato ainda não acabou e Kimi Raikkonen, da Ferrari, ainda pode estragar a festa inglesa. Não foram poucas as vezes na história da F1 que pilotos da mesma equipe tiraram pontos um do outro e acabaram dando o título para um piloto de outra equipe.

1973


Peterson e Emerson se tornaram rivais dentro da Lotus em 1973, mas a amizade entre os dois pilotos não sofreu nenhum abalo.

Em 1973, Ronnie Peterson entrou na Lotus para ser companheiro do então campeão Emerson Fittipaldi. A equipe não definiu quem seria o primeiro piloto, do que se aproveitou Jackie Stewart, da Tyrrell, para vencer o campeonato, mesmo tendo um carro inferior. A política da Tyrrell já era completamente diferente. O francês François Cevert era o segundo piloto e seu objetivo era fazer de Stewart o campeão. Cevert "escoltou" Stewart em várias provas, conseguindo três dobradinhas. A Lotus venceu 7 vezes. 4 com Ronnie e 3 com Emerson. Já a Tyrrell foram 5 vitórias, todas com Stewart. Cevert sabia que seu sacrifício seria compensado, já que Stewart estava se retirando das pistas e ele seria o primeiro piloto da Tyrrell em 1974. Só que ele não chegaria lá. Na última prova do ano ele morreria nos treinos para o G.P. dos EUA.

1974


A divisão na equipe Ferrari ajudou Emerson a ser campeão na McLaren em 1974

Prejudicado em 1973, Emerson Fittipaldi acabaria beneficiado em 1974. Inconformado por não ter sido considerado primeiro piloto, Emerson abandonou a Lotus e foi pra McLaren, uma equipe que até então nunca havia sido campeã. Desta vez o papel se inverteu. Emerson esteve absoluto na nova equipe, enquanto que sua maior rival de então, a Ferrari, deixou que seus pilotos Niki Lauda e Clay Regazzoni se digladiassem. Repetia-se a história de 1973. O melhor carro, desta vez, a Ferrari, não ganharia o título, que ficaria para a McLaren, com Emerson se tornando bicampeão do mundo.

1981

Nélson Piquet se beneficiou do ódio recíproco entre os pilotos da Williams para ganhar o título de 1981 com um Brabham Ford.

Em 1981, foi a vez de mais um brasileiro, Nélson Piquet, da Brabham, se aproveitar de um duelo feroz travado dentro da equipe Williams, entre Carlos Reutemann e Alan Jones. O argentino Reutemann liderou quase o campeonato inteiro até perder o título para Piquet na última prova em Las Vegas. Prova vencida, aliás, por Jones, que não fez a menor questão de esconder no pódium toda a sua alegria pelo título não ter ido para o seu "companheiro" de equipe.

1982



Pódium do G.P. de San Marino de 1982 : Gilles Villeneuve parece não acreditar o que Didier Pironi fez. A guerra estava declarada, mas o canadense viveria só mais duas semanas.

Já no ano seguinte teríamos a rivalidade mais curta e trágica da história da F1. Gilles Villeneuve e Didier Pironi eram os pilotos da Ferrari. Havia uma política dentro da equipe de Maranello que dizia que quando seus pilotos tomassem a liderança de uma prova, as posições deveriam ser mantidas para evitar surpresas. Foi o que aconteceu no G.P. de San Marino, quando o líder da prova Rene Arnoux, da Renault, quebrou, deixando a liderança para Villeneuve com Pironi em segundo. O boxe da Ferrari pediu para os pilotos manterem as posições, mas Pironi desobedeceu e passou o canadense na última volta. Villeneuve ficou revoltado e prometeu nunca mais falar com Pironi. A guerra estava declarada, mas não duraria duas semanas.

Na corrida seguinte, na Bélgica, ao tentar superar o melhor tempo de Pironi nos treinos, Villeneuve bateu no March de Jochen Mass, o que fez seu Ferrari levantar vôo, se desintegrando no ar e atirando o canadense fora do carro matando-o quase instantaneamente. Com a morte de Villeneuve, Pironi ficou absoluto na Ferrari e liderava o campeonato com facilidade até sofrer um gravíssimo acidente nos treinos para o G.P. da Alemanha, tendo múltiplas fraturas nas pernas. Mesmo fora das últimas 5 provas, Pironi acabou perdendo o mundial por apenas 5 pontos para Keke Rosberg da Williams. Nunca uma rivalidade custou tanto.

1986



Por fim chegamos a 1986, último ano em que três pilotos entraram na prova final do ano com chançes de título e, curiosamente, também a última vez que uma disputa interna custaria um mundial. A Williams, com Nelson Piquet e Nigel Mansell, teve o melhor carro do ano e o inglês chegou na Austrália dependendo de um 4º lugar para ser campeão. Alain Prost, da McLaren corria por fora. Este, durante a corrrida, teve um pequeno furo de pneu e trocou por compostos novos. Foi sua sorte. Os pneus que a Good-Year escolheu para a corrida tinham um erro de composição, e eles começaram a se deteriorar rapidamente.

O final foi cinematográfico. Com o título sendo decidido, houve uma hesitação por parte das equipes, pela troca ou não dos pneus, e com ela veio o caos. Keke Rosberg, companheiro de Prost, que liderava, abandonou com um furo. Piquet passou a líder, seguido por Prost e Mansell. Foi quando o inglês teve um estouro de pneu assustador em plena reta e com muito custo conseguiu evitar um acidente maior. Mas estava fora. Piquet e Prost decidiriam quem seria o campeão. Como os pneus de Piquet estavam aos frangalhos, não havia o que fazer, a não ser trocá-los. Prost passou a líder e ganhou a corrida e o mundial. A Williams viu seu título evaporar em poucas voltas.

Voltando a 2007, o que pode acontecer em Interlagos ? O título está nas mãos de Hamilton, não resta dúvida. Só que em 1986 também tudo parecia favorecer Mansell e deu no que deu. "Carreras são carreras" como diria o pentacampeão Juan Manuel Fangio. Jogar contra Alonso pode ser uma aposta arriscada de Ron Dennis. É brincar com a sorte. E o destino costuma pregar peças.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Vettel, o magnífico





Depois da injustiça no Japão, Vettel obteve um excelente 4º lugar na China.

Nada como uma semana depois da outra. Depois de ser acusado, injustamente, de ter provocado o acidente com Mark Webber no Japão, quando estava em 3º lugar, Sebastian Vettel foi inocentado graças a um video que demonstrou que o causador foi Lewis Hamilton que praticou "brake tests" quando estava atrás do pace-car.
Ontem no G.P. da China ele mais uma vez mostrou suas qualidades na chuva e levou a "nanica" Toro Rosso a um magnífico 4º lugar. O mundo dá voltas. E a justiça foi feita.

O pneu de Hamilton




A brita de Xangai

Alonso e Raikkonen dependem um do outro em Interlagos

Lewis Hamilton tinha todas as cartas na mesa para liquidar o campeonato com uma prova de antecedência. Todavia, o inglês as desperdiçou de uma forma inacreditável. Ao teimar em manter uma liderança que não tinha a menor necessidade, ele destruiu um pneu traseiro e conseguiu a proeza de sair da pista na entrada dos boxes, e atolar na caixa de brita. Um campeonato que parecia tão perto, hoje já não é tão certo, e por tudo que se viu nesses últimos dias, foi melhor assim. O inglês não merecia ter liquidado a fatura, pelo menos agora. Pareceu castigo

O problema todo começou, na verdade, em agosto, no GP da Europa, quando Hamilton foi levantado pelo guincho ao afundar na caixa de brita e prosseguiu na prova como se nada tivesse acontecido. A partir daí, a FIA começou a tomar medidas que sempre favoreceram o inglês. A punição a Alonso no GP da Hungria, a não punição a Hamilton na mesma ocasião. A própria absolvição da McLaren no julgamento do Paris. Mais uma vez, a Inglaterra dava uma prova de força nos bastidores.

No GP do Japão, veio o pior: quando liderava com o pace-car na pista, realizou uma série de brake-tests (frear repentinamente para confundir os pilotos que vinham atrás) até provocar um acidente entre Sebastian Vettel e Mark Webber. A FIA puniu Vettel com a perda de 10 posições no grid para o GP da China.

Um cinegrafista amador filmou a cena e colocou no Youtube. A Spyker, equipe de Vettel, levou o video à FIA, que retirou a pena ao alemão, mas não puniu Hamilton. A bronca foi generalizada entre os pilotos, que consideram Hamilton intocável. O que vale para ele, não vale para os outros. Quando o inglês atolou na brita, ontem, Ron Dennis pediu desesperadamente que o empurrassem num local que não tinha o menor perigo. Os fiscais bem que tentaram. Em vão.

O campeonato ainda continua mais perto do inglês. Só que a ameaça agora é dupla. Com a vitória de Raikkonen, o finlandês chega a 100 pontos, atrás de Hamilton com 107 e Alonso com 103. A própria história da F1 mostra o perigo que isso representa. Nas últimas três vezes em que isso aconteceu, quem terminou campeão não era o então líder. Em duas vezes, o campeão foi Nelson Piquet (1981 e 1983). Na última, Alain Prost (1986). Tanto Alonso como Raikkonen vão entrar como franco-atiradores, e vai sobrar para o inglês toda a pressão. Ele não suportou em Xangai. Suportará em Interlagos?

Seu comportamento foi inexplicável. Bastava manter Alonso no seu retrovisor e controlá-lo que o título seria seu. Resolveu, ninguém sabe porque, arriscar tudo, talvez imaginando que ganhar um título com uma vitória seria mais emblemático. Acabou destruindo seus pneus, ao teimar em se manter na frente de uma Ferrari nitidamente mais rápida. Mesmo antes de parar na brita, teve momentos assustadores que, no entanto, não diminuíram seu ímpeto. Fruto da juventude? É possível. Afinal, o "garoto prodígio" não tem nem 23 anos. Mas se isso lhe custar o título de 2007, o fenômeno pode ser massacrado e nunca mais ter uma oportunidade igual. Seria uma pena. É bonito ver a tocada do inglês.

Como tem sido bonito ver a de Kimi Raikkonen. O finlandês foi o único que subiu no pódio nas últimas seis corridas. Ganhou duas das últimas três, e só não conseguiu uma tríplice vitória por causa da inexplicável tática da Ferrari no Japão, quando obrigou seus pilotos a largar com pneus intermediários numa pista encharcada. Mesmo assim, Kimi chegou a apenas nove segundos do vencedor, Hamilton. O finlandês chega a Interlagos disputando o título com méritos, depois de um início de temporada difícil.

A princípio, foi suplantado por Massa, mas, conforme os meses foram passando, Raikkonen foi se habituando à Ferrari, uma equipe que tem uma forma de trabalhar completamente diferente da McLaren, onde ele esteve por cinco anos. A partir de julho, o finlandês mostrou suas garras, e ninguém venceu tanto, nem fez tantos pontos quanto Kimi desde então. Pena que a reação parece ter vindo tarde demais.

Para Fernando Alonso, o segundo lugar na China e o abandono de Hamilton abriram uma brecha no caminho rumo ao título que ele já julgava fechada. Completamente sozinho na equipe, ele vai fazer o máximo para tentar desestabilizar ainda mais o jovem companheiro. Ficou claro em Xangai que o inglês se apavorou quando percebeu que o espanhol se aproximava rapidamente de seu carro, descontando cinco a seis segundos por volta, quando seus pneus começaram a ficar obsoletos. Isso acabou provocando o erro de Hamilton na entrada do boxe logo depois. Como uma velha raposa, Alonso deve ter percebido no pódio que o seu maior aliado rumo ao título estava ao seu lado.

As chances do asturiano estão depositadas exatamente em Kimi Raikkonen. E vice-versa. Explica-se. Se o campeonato estivesse apenas entre as McLaren, Alonso só teria a perder caso os carros de Wöking se tocassem por alguma razão em Interlagos. Com Raikkonen na parada, a situação se inverte. O asturiano pode tentar forçar uma ultrapassagem sobre o inglês, o que obrigaria Hamilton a evitar o choque para não dar o título a Raikkonen. Com o clima de guerra entre os pilotos da McLaren instalado, esta hipótese não pode ser descartada.

Uma colisão passa a ser, então, nem um pouco interessante para o inglês, que teria que fazer uma prova mais conservadora. Mas nem tanto. Porque, caso Alonso vença, o inglês é obrigado a chegar em segundo de qualquer maneira. É, a situação de Hamilton já não é tão simples como parecia. E aquela caixa de brita pode entrar para a história.

sábado, 6 de outubro de 2007

G.P. da China : Hamilton é o pole na corrida rumo ao título

"Protegido" pelos pilotos da Ferrari, Hamilton pode estar a menos de 24 horas do título mundial.

O inglês Lewis Hamilton parece caminhar a passos largos para se tornar o primeiro estreante a ser campeão na história da F1. Com a conquista da pole position para o G.P. da China ele só conseguiu aumentar seu favoritismo, principalmente porque seu maior rival, Fernando Alonso, ficou apenas em 4º, tendo ainda o incômodo de ter as duas Ferrari na frente.

* Hamilton deve estar com o carro bem leve. A diferença de 6 décimos para Alonso é absurda. Como o espanhol não cometeu nenhum erro na volta, o inglês só pode estar com pouco combustível.

* Na pole , o inglês foge de prováveis confusões no ínicio da prova. Com o carro leve, vai tentar abrir o máximo, parar cedo, e se possível, ficar na frente das Ferrari. Mas nem precisa. Seu alvo é manter Alonso no seu retrovisor e controlá-lo. Caso os "vermelhos" consigam a dobradinha, nem isso será necessário. Um 4º lugar já lhe dará o título.

* O risco para Hamilton passa a ser a chuva, que segundo as previsões tem 90 % de chance de acontecer na hora da prova. Embora ele tenha mostrado no G.P. do Japão ser bom no molhado, sabé-se lá o que pode acontecer durante uma tempestade. Ayrton Senna, que foi o maior piloto em piso molhado de todos os tempos, bateu quando liderava em situações como essa, assim como Michael Schumacher, outro "Rei" da chuva. Esse parece ser o único risco para o inglês.

* A Ferrari é a favorita para a prova, mesmo porque o objetivo de Hamilton é controlar Alonso. A equipe de Maranello tem sido mais rápida em Shangai, com excessão do último treino, devido a tática utilizada por Hamilton já citada aqui.

* Quem surpreendeu foi a Red Bull colocando os dois carros entre os 7 primeiros. Um feito. Fora "as duas grandes" foi a melhor equipe na China.

* Papel que coube à BMW na maior parte do ano. Mas os alemães estavam meio perdidos desta vez. Até uma Toyota está na frente deles no grid.

* ... Toyota de Ralf Schumacher, praticamente renascendo das cinzas. O sexto lugar obtido foi um milagre. Seu companheiro Trulli está só em12º.

* Outro que andou fazendo milagres por aqui foi Jenson Button que colocou a "tartaruga ecológica" da Honda em 10º lugar. Já Barrichello foi 0 16º. E ele ainda quer correr um ano para bater o recorde de GPs de Patrese. Que piada.

* A Renault já deve estar pensando em 2008. Um 13º lugar foi o melhor que os franceses conseguiram no grid. Flavio Briatore nem viajou para a China. Fez bem.

* Sebastian Vettel fez uma volta espetacular e largaria em 12º se não fosse punido e perdesse 5 posições. Alegaram que ele atrapalhou a volta de alguém. Já com Hamilton nada acontece.

* O inglês não ter sofrido qualquer punição pela manobra do G.P. do Japão foi uma vergonha para a FIA. A entidade mostrou claramente que Hamilton é intocável. Porque ? Vale a pena dar uma olhada na coluna Volta Final de 3 de setembro. Nada é por acaso. http://grandprixweb.blogspot.com/2007/09/lauda-em-monza-76_1695.html

Treino GP da China ( íntegra )

Para quem não pode assistir o treino nessa madrugada, esse link mostra a transmissão na íntegra de uma TV escandinava ( será sueca ou finlandesa ? )

http://www.ustream.tv/.zkrVizxwBopdfcPBTQDbA.usv

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Hamilton pode ser punido


Caso Hamilton receba a punição máxima, a vitória pode ir para Kovalainen que venceria pela primeira vez na F-1.

Quando tudo indicava que Lewis Hamilton caminhava tranquilamente para a conquista do Mundial desse ano, um video aparentemente inofensivo, acabou criando o que pode ser uma reviravolta no campeonato. A imagem , filmada por um torcedor na arquibancada, mostra quando Lewis Hamilton, com o pace-car na frente, diminui exageradamente a velocidade jogando o McLaren para à direita. Webber, que vinha em 2º , percebe e diminui também a velocidade, só que Vettel não consegue enxergar o Red Bull, encoberto pela nuvem d'água, e acaba batendo no piloto australiano.

O video foi parar no youtube e descoberto pela Spyker que o enviou à FIA para inocentar Vettel. O problema é que pode sobrar para Lewis Hamilton, o líder do mundial. Parece evidente que o inglês foi, no mínimo, imprudente. A punição parece certa, resta saber qual será. Das três uma : ou larga em último na China, ou perde 10 posições no grid ou é desclassificado perdendo os 10 pontos do G.P. do Japão. Uma simples multa parece fora de cogitação e se isso ocorrer, mais uma vez a Inglaterra mostrará sua força nos bastidores.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Video : Acidente de Vettel & Webber



Um torcedor conseguiu filmar o que a TV Japonesa perdeu : o acidente de Mark Webber com Sebastian Vettel durante uma entrada do pace-car. Nota-se que Hamilton abre demais para à direita o que pode ter confundido Vettel, que não percebe o carro de Webber encoberto pela nuvem d'água.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Fuji 2007 : Felipe Massa X Robert Kubica

Dijon 1979 : Gilles Villeneuve X Rene Arnoux

G.P. do Japão : Hamilton com a mão na taça

Com a vitória em Fuji, Lewis Hamilton pode se tornar o novo campeão mundial já na semana que vem.

Se alguém ainda duvidava da genialidade do inglês Lewis Hamilton, o G.P. do Japão, disputado ontem em Fuji sob forte chuva, tratou de sepultá-la. Tudo indicava que o novato teria dificuldades na pista encharcada, já que sua pior corrida do ano foi justamente o G.P. da Europa, disputado em condições parecidas. Para Fernando Alonso, o prognóstico era outro. Considerado não só o melhor piloto do mundo, como um mestre em piso molhado, seu favoritismo parecia evidente. Mas tudo acabou se invertendo. Alonso esteve irreconhecível, errando demais, até abandonar a prova após um acidente. Já Lewis esteve soberano, parecendo ser ele o campeão. Não é. Ainda.

Com a vitória obtida em Fuji, o piloto inglês abriu 12 pontos sobre o espanhol, restando apenas duas provas. Em 57 anos de F-1, ninguém tirou tamanha diferença em um par de GPs para o fim de um Mundial. Alain Prost, em 1986, foi quem chegou mais perto, ao descontar uma diferença de 11 pontos para o inglês Nigel Mansell. Somente um desastre poderá tirar o troféu de Lewis, e pelo que se viu nesse fim de semana no Japão, o título estará em muitas boas mãos. O show, aliás, começou no treino.

Foi um lance que pouca gente percebeu, mas que está reservado para os gênios. O inglês estava apenas com o 3º melhor tempo, quando iniciou a volta derradeira do treino. Ao entrar na reta dos boxes, seu tempo era um pouco acima do então pole, Alonso. No meio da reta, ele mudou a trajetória, pegou o vácuo do carro que estava à frente, cortou para à esquerda, passou raspando por este carro , e cruzou a linha de chegada, superando o espanhol por 70 milésimos. Um assombro.

Agora o inglês pode liquidar a fatura já no próximo fim de semana na China. Alonso tem que chegar na frente de Hamilton de qualquer maneira, sendo que tem também que descontar pelo menos dois pontos. Para muitos, que diziam que esse era um dos campeonatos mais equilibrados da história da F-1, periga a festa terminar antes da última prova, no Brasil, em 21 de outubro.

A Ferrari, definitivamente, não se dá bem em Fuji. Em 1976, quando Niki Lauda e James Hunt disputavam o título, a equipe assistiu, atônita, o austríaco abandonar a prova na 1ª volta, em protesto pelas más condições da pista imundada, semelhante, inclusive, a de ontem. O título caiu no colo de Hunt. Já em 1977, um acidente com a Ferrari de Gilles Villeneuve e o Tyrrell de Ronnie Peterson, fez o carro do canadense voar sobre o público, matando dois espectadores.

Desta vez ninguém entendeu como a direção da Ferrari permitiu que os carros largassem com os pneus intermediários numa pista encharcada. Parece que a possibilidade da vitória de nº 200 na história da F1 andou perturbando os italianos. Tentou-se o impossível. Agora só um milagre dará o título aos "vermelhos" . Raikkonen terá que descontar 17 pontos em 20 possíveis. Felipe, tá fora. Mas dele falaremos depois.

A chuva é na verdade a grande atração da F-1. É diversão na certa, e ontem não fugiu a regra. O que não dá pra entender é como a FIA permite que durante 30 insuportáveis minutos os carros passeiem atrás de um pace-car. Quando a prova começou de verdade na volta nº 18 das 67 programadas, a chuva era pior do que no início. Não, não dá pra entender. Nem com boa vontade.

Curioso foi assistir ao choque de uma Red Bull, com a sua subsidiária, a Toro Rosso, quando seus pilotos, Mark Webber e Sebastian Vettel , caminhavam para um inédito pódium duplo. E pior, com um pace-car na pista. Aliás, só a Globo chama essas equipes de RBR e STR, e o Galvão ainda tem coragem de dizer que tá cheio de equipes com siglas na F-1...

Por fim vamos ao lance mais espetacular da prova e que nos remete, impreterivelmente, a famosa "Batalha de Dijon", um duelo travado entre Gilles Villeneuve e Rene Arnoux no G.P. da França de 1979. Desta vez os protagonistas foram Felipe Massa e Robert Kubica que numa disputa pelo sexto lugar, andaram tocando rodas na última volta da corrida, com um detalhe adicional que só aumenta o feito dos pilotos : a chuva.

Foi uma delícia assistir ao violento combate. Foram sete trocas de posições em apenas uma volta. Os pilotos não estavam dispostos a ceder nada. Era vencer ou vencer. E deu Felipe, como poderia ter dado Kubica. No final de uma disputa como essa não há perdedor. Como haveria ? Seria tão bom se existissem duelos como esse com mais frequência. Será que estamos sempre dependentes da chuva ? Pelo que vimos nos GPs desta temporada , não resta dúvida. No molhado, o piloto é obrigado a freiar bem antes, tornando as ultrapassagens possíveis. Você já imaginou uma disputa como essa, na F-1 de hoje, em pista seca ?

Pois foi isso que aconteceu em 1979, quando Villeneuve ( Ferrari ) e Arnoux ( Renault ) esqueceram que estavam dentro de um bólido que atinge 300km/h e se engalfinharam durante duas voltas no mais famoso duelo da F-1. Para quem nunca viu, e não sabe quem foi o vencedor, vale a pena ver essa disputa nesse video do youtube acima. Um detalhe. Essa disputa valeu um 2º lugar, o ganhador da prova, o francês Jean Pierre Jabouille, acabou esquecido no tempo. Já o vencedor do duelo...