segunda-feira, 11 de abril de 2011

Vettel vence na Malásia e dispara no Mundial

Com a vitória no G.P. da Malásia, Sebastian Vettel obteve sua
4ª vitória consecutiva na F-1. Além das duas deste ano, ele
venceu as duas últimas do Mundial de 2010.

A segunta etapa do mundial de F-1 de 2011 foi completamente diferente do G.P. da Austrália que abriu a temporada duas semanas atrás. Ao contrário de Merlbourne, em Sepang tivemos várias  disputas, ultrapassagens, onde principalmente os pneus foram decisivos. O que não foi diferente foi o vencedor. Sebastian Vettel, da Red Bull Renault, ganhou com absoluta autoridade, só perdendo a liderança nas trocas de pneus. O alemão já disparou na tabela do Mundial com 24 pontos de vantagem sobre o 2º colocado, Jenson Button. Vettel só perde a ponta na próxima corrida na China, se não pontuar e se o inglês ainda assim for o vencedor da prova.

Vettel obteve sua 12ª vitória
na F-1 em apenas 64 GPs.
A prova malaia desmistificou uma impressão que já estava virando uma certeza. Que as soluções implantadas pela FIA, para que as ultrapassagens voltassem a fazer parte da F-1, tinham sido um fiasco. Na Austrália nada funcionou : Kers, asas móveis e pneus. Mas em Sepang, o pacote de modificações da  FIA encontrou os ingredientes ideais para que a engrenagem finalmente funcionasse : temperatura alta que literalmente fritou os pneus Pirelli e retas grandes os suficientes para que os dispositivos do Kers e das asas móveis mostrassem sua utilidade nas tão almejadas ultrapassagens. A questão que fica é saber se esses ingredientes vão acontecer com mais frequência ou se o que aconteceu em Sepang foi uma exceção e não a regra. Já na China, semana que vem, poderemos ter uma resposta. Em Shangai existe a maior reta do calendário da F-1, só que em compensação costuma fazer frio nessa época do ano. O "pacote", então, desta vez não vai estar completo. Veremos.

Jenson Button fez uma excelente corrida e chegou em 2º lugar
 poupando carro e pneus sem deixar de ser rápido.
Já o seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton...

 Outra questão a ser discutida é a validade dessas modificações. Numa análise rápida, a corrida foi boa, as ultrapassagens ocorreram e o alvo foi atingido. No entanto, algo pareceu superficial. Em primeiro lugar, é muito curioso, pra não dizer engraçado, a FIA pedir para a Pirelli fazer pneus de baixa durabilidade, ou seja, em outras palavras, "ruins". O que se viu em Sepang foram os pilotos entrando nos boxes para trocá-los após 10, 15 voltas, numa bagunça total. O que mais se via era piloto falando pelo rádio : "pneu acabou, vou entrar" e isso aconteceu a corrida toda. No entanto, mal ou bem, o piloto tem participação nisso, pois ele é o responsável em economizar pneus e isso, por exemplo, foi decisivo para que Button chegasse em 2º, com méritos, e Hamilton, com o mesmo McLaren, se arrastasse no final e chegasse em 8º com os pneus aos frangalhos. A solução dos pneus "ruins" funcionou, mas que é estranha uma marca de pneus se submeter a isso, ah isso é...

A FIA pediu para a Pirelli construir
pneus com baixa durabilidade,
ou seja, em outras palavras,
ruins. Alguém já viu isso?
Mas superficial ainda são os dispositivos Kers e asas móveis. Se nos pneus os pilotos podem ser decisivos, já nesses outros eles são meros passageiros. Em ambos, os pilotos estão totalmente vendidos e, por melhor que sejam, não conseguem segurar  um carro que vem pelo menos 15km/h mais rápido atrás. A ultrapassagem se torna tão fácil que não deixa ao piloto da frente a menor possibilidade de defesa. A favor do "pacote" pode-se dizer que é muito melhor isso do que nada. Ninguém aguentava mais aquela procissão de carros em fila indiana, onde ninguém passa ninguém. Já faz muito tempo que a F-1 virou receita contra a insônia e o desespero bateu nas portas da FIA. Ninguém pede para um fabricante de pneus fazer um pneu "ruim" à toa...



A corrida

Na largada, Vettel manteve a 1ª posição com tranquilidade, já atrás a situação era outra. Webber não conseguiu acionar o Kers e caiu de 3º para 10º sendo ultrapassado logo na arrancada pelos dois Ferrari, com Alonso vindo pela esquerda e Massa pela  direita ( ver video acima com análise do ex-piloto de F-1, Martin Brundle, da BBC ). O espanhol, como na Austrália, se posicionou mal e ficou preso atrás de Heidfeld e Petrov que deram as largadas mais espetaculares entre todos. Os Renault-Lotus simplesmente sairam atropelando todo mundo. Vindo por fora, o russo pulou de 8º para 5º e o alemão ainda fez melhor, foi de 6º para 2ª, na largada que pode vir a ser ( mesmo se tratando da 2ª prova do ano ) a melhor de toda a temporada. No final da 1ª volta, Vettel liderava seguido por Heidfeld, Hamilton, Button, Petrov, Massa, Alonso, Schumacher, Webber, Kobayashi e os demais.

A partír daí tivemos várias disputas interessantes entre Kobayashi e Schumacher, Button e Alonso, Massa e Webber, Alonso e Hamilton, Webber e Kobayashi. O japonês, alíás, deu um show à parte e conseguiu ultrapassar "Titio" Schumacher três vezes durante a corrida. No final das contas, o único piloto que manteve-se longe das disputas, foi Sebastian Vettel que conseguiu manter um ritmo muito bom a corrida toda sem forçar muito os pneus, o que é uma das principais virtudes dos grandes campeões da história, posição que o alemão a cada dia se aproxima mais.

Na largada, Vettel manteve a ponta seguido por um inacreditável
Nick Heidfeld que pulou de 6º para 2º. Mais atrás, Massa
começa a passar Alonso por fora na curva.

Quem também fez uma grande corrida foi Jenson Button que chegou em 2º. Alertamos aqui no post anterior que o inglês deveria levar vantagem sobre o seu sempre mais badalado companheiro de equipe, Lewis Hamilton, em uma pista que exige demais dos pneus. Button é dos pilotos mais técnicos da F-1 atual e sabe poupar o carro e pneus como ninguém sem deixar de ser rápido. Seu único ponto fraco são os treinos onde ele é sempre superado por Lewis. Se tivesse largado mais na frente, talvez pudesse ter ameaçado Vettel. No final foi o único que chegou perto do alemão.

Outro destaque foi Heidfeld que subiu no pódium ao chegar em 3º. Além da largada sensacional, o alemão teve boas disputas com as Ferrari e teve bastante trabalho para segurar Webber no final, que tinha um conjunto de pneus bem mais inteiro. Já o australiano teve uma corrida irregular. Como foi dito, caiu para 10ª na largada porque o Kers "apagou" ficando sem o dispositivo a corrida toda, depois foi subindo de posição e chegou em 4º, mas isso se deveu principalmente a diversos problemas que aconteceram com os pilotos que vinham na frente como foi o caso de Felipe Massa.

Vettel completa a 1ª volta sendo seguido por Heidfeld,
Hamilton, Button, Petrov, Massa, Alonso, Schumacher,
Webber, Kobayashi e os demais.

O brasileiro fez provavelmente sua melhor corrida desde que Alonso foi para a Ferrari. Massa novamente passou o espanhol na largada e estava em 5º atrás de Button quando parou para trocar pneus na 14ª volta. A troca se revelou um desastre e Felipe caiu para 10º. No final ainda chegaria em 5º com a certeza que se não fosse o problemas na troca teria disputado o 3º lugar com Heidfeld. A Ferrari curiosamente tem um desempenho bem melhor nas corridas do que nos treinos o que ninguém em Maranello soube explicar. Alonso acabou atrás de Massa e chegou em 6º numa corrida confusa. O espanhol largou mal e caiu para 7º, depois veio se recuperando bem e estava em 4º, atrás de Hamilton, quando os pneus do inglês começaram a se deteriorar. Teria ultrapassado facilmente se não fosse um defeito na asa móvel que deixou de funcionar. O espanhol teve então que arriscar e acabou acontecendo o acidente mais polêmico da corrida ( ver video )



Alonso queria passar de qualquer maneira e Hamilton defendia duramente a posição. Na saída de uma curva o inglês jogou o carro um pouco para a direita para impedir que o espanhol tentasse a ultrapassagem na curva seguinte. Nesse instante Alonso apontou o bico da Ferrari naquela direção e não conseguiu evitar o choque. Com a asa dianteira destruída, o espanhol teve que parar nos boxes e perdeu qualquer possibilidade de subir ao pódium. No final da corrida, os delegados da FIA decidiram punir em 20 segundos os dois pilotos. Alonso mesmo assim manteve o 6º posto enquanto que Hamilton caiu para 8º. Uma medida exagerada da FIA, que não deveria ter punido nenhum dos dois, menos ainda Alonso que afinal só bateu porque Hamilton desviou a trajetória repentinamente.

Atrás do espanhol chegou Kamui Kobayashi que foi junto com Vettel, Button e Heidfeld, o melhor piloto da prova. O japonês passou  meio mundo na corrida de todas as formas possíveis e foi o único que fez "apenas" 2 trocas de pneus. Suas batalhas com Schumacher e Webber foram certamente dos melhores momentos da prova. A Sauber é a maior surpresa desse início de campeonato.

Nick Heidfeld fez uma grande corrida e chegou em 3º lugar
dando a Renault-Lotus seu segundo pódium consecutivo.

Já  Lewis Hamilton fez uma corrida desastrosa. Temos comentado aqui que o inglês poderia ter problemas com esse novo regulamento que obriga os pilotos a poupar os pneus. Na  Austrália, por causa do frio, isso não aconteceu, mas na Malásia...

Hamilton embora seja muito rápido, sempre exige muito dos pneus, uma deficiência já notada em outras temporadas. Numa pista com pouco desgaste de pneus, isso talvez não faça muito diferença, mas em Sepang foi fatal. Hamilton várias vezes durante a corrida travou as rodas, freando além do limite. Os pneus foram se acabando sempre antes do previsto, o que obrigou a equipe a fazer 4 paradas e até insistir nos pneus duros, com a esperança deles resistirem mais a tocada forte do inglês. Foi em vão. No final, Hamilton acabou em 8º, quase 1 minuto atrás de Button que tinha a mesma McLaren.

No pódium, Vettel, Button e Heidfeld comemoram. Os três,
juntos com Kamui Kobayashi, foram os grandes destaques
da prova.

Em 9º chegou Schumacher numa corrida atribulada em que embora tenha chegado à frente de seu companheiro de equipe, Nico Rosberg,  acabou levando 3 ultrapassagens de Kobayashi. Por fim ainda na zona de pontos, em 10º,  chegou novamente o escocês Paul di Resta em mais uma boa corrida.

Ainda a destacar o péssimo rendimento da equipe Williams que chegou a acreditar, nos testes de inverno, estar entre as 5 melhores. Barrichello estava em 15º quando levou um toque de Adrian Sutil furando um pneu traseiro. Voltaria em último  e depois abandonaria  com a transmissão quebrada. Já Vitaly Petrov voltou ao "normal". Deu várias saídas de pistas até que numa delas não tirou o pé, continuou acelerando até que o carro pegou uma saliência na grama e literalmente "decolou", quebrando a barra da direção na "aterrisagem". Um acidente estranho em uma corrida estranha...

Vettel foi o único piloto que brilhou nas duas corridas.
Todos os outros tiveram altos e baixos.

Estranho também foram as atuações cheias de altos e baixos de alguns pilotos nessas duas primeiras corridas. Vitaly Petrov, Sergio Perez e Lewis Hamilton  brilharam na Austrália e se apagaram na Malásia. Já Jenson Button, Nick Heidfeld e Kamui Kobayashi fizeram o contrário. O único que brilhou nas duas corridas e manteve-se impertubável foi Sebastian Vettel. Pelo menos por enquanto, o alemão está dando as cartas.

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