quarta-feira, 13 de abril de 2011

E tudo começou tão bem...

As Ligier de Jacques Laffite e Patrick Depailler largam
na frente no G.P. do Brasil de 1979. Laffite venceu
as duas primeiras provas do ano mas mesmo
 assim não disputaria o título.

Ao vencer as duas primeiras corridas do Mundial de 2011, Sebastian Vettel já é colocado como franco favorito para ser o campeão mundial de F-1 deste ano. De fato, começar o ano com duas vitórias seguidas já é uma grande vantagem, mas não significa necessariamente que o título já está garantido. Desde que o Campeonato de F-1 começou em 1950, essa é a 18ª vez que um piloto vence os dois primeiros GPs da temporada. Nas 17 vezes anteriores, em 13 o piloto terminou campeão. Só que em 4 oportunidades, por diversas razões, isso não aconteceu como veremos a seguir.

Abaixo segue a lista dos pilotos que venceram as duas primeiras corridas do ano. Em dourado os que terminaram campeões e em branco os que não triunfaram e a posição que eles terminariam naquele mundial

1953 - Alberto Ascari*
1954 - Juan Manuel Fangio*
1957 - Juan Manuel Fangio
1969 - Jackie Stewart
1973 - Emerson Fittipaldi ( 2º )
1976 - Niki Lauda ( 2º )
1979 - Jacques Laffite ( 4º )
1982 - Alain Prost ( 4º )
1991 - Ayrton Senna
1992 - Nigel Mansell
1994 - Michael Schumacher
1996 - Damon Hill
1998 - Mika Hakkinen
2000 - Michael Schumacher
2001 - Michael Schumacher
2004 - Michael Schumacher
2009 - Jenson Button

* embora oficialmente a FIA considere as 500 Milhas de Indianápolis de 1950 à 1960 como parte do calendário da F1, GPW acha isso insignificante por entender que a corrida americana nada tinha a ver com a F-1. Os carros e pilotos eram completamente diferentes, as datas das corridas eram por vezes conflitantes, e a FIA só assim considerava para dar a categoria um aspecto mais mundial, já que as corridas na época eram quase todas na Europa com exceção do G.P. da Argentina. Se considerarmos as 500 milhas, risquem 1953 e 1954 da lista acima, já que a prova americana foi a 2ª corrida do calendário da F-1 destas temporadas.

As exceções

Curioso perceber que nas 4 vezes em que um piloto venceu as duas primeiras provas e não foi campeão aconteceu em um curto período de 10 anos, entre 1973 e 1982. Isso se deve principalmente ao fato que a F-1 vivia o seu auge de competividade quando era muito raro uma equipe e um piloto dominar totalmente um ano do princípio ao fim. Vamos a um breve relato de como esses 4 campeonatos foram perdidos.

1973

Emerson Fittipaldi venceu na Argentina e no Brasil e
parecia caminhar facilmente para o bicampeonato.
Mas uma disputa interna dentro da Lotus
favoreceu Jackie Stewart, da Tyrrell.

Durante a década de 70 e início dos anos 80, tradicionalmente a temporada de F-1 começava na América do Sul com os GPs da Argentina e do Brasil. Em 1973, Emerson Fittipaldi, da Lotus, venceu ambos com autoridade e parecia fadado ao título, mesmo porque, até então, ninguém que tivesse vencido as duas primeiras corridas de um Mundial tinha perdido o título no final. Jackie Stewart, seu maior ríval, da Tyrrell, venceu a 3ª etapa na África do Sul e Emerson se colocaria ainda mais  favorito ao vencer a etapa seguinte, na Espanha. Três vitórias em quatro corridas, excelente. Mas pararia por aí. Enquanto que a Tyrrell se concentrava para fazer Jackie Stewart campeão, com seu companheiro de equipe, François Cevert, servindo de escudeiro. Na Lotus, Colin Chapman, o chefe de equipe, deixou que seus pilotos Emerson e o sueco Ronnie Peterson competissem entre si, tirando pontos um do outro. No final do ano, a Lotus venceria 7 vezes e a Tyrrell 5, só que as vitórias da Lotus ficariam divididas - 3 de Emerson e 4 de Peterson - enquanto que na Tyrrell as 5 vitórias ficariam com Stewart que seria o campeão. Emerson terminaria como vice e, magoado com Chapman por não ter sido considerado 1º piloto, trocaria em 1974 a Lotus pela McLaren.

1976

Niki Lauda começou a temporada de 1976 de forma avassaladora.
Em 9 corridas venceu 5 vezes. Todos pensavam que ele bateria o
recorde de 7 vitórias de Jim Clark. Até que chegou Nürburgring...

Das quatro temporadas relatadas aqui foi a única em que um acidente foi decisivo para a perda do título. Campeão em 1975, o austríaco Niki Lauda da Ferrari era o favorito absoluto para 1976. Começou o ano vencendo os GPs do Brasil e da África do Sul, e depois ainda venceria os GPs da Bélgica, de Mônaco e da Inglaterra. Com 5 vitórias em 9 provas, tudo indicava que o recorde de 7 vitórias num ano de Jim Clark, obtido em 1963, finalmente seria batido. Mas o destino tinha outros planos. No dia 1º de agosto, Lauda sofreu um terrível acidente no G.P. da Alemanha, em Nürburgring, ficando preso dentro do carro em chamas. O piloto italiano Arturo Merzario conseguiu retirá-lo da Ferrari, mas o austríaco sofreu seríssimas queimaduras no rosto e seus pulmões inalaram muita fumaça. Lauda ficaria em coma durante vários dias, chegando até a receber a extrema-unção. Mas ele não só sobreviveu, como voltou a correr pouco mais de um mês depois do acidente, no G.P. da Itália, em 12 de setembro, em um dos atos mais corajosos já vistos no esporte. O austríaco contudo não conseguiu evitar que o inglês James Hunt, da McLaren, lhe tirasse o título na última corrida do  ano no Japão, disputada sobre forte chuva em que abandonou por entender que a pista não oferecia condições de segurança. Em 1977, Lauda seria campeão novamente, deixando a certeza para todos que só não foi tri em 75-76-77 devido ao acidente de Nürburgring.

1979

O francês Jacques Laffite, da Ligier, foi a sensação do ínício
da temporada de 1979 vencendo os GPs da Argentina
( foto ) e do Brasil. Mas foi só. Depois sucumbiu
junto com a equipe terminando o Mundial em 4º lugar.

Até hoje ninguém soube explicar exatamente o que aconteceu no início da temporada de 1979. As Ligier de Jacques Laffite e Patrick Depailler  tiveram um domínio tão absoluto nos GPs da Argentina e do Brasil, as primeiras corridas daquele mundial, que deixou todo mundo pasmo. Laffite venceu ambas as corridas, sendo que em Interlagos aconteceu a dobradinha com Depailler em 2º, dando a Ligier uma das vitórias mais arrebatadoras já vistas em GPs do Brasil.  Eles simplesmente passearam na pista. Foi uma supremacia tão grande que chegou-se a pensar que a Ligier teria um domínio ainda maior do que a Lotus tivera em 1978, quando Colin Chapman criara o carro-asa. Pura ilusão. Laffite não conseguiria mas nenhuma vitória em 1979 e a Ligier só mais uma, com Depailler, no G.P. da Espanha. Talvez uma explicação para essa reviravolta é que muitas equipes, entre as quais Ferrari, Williams e Renault, ainda não haviam estreado seus carros novos e a Ligier ainda não tinha na verdade uma rival a altura. O que pode ter contribuído também para a queda de produção dos franceses foi o acidente de asa delta sofrido por Depailler no início de junho. Considerado um excelente acertador de carro, ele ficou de fora de toda a 2ª parte do Mundial. Coincidência ou não, a Ligier passou a ter um péssimo rendimento e Laffitte acabou o ano em um decepcionante 4º lugar.

1982

Em 1982, Alain Prost venceu a corrida de abertura e
depois chegaria em 3º no Brasil. Mas com  Piquet
e Rosberg desclassificados, herdou o 1ª posto.
Seria sua última vitória no ano...

Foi uma das temporadas mais confusas da história. Em 16 GPs tivemos 11 vencedores diferentes, recorde que dificilmente será batido, dois acidentes fatais ( Gilles Villeneuve e Riccardo Paletti ), vários pilotos feridos - incluíndo o então líder do campeonato e favoritíssimo ao título, Didier Pironi, que ficaria inutilizado para o esporte - e mais uma série de desclassificações. Uma delas favoreceu Alain Prost no G.P. do Brasil. O francês tinha ganho a prova de abertura, na África do Sul e depois tinha chegado em 3º no Rio, onde Nélson Piquet, da Brabham, venceu espetacularmente. Um mês depois, o brasileiro seria desclassificado, assim como Keke Rosberg, da Williams, que chegou em 2º. O motivo foi um artifício criado pelo engenheiro da Brabham, Gordan Murray, que se aproveitou de uma falha no regulamento. Este dizia que, depois  da corrida, o carro de F-1 teria que ter um peso mínimo, incluíndo o preenchimento total dos recipientes de combustível, óleo e água. Murray criou então um sistema de refrigeração de freios com água, que era eliminada durante a corrida, o que deixava o carro mais leve que os concorrentes. Depois da prova era só encher novamente. O sistema foi copiado por todas as equipes inglesas, mas no final só a Brabham e a Williams, as principais, foram desclassificadas, o que evidenciou uma decisão política da FIA de Jean Marie Ballestre para favorecer Renault e Ferrari. Prost então herdaria essa vitória, mas teria depois um péssimo ano cheio de acidentes e quebras, sem nenhuma vitória e com uma forte rivalidade com o outro piloto da Renault, Rene Arnoux, o que contribuiu para que ele não passasse de um 4º lugar no final do Mundial.

2011 ( ? )

O que acontecerá em 2011 ? Bom, só o tempo irá dizer, mas se Sebastian Vettel vencer na China a história estará 100% ao lado do alemão. Ninguém que ganhou as três primeiras corridas do ano, perdeu o título no final...

Um comentário:

Jean Corauci disse...

ola, sou do site gp expert www.gpexpert.com.br gostei muito do seu blog caso vc tenha interesse em ser um de nossos colaboradores me envie um e-mail, corauci@gpexpert.com.br