segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vettel vence a sexta do ano, em corrida monótona em Valência

Em 8 GPs em 2011, Sebastian Vettel conseguiu seis vitórias
e 2 segundos lugares, resultado jamais alcançado
nas oito primeiras corridas desde
que a F1 foi criada em 1950


Infelizmente tudo aquilo que projetamos no sábado para o G.P. da Europa acabou se confirmando no domingo. Tivemos nas ruas de Valência a corrida mais monótona dessa temporada de 2011 que só valeu pela largada em que Felipe Massa fez uma tentativa de pular da 5ª para a 2ª posição . Fora isso o que se viu foi uma procissão  de carros em fila indiana num circuito que mostrou mais uma vez que a ultrapassagem é praticamente impossível.


A pista de Valência está em um dos cenários mais interessantes
para se ter uma corrida de F1, pena que em relação
 ao traçado não se pode dizer o mesmo...


Enganam-se aqueles que comparam a pista espanhola com Monte Carlo. Valência é um circuito de rua rápido, mesclado com uma sequência de curvas intermináveis, quase todas de alta velocidade e com um detalhe adicional : com áreas de escape, onde o piloto erra e isso não faz a menor diferença. Em Mônaco não. Existem retas seguidas por uma curva fechada, o que torna possível uma tentativa de ultrapassagem como vimos esse ano. E no principado, qualquer erro leva o piloto ao guard-rail. A maior prova da completa falta de dificuldade da pista de Valência é que não tivemos nenhum acidente. Aliás, como dissemos no sábado, das três corridas já ocorridas nesse circuito ocorreram apenas quatro acidentes, um número rídiculo para um circuito de rua, mas que é totalmente compatível com uma pista que não oferece o menor desafio para os pilotos.


Após bater em Petrov, Schumacher foi para os boxes para
trocar o bico da Mercedes, mas o alemão continuou
na corrida. Em 4 GPs em Valência, tivemos apenas
4 abandonos por acidentes, um número
ridículo para um circuito de rua

Nem para os pilotos e nem para os carros diga-se de passagem, já que esse G.P. da Europa bateu o recorde de número de carros que largaram e que chegaram no final : 24, ou seja, todos. Só que isso não é motivo algum para comemorar, pelo contrário, só demonstra que nem com 24 carros até a bandeirada a corrida trouxe alguma emoção. Como dissemos ontem Titio Ecclestone deveria lançar um DVD com essa corrida para servir de remédio contra a insônia, certamente ele ficaria muito mais rico...

A corrida

Durante os treinos pairou a dúvida, mas a corrida trouxe a certeza que a tentativa da FIA de prejudicar a Red Bull com a mudança da regra no mapeamento dos motores se revelou um fracasso em Valência. Curiosamente a equipe mais prejudicada foi a McLaren, justamente aquela que se empenhou mais a favor da mudança da regra no meio do campeonato. Ninguém entendeu o porque, mas a equipe de Woking, perdeu tanta performance nessa corrida que seu piloto melhor colocado, Lewis Hamilton, chegou 46 segundos atrás de Vettel. Uma eternidade se lembrarmos que tanto em Mônaco como em Montreal a McLaren acompanhou o ritmo da Red Bull, sendo que no Canadá até venceu a prova.



O desastre da McLaren começou logo na largada (ver vídeo acima) quando Hamilton caiu de 3º para o 5º lugar, perdendo as posições para as Ferrari de Alonso e Massa. Este deu uma arrancada espetacular, se enfiando no meio do espanhol e do inglês, pulando de 5º para o 3º lugar. O brasileiro poderia ter até passado Webber, mas hesitou um instante, do que se aproveitou o australiano para fechar a porta e manter a posição. Massa então foi  obrigado a freiar e Alonso acabou o ultrapassando por fora. Isso tudo durou 14 segundos, exatamente o tempo de emoção da prova...


Na largada, Massa arrancou melhor que Alonso e Hamilton e
poderia até ter passado Webber, mas hesitou, perdendo
não só a oportunidade de ser o 2º, como o
3º lugar para Alonso

Na primeira volta, as posições eram : Vettel, Webber, Alonso, Massa e Hamilton. A partir daí só tivemos mudanças nas primeiras posições através das trocas de pneus, sendo que a única exceção foi uma ultrapassagem de Alonso sobre Webber na 21ª volta. Todos os ponteiros pararam três vezes, e os pneus macios só não foram utilizados na última troca, quando todos optaram por pneus médios. Webber retomou a 2ª posição de Alonso na 2ª parada de pneus e depois aconteceria o contrário, com o espanhol superando Webber na 3ª parada, porque o australiano colocou os pneus macios cedo demais, como o próprio admitiu depois. Massa acabou superado por Hamilton, porque o inglês foi o primeiro a mudar os pneus na 1ª troca,  e o brasileiro o último, sem contar que Massa perdeu 5 segundos em uma das paradas devido a um problema com um pneu traseiro. E a corrida se resumiu a isso...


Só nas primeiras voltas os carros andaram juntos. Rosberg
e Button terminaram em 7º e 6º lugares, mais
de 1 minuto atrás do vencedor, Vettel.

Sem muito o que comentar da corrida, Vettel preferiu falar da equipe dizendo que a Red Bull está colhendo os frutos que plantou nos últimos três anos e que cada departamento da equipe está hoje muito mais profissional. O alemão negou que vai começar a correr para marcar pontos na segunda metade do Mundial, dizendo que só vai fazer isso se sentir que não pode vencer um GP. Como se vê a possibilidade de se repetir o que Alonso fez em 2005 e 2006, e Button fez em 2009, não vai acontecer desta vez para o desespero dos rivais.

Vettel negou qualquer possibilidade de começar a correr
para somar pontos e garantir o título : "Corro sempre 
para vencer, só vou pensar em um 2º lugar se
perceber que não tenho chance de vitória"


Correndo em casa, Alonso ficou satisfeito com a 2ª colocação, dizendo que era o máximo que poderia alcançar. Ao passar Webber, o espanhol foi o único dos ponteiros a fazer uma ultrapassagem na pista. O australiano recuperaria a posição na 2ª troca dos pneus, mas cometeria o erro de parar muito cedo para colocar os pneus médios, perdendo definitivamente a 2ª colocação na 42ª volta, quando faltavam 15 para o final. Alonso, na coletiva, lembrou a recuperação da Ferrari no Mundial, já que na Austrália eles estavam 1 segundo e meio atrás de Vettel e agora reduziram isso a metade : seis ou sete décimos. Sim, pode ser, mas não deixa de ser ainda uma diferença gigantesca.

Webber, em 3º, dizia que foi a sua melhor corrida do ano, o que ninguém entendeu direito. Melhor corrida do ano é chega atrás de um Ferrari com um carro sabidamente bem inferior ? Não, não dá para entender mesmo, nem com boa vontade...


Alonso comprimenta Vettel no final da corrida. O espanhol deu
o máximo e chegou em 2º entre as duas Red Bull.
Mas nem a grande atuação de Alonso foi
suficiente para ameaçar o alemão

Atrás do australiano chegou Hamilton que parecia entre todos, o piloto mais triste no final. O inglês acreditava depois nos treinos que tinha até chance de vitória, mas o que se viu foi uma McLaren se arrastando na corrida e que chegou quase 50 segundos atrás de Vettel. Hamilton reclamou da performance no carro no geral, principalmente da pressão aerodinâmica e do downforce traseiro. O inglês minimizou a má largada dizendo que mesmo que mantivesse a 3ª posição ia ser muito difícil segurar as Ferrari. "Definitivamente demos um passe para trás nesse GP".


Hamilton esperava até lutar pela vitória depois de ficar em
3º no treino. Mas a McLaren acabou sendo a grande
decepção da corrida e o inglês  terminou
46 segundos atrás de Vettel

Button, que chegou em 6º, corroborou com o que Hamilton disse, acrescentando que seria interessante para a McLaren arriscar tudo nos próximos GPs com algumas novas soluções nos carros, já que a equipe está muito a frente da Mercedes e muito distante da Red Bull e agora também da Ferrari. Para piorar a situação de Button, o inglês teve problemas com o Kers durante a corrida, que parou de funcionar e que o deixou no final a um minuto do vencedor, Vettel.


Alguersuari, da Toro Rosso, surpreendeu a todos
fazendo apenas duas paradas nos boxes e
terminando em uma excelente 8ª posição

Fechando a zona dos pontos chegaram Rosberg, Alguersuari, Sutil e Heidfeld. Excetuando Vettel, o espanhol era o piloto mais feliz em Valência ao levar uma Toro Rosso a uma 8ª posição depois de largar em 18º. Alguersuari foi o único piloto dos que pontuaram que fez apenas duas paradas e isso terminou sendo vital para a sua posição. Sutil que também fez boa prova chegando em 9ª, disse que ficou surpreso porque mesmo com um pneu mais novo que Alguersuari, e podendo utilizar a ása móvel, não conseguiu uma forma de ultrapassar o espanhol, terminando a corrida colado nele.

Sutil terminou em 8º com a Force India, se dizendo surpreso
por não ter conseguido passar Alguersuari, apesar
das ásas móveis e dos pneus melhores. Será
que ele esqueceu que estava em Valência ?

Sutil não deveria ter ficado tão surpreso, afinal Valência é assim mesmo e pela primeira vez no ano, os artífícios inventados pela FIA (ásas móveis e Kers) não funcionaram. Nem mesmo os compostos diferentes dos pneus Pirelli, que é a única medida realmente mais plausível do "pacote" da FIA, foi capaz de tornar uma corrida em Valência interessante. Mas convenhamos, isso não ia ser mesmo muito fácil. O cenário pode ser belíssimo, só que eles esqueceram de fazer a pista...

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