segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vettel passeia em Istambul e obtêm 3ª vitória do ano

Sebastian Vettel e  Fernando Alonso se comprimentam no
pódium. Os dois foram os melhores pilotos da prova.
O alemão obteve sua 3º vitória do ano e o espanhol
deu a Ferrari o seu 1º pódium em 2011

Se uma Era alemã sob o direção de Michael Schumacher dominou a F1 durante os primeiros anos desse milênio, uma nova pode estar começando. Sebastian Vettel venceu mais uma vez com absoluta autoridade o G.P  da Turquia obtendo sua sexta vitória nas últimas 8 corridas de F1. Vettel já tinha vencido em 2011 os GPs da Austrália e Malásia, e só não ganhou também na China por um erro estratégico da Red Bull. No ano passado, na sequência das últimas quatro provas, venceu o G.P. do Japão, teve uma quebra de motor na Coréia do Sul quando liderava com facilidade há poucas voltas do final e terminou o ano vencendo os GPs do Brasil e de Abu Dhabi, o que deu ao alemão o seu primeiro título mundial. Se não fosse o infortúnio da Coréia 2010 e da China 2011, Vettel teria obtido 8 vitórias consecutivas e estaria simplesmente a uma vitória de igualar o recorde "eterno" do italiano Alberto Ascari que venceu nove corridas seguidas, com uma Ferrari, entre as temporadas de 1952 e 1953.

Nas últimas 8 corridas de F1, Vettel
venceu 6 vezes. Mas poderiam
ter sido oito...
O domínio do alemão é tão absurdo que das 228 voltas disputadas nessas quatro primeiras corridas da temporada, ele liderou 184, ou seja, 81%. Para se ter uma idéia do que isso significa, a maior porcentagem de voltas lideradas na história foi também de Ascari com 78% em 1952 . Os pilotos que estão mais próximos do piloto da Red Bull são Nico Rosberg e Jenson Button que lideraram 14 voltas cada um, o que significa 6% para cada piloto...

O interessante é que as mudanças introduzidas pela F.I.A. para 2011, com a volta do Kers, a chegada das asas móveis e sobretudo dos pneus de pouca durabilidade da Pirelli, trouxeram sem dúvida mais emoção para as corridas, mas isso não foi transferido para a disputa pelo título. Se as coisas não mudarem rapidamente, tudo indica que Vettel será campeão com grande antecipação. No ano passado, a grande maioria das corridas foram monótonas, mas pelo menos no que se refere a distribuição de vitórias foi um Mundial interessante. Em 19 corridas, 5 pilotos venceram : Vettel, o campeão, e Alonso, o vice, ganharam 5 vezes. Webber ganhou 4, Hamilton 3 e Button 2 vezes. No ano passado o primeiro piloto que obteve 3 vitórias foi Webber na 10ª corrida do Mundial. Esse ano, Vettel precisou de quatro...

Depois do acidente na sexta, muita gente achou que Vettel
teria dificuldades no fim de semana. Que nada. O alemão
foi o pole no sábado e venceu fácil no domingo

Também durante toda a temporada de 2010 a maior vantagem que o líder do campeonato teve sobre o 2º colocado foi de 14 pontos. Agora, depois do G.P. da Turquia, Vettel já tem 34 pontos de vantagem sobre Lewis Hamilton que vem a seguir. Quer dizer, mais do que o dobro da maior diferença da temporada de 2010. As emoções dentro da pista parecem garantidas em 2011, mas em relação ao Mundial  nem tanto...

Quem não está nem um pouco preocupado com isso é o próprio Sebastian Vettel. O que ele mais quer é liquidar o campeonato o mais rápido possível. O que temos assistido esse ano é um domínio raras vezes visto. Um piloto excepcional, numa equipe excepcional, com um projetista ( Adrian Newey ) excepcional. Ano passado, algumas situações impediram que o título caminhasse mais facilmente para Vettel e a Red Bull, mas mesmo assim ele veio. Esse ano a "quimica" está perfeita. Vettel está mais maduro, o carro até agora não teve nenhuma quebra e a própria Red Bull com o título passou a ser vista com outros olhos e não no tom pejorativo que tentavam fazer dela : "a equipe das latinhas energéticas.."

Em quatro corridas, Vettel liderou 81% da voltas. Um número
absurdo. O recorde da F1 é de Ascari que
conseguiu 78% no Mundial de 1953

Pois os rubro taurinos fizeram uma corrida perfeita na Turquia. Pole position, melhor volta, vitória e com dobradinha. Isso tudo depois de Vettel dar uma pancada forte na sexta, fato que não abalou em nada a confiança na equipe. O alemão praticamente não andou na sexta feira, mas isso não exerceu nenhuma influência no domínio que ele teria para obter a pole no sábado e a vitória no domingo.

A corrida

Na largada, Vettel tomou a ponta sem problemas e depois abriu um tempo suficiente sobre o 2º colocado para que pudesse controlar a liderança com segurança. "Tive uma ótima largada, o que foi crucial porque depois pude abrir uma boa vantagem no primeiro trecho da prova. Com essa vantagem, consegui parar nos boxes com certa tranquilidade. Além disso, durante a corrida, sempre tive uma diferença de cinco a seis segundos para o 2º colocado, o que tornou a minha vida mais fácil, porque isso sempre ajuda na hora de decidir pela melhor estratégia”. O alemão, como a maioria, optou por fazer 4 paradas de pneus e só não venceu "ponta a ponta" porque Button liderou 1 volta quando Vettel deu a primeira parada nos boxes.

Na largada Vettel tomou a ponta e Rosberg assumiu o 2º
lugar ultrapassando Webber. Pouco depois Hamilton,
que vinha em 4º,  iria errar e perder 2 posições

Mark Webber chegou em 2º,  fazendo para a Red Bull a primeira dobradinha do ano, mas para isso teve que lutar bastante com Fernando Alonso. Largando do lado sujo da pista, o australiano já na arrancada perdeu a 2ª posição para Nico Rosberg, ficando atrás do piloto da Mercedes durante 5 voltas até ultrapassá-lo. Depois parecia que ia ficar nessa posição até o final da corrida mas foi surpreendido pela Ferrari do espanhol. "A disputa com Fernando foi um pouco inesperada, e ele pilotou de forma brilhante. Mas no fim, eu tinha um conjunto de pneus mais novos e consegui ultrapassá-lo”. Foi nesse momento que Webber fez a melhor volta da prova. No final, parecia conformado em não poder acompanhar o ritmo de Vettel e elogiou o companheiro “Sebe está em fantástica forma no momento, não há o que dizer.” Quem diria que há um ano atrás, os dois bateram quando disputavam a liderança nessa mesma pista e quase sairam no tapa.

A Ferrari de certa forma renasceu na Turquia. Alonso
durante boa parte da corrida acompanhou o ritmo
da Red Bull de Webber e só cedeu no final.

O único piloto que em Istambul esteve no mesmo nível de Vettel, foi Fernando Alonso que fez uma corridaça e deu a Ferrari o seu 1º pódium do ano. Mais importante do que isso : durante boa parte da corrida o espanhol esteve no mesmo ritmo da Red Bull de Webber e só cedeu a 2º colocação para o australiano no final. Alonso, no entanto, lamentou que Rosberg o tivesse segurado no início da prova o que o impediu de atacar Vettel. O espanhol então teve que se concentrar na briga pelo 2º lugar. “Eu tive uma pequena vantagem em termos de desgaste de pneus comparado com Mark, usando a asa traseira móvel e eu pude ultrapassá-lo, mas na última parte da corrida foi mais ou menos o oposto”. No final tanto Webber quanto Alonso colocaram os pneus duros e a Ferrari perdeu rendimento o que fez o australiano ultrapassar o espanhol a 8 voltas do final e garantir o 2º lugar.



Em quarto, bastante distante dos  três ponteiros, chegou Lewis Hamilton. O inglês oscila muito de uma corrida para outra. Esteve bem na Austrália, muito mal na Malásia, muito bem na China quando venceu e de novo mal na Turquia. O que acaba confirmando o que muito pensam dele : um grande piloto, mas que não chega a ser um Alonso e nem um Vettel. Desta vez, Hamilton errou na largada : na ânsia de tomar o 3º lugar de Webber abriu demais numa curva ( ver video ) e errou totalmente o ponto de freada perdendo duas posições. Depois teve uma boa disputa com seu companheiro de equipe, Jenson Button. Os dois trocaram de posições várias vezes, até que Hamilton terminou superado não só por ele como por Massa. Sua sorte é que foi chamado para a 1ª troca de pneus e Button, inexplicavelmente, não foi. Só por isso terminou na frente da outra McLaren no final da corrida, senão seria o 5º. Uma falha em uma das trocas de pneus, atrasou ainda mais Hamilton que terminou 30 segundos atrás de Alonso, uma eternidade.

Uma das boas disputas da corrida foi o duelo entre as
McLaren de Button e Hamilton. A batalha estava
sendo vencida por Button, mas a equipe
acabou o prejudicando

Nico Rosberg foi um bom 5º colocado, mas a Mercedes de certa forma decepcionou. A equipe alemã tem um desempenho inverso da Ferrari : vai melhor na classificação do que na corrida. Rosberg como havia predito passou Webber na largada e ficou em 2º. Mas depois não conseguiu manter o ritmo dos líderes e foi ficando para trás. No final, o pódium que ele tanto esperava ficou para a Ferrari de Alonso.

Quem tinha razão para lamentar era Jenson Button. O inglês numa disputa direta com seu companheiro de equípe levou a melhor, mas foi "traído" pela própria McLaren. Assim que passou Hamilton, a equipe pediu para o campeão de 2008 entrar nos boxes, mas mandou Button continuar na pista o que ninguém entendeu. Dos primeiro colocados foi o único que fez três paradas, todos os outros fizeram quatro. No final já se arrastando com os pneus gastos, virou um alvo fácil, e terminou superado até mesmo por Rosberg, acabando em 6º. Com a educação que lhe é peculiar Button não reclamou muito da equipe, mas caso isso acontecesse com a maioria dos pilotos do "circo" o pau ia comer certo.

As Renault andaram se estranhando durante a corrida.
Heidfeld ( foto ) reprimiu Petrov por quase ter
eliminado os dois "numa manobra irresponsável".
Mas o russo não deu nem bola...

Atrás de Button chegaram as duas Renault que andaram se estranhando durante a corrida. Numa tentativa de ultrapassagem de Nick Heidfeld, Vitaly Petrov não vendeu barato e os dois se chocaram de leve na chincana antes da reta dos boxes. O alemão depois censurou o russo. "Isso não foi honesto. Não deveria acontecer. Ele disputou a posição de forma agressiva e nos tocamos. Não é uma coisa segura de se fazer”. Já Petrov ignorou o "conselho" do alemão e preferiu exultar o fato dos dois carros da Renault terminarem nos pontos, com ele em 8º. Para o russo, pior foi um toque que ele levou de Michael Schumacher ( ver video abaixo ) no mesmo local, no ínicio da prova, e que acabou o atrasando.



Schumacher aliás fez mais uma corrida difícil levando uma série de ultrapassagens de vários pilotos diferentes., mas pelo menos reconheceu que não esteve bem. No toque com Petrov admitiu a culpa. "Obviamente, eu não estou feliz com o meu fim de semana, mas eu sou o responsável pelo resultado. O incidente com Petrov ditou minha corrida, já que com a quebra do aerofólio tive que parar nas boxes. Nós estávamos muito próximos, e eu me surpreendi com o toque, mas mesmo não vendo ainda na TV acredito que o erro  tenha sido principalmente meu." O alemão chegou apenas em 12º, uma posição atrás de Felipe Massa.

No pódium todos comemoram. Para Webber e
Alonso,o melhor resultado do ano.
Já para Vettel virou rotina.

O brasileiro teve um bom início de corrida, andando no 2º pelotão ( o 1º era apenas Vettel...) junto com Rosberg, Webber, Alonso, Hamilton e Button. Só que o brasileiro teve sempre algum problema em cada uma das quatro paradas que fez e foi caindo de posição volta a volta. No final, ainda cometeu um erro na curva 8 e tratou de acabar com os pneus saindo da pista. É verdade que em Istambul em nenhum momento Massa esteve no mesmo nível de Alonso, mas desta vez tinha razão de reclamar dos mecânicos. Suas trocas foram ridículas.

Na frente do brasileiro e de Schumacher, fechando a zona dos pontos, chegaram Sebastian Buemi e Kamui Kobayashi, que largaram muito atrás. O suiço saiu em 16º lugar e chegou em 9º, marcando novamente pontos na temporada ( foi 8º na Austrália ). O piloto da Toro Rosso fez apenas três paradas e acabou perdendo duas posições na últimas voltas. Já o japonês partiu em último e no estilo "rolo compressor" de sempre foi passando todo mundo até chegar em 10º. Se não fosse o preconceito que sofre os pilotos japoneses, Kobayahi já poderia estar numa boa equipe de F1. Ele merece.

Por causa de uma lei local, Vettel recebeu uma ordem
que não poderia beber champanhe no pódium...

Mas quem merece tudo que está passando é Sebastian Vettel. Considerado pelo seu talento e pela sua juventude o "garoto propaganda" perfeito para uma marca como a Red Bull, Vettel recebeu antes de largar uma ordem. Se vencesse a prova, não deveria beber champanhe no pódium por causa de uma lei local que impede menores de 24 anos ingerirem álcool. Talvez fruto da idade ou da rebeldia, bem ao estilo do patrocinador, quem disse que ele obedeceu ? Dietrich Mateschitz deve ter adorado.

...que ele não obedeceu.

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