Pironi estava perto de ser o 1º francês campeão na F-1. Mas um acidente em Hockenheim acabou com o seu sonho e sua carreira. |
Damon Hill não foi o primeiro campeão discutível na F-1, a categoria proporcionou outros mais que tiveram a sorte de estar no lugar certo na hora certa, como foram os casos de Phil Hill em 1961, Denis Hulme em 1967, James Hunt em 1976, Keke Rosberg em 1982 e Jacques Villeneuve em 1997. Se esses foram campeões, outros tantos que mereciam mais, não foram. Além dos já citados Moss, Gurney e Alesi, entram nessa lista, entre outros, Tony Brooks, Chris Amon, Jacky Ickx e Carlos Reutemann. Sem contar uma série de pilotos que viraram verdadeiros mitos como veremos agora.
Em vez do triunfo, a tragédia
Assim como as Copas do Mundo, a F-1 cria também suas injustiças. A Holanda não foi campeã em 1974, mas todos se lembram do "Carrossel Holandês". Da mesma forma, a F-1 se lembra de vários pilotos que não obtiveram o título máximo, só que nesse caso por terem morrido ou terem sido feridos em acidentes. E a lista é grande...
Cevert comemorando sua 1ª vitória na F-1 em Watkins Glen, no G.P. dos EUA de 1971. Dois anos depois, a morte no mesmo circuito. |
Assim como as Copas do Mundo, a F-1 cria também suas injustiças. A Holanda não foi campeã em 1974, mas todos se lembram do "Carrossel Holandês". Da mesma forma, a F-1 se lembra de vários pilotos que não obtiveram o título máximo, só que nesse caso por terem morrido ou terem sido feridos em acidentes. E a lista é grande...
A França pelo menos em duas oportunidades perdeu a chance de ter um campeão na F-1 devido a acidentes. O primeiro quando François Cevert morreu nos treinos para o G.P. dos EUA de 1973. Cevert era o escudeiro e pupilo de Jackie Stewart na Tyrrell, e passaria a ser o 1º piloto da equipe em 1974 com a aposentadoria do escocês. Sua morte adiou o sonho da França de ter finalmente um campeão na F-1. Em 1982, o tabu parecia que ia ser quebrado. Didier Pironi, da Ferrari, liderava com folga o campeonato quando sofreu um gravíssimo acidente nos treinos para o G.P. da Alemanha. Com múltiplas fraturas nas pernas deixou de participar das últimas cinco corridas do ano e perdeu o título para Keke Rosberg por cinco pontos... Jamais voltaria a F-1 e morreria num acidente de lancha náutica em 1987.
Para favorecer Fangio ( esq ) , Collins ( dir ) renunciou ao título do Mundial de 1956, achando que teria ainda muitos anos para ser campeão. Estava errado. |
A morte prematura privou a Inglaterra de ter também alguns campeões. Peter Collins, em 1956, teve a oportunidade de ser campeão pela Ferrari. Ele disputava o título, em Monza, com Moss da Maserati e o companheiro de equipe, Juan Manuel Fangio. Quando o argentino quebrou, bastava a Collins manter o segundo lugar que seria o campeão, mas o inglês cedeu o seu carro à Fangio ( naquela época, podia ) por entender que o argentino merecia mais o título e que estava no final da carreira. Os pontos do segundo lugar foram divididos entre Collins e Fangio e o argentino se sagrou campeão. O gesto pra lá de nobre de Collins não seria recompensado no futuro. No G.P. da Alemanha de 1958 ele encontraria a morte, aos 27 anos, depois de um acidente quando disputava a liderança. O automobilismo, por vezes, é o mais cruel dos esportes.
Esperança britânica, Tony Brise faleceu em um acidente aéreo com toda a cúpula da equipe do ex-bicampeão de F-1, Graham Hill. |
Outra esperança britânica perdida foi Tony Brise. Apontado com futuro campeão, Brise teve uma passagem meteórica e curta na F-1. Estreou no G.P. da Espanha de 1975 e só disputou 10 GPs, obtendo como melhor colocação um sexto lugar. No entanto, impressionou, pois sofreu várias quebras e acidentes quando estava próximo dos lideres com um carro apenas mediano, o Hill Ford, da equipe de Graham Hill. Muitos jornalistas acreditavam que ele seria melhor até que o piloto inglês mais badalado da época, James Hunt. Só o futuro diria se eles estavam certos. Futuro que não viria. Em novembro de 1975, um acidente aéreo matou toda a cúpula da equipe Hill, incluindo o patrão Graham Hill e Tony Brise.
O destino de Brise foi tão perverso que o seu nome só é lembrado por alguns aficcionados do esporte. O mesmo caso vale para Stefan Bellof. O alemão é considerado o maior talento perdido na F-1 em todos os tempos. E, assim como Brise, não é lembrado pelo que fez na F-1 e sim pelo o que poderia ter feito. Bellof estreou na F-1 em 1984 pela Tyrrell ao mesmo tempo em que corria pela Porsche no Mundial de Marcas. Neste campeonato o alemão brilhantemente conquistaria o título, mas na F-1 a caminhada foi difícil. O melhor resultado foi um excepcional 3º lugar alcançado no dilúvio de Mônaco. Corrida que todos lembram que foi interrompida quando Ayrton Senna se aproximava do líder Alain Prost. O que ninguém lembra é que, ao mesmo tempo, Bellof se aproximava de Senna...
Stefan Bellof : o maior talento que a F-1 perdeu em todos os tempos. O alemão não é lembrado pelo que fez na F-1 e sim pelo o que poderia ter feito. |
O destino de Brise foi tão perverso que o seu nome só é lembrado por alguns aficcionados do esporte. O mesmo caso vale para Stefan Bellof. O alemão é considerado o maior talento perdido na F-1 em todos os tempos. E, assim como Brise, não é lembrado pelo que fez na F-1 e sim pelo o que poderia ter feito. Bellof estreou na F-1 em 1984 pela Tyrrell ao mesmo tempo em que corria pela Porsche no Mundial de Marcas. Neste campeonato o alemão brilhantemente conquistaria o título, mas na F-1 a caminhada foi difícil. O melhor resultado foi um excepcional 3º lugar alcançado no dilúvio de Mônaco. Corrida que todos lembram que foi interrompida quando Ayrton Senna se aproximava do líder Alain Prost. O que ninguém lembra é que, ao mesmo tempo, Bellof se aproximava de Senna...
Mônaco 1984 : corrida antológica de Bellof. Todos se lembram que Senna se aproximava de Prost, mas poucos se lembram que Bellof se aproximava de Senna... |
No entanto, nos meados de 1984, foi descoberto uma irregularidade no combustível dos carros de Ken Tyrrell e a equipe perdeu todos os pontos da temporada, sendo eliminada do restante do campeonato. Em 1985, Bellof voltou pra F-1, ainda pela Tyrrell, e continou correndo no Mundial de Marcas, agora como o então campeão. Quando começou a ser sondado para correr pela Brabham BMW na temporada de F-1 de 1986, Bellof foi disputar os 1.000 Kms de Spa. Numa disputa pela liderança, com Jacky Ickx, os dois Porsche se chocaram na temível Eau Rouge e Bellof encontrou a morte, aos 27 anos, antes de começar a desfrutar do sucesso na F-1 que parecia tão próximo.
Ronnie Peterson, o "sueco voador", um dos pilotos mais rápidos de toda a história da F-1. |
A Lotus em 1973 venceu 7 GPs , sendo que 4 foram com Ronnie. O título, no entanto, foi para Jackie Stewart, da Tyrrell. Se sentindo preterido pela equipe, Emerson deixou a Lotus e foi para a McLaren. Em 1974, Peterson venceu 3 corridas de forma magnífica, mas depois a Lotus entraria em crise. Um péssimo ano da equipe em 1975, e não vendo progresso num futuro imediato, fez o sueco abandonar a Lotus depois da 1ª corrida de 1976. Um erro crasso.
Desacreditado, Peterson deu a volta por cima na Lotus em 1978. Mas o ano que marcaria seu renascimento para a F-1, seria também o ano de sua morte. |
Peterson passou o ano de 1976 na March e o de 1977 na Tyrrell, obtendo apenas uma vitória, enquanto isso a Lotus voltava a ser muito competitiva vencendo 6 GPs nesse período. Em 1978, foi chamado de volta à Lotus, para ser o segundo piloto de Mario Andretti. Sem opções, aceitou. Durante todo o ano ficou claro que Ronnie era tão ou mais rápido que Andretti, que terminaria o ano campeão, mas o sueco respeitou o contrato. Insatisfeito resolveu deixar a equipe e assinou com a McLaren para 1979. No entanto poucos dias depois, um acidente na largada do G.P. da Itália envolveu 10 carros. Peterson foi retirado do carro com as pernas destruídas e morreu de embolia no dia seguinte.
Gilles Villeneuve bem no seu estilo. Mesmo sem nunca ter sido campeão, o canadense foi o maior ídolo que a Ferrari já teve. |
Se a F-1 tinha perdido Ronnie Peterson, um novo mito aparecia nas pistas : Gilles Villeneuve. Um ano antes, em 1977, havia estreado na F-1 depois de obter um 7º lugar no grid de largada do G.P. da Inglaterra com um obsoleto McLaren. A Ferrari imediatamente contratou o canadense. Em 1978, logo depois da morte de Peterson, obteve sua 1ª vitória na F-1, em casa, no Canadá. Ainda um tanto imaturo fez um grande campeonato em 1979, mas perdeu o título para o companheiro de equipe, Jody Scheckter, principalmente por obedecer a algumas ordens de equipe. O estilo de pilotagem de Gilles era tão arrojado e espetacular que a morte parecia questão de tempo. Em 1980 e 1981, a Ferrari tinha um péssimo carro, mas o canadense conseguiu vencer dois GPs, o de Mônaco e o da Espanha de 1981, que estão entre as maiores atuações de um piloto na história da F-1.
Gilles Villeneuve ( dir ) com Jody Scheckter e o engenheiro Mauro Forghieri. O canadense seguiu as ordens de equipe em 1979. Mas em 1982 seria traído por Pironi. |
1982 parecia ser seu ano. Fez uma corrida sensacional no G.P. do Brasil, no Rio, e liderou com um carro com problemas até bater tentando segurar Nélson Piquet. Em Long Beach, mais uma batalha ( desta vez com Keke Rosberg ) e um terceiro lugar ( mais tarde seria desclassificado por uma irregularidade no aerofólio). Até que chegou San Marino. A Ferrari tinha como ordem deixar que seus pilotos disputassem posições a não ser que fosse pela liderança. Nesse caso as posições deveriam ser mantidas. Villeneuve fez isso ao longo de 1979, o que permitiu que Scheckter fosse o campeão. Em San Marino, Rene Arnoux, da Renault, era o líder e os pilotos da Ferrari, Villeneuve e Pironi, o seguiam nessa ordem. Quando Arnoux quebrou, Villeneuve lembrou-se do trato e pensou que tinha a corrida ganha. Enganou-se. Pironi o passou e os dois passaram a disputar a liderança. Por fim, Pironi venceu e Gilles prometeu nunca mais falar com ele. Ainda furioso, nos treinos para o G.P. da Bélgica, a corrida seguinte, bateu na traseira do carro de Jochen Mass, sendo atirado para fora do carro, morrendo instantaneamente. Mesmo nunca sendo campeão, Gilles Villeneuve, foi o maior ídolo que a Ferrari já teve.
Villeneuve tinha uma pilotagem tão arrojada e espetacular que a morte parecia questão de tempo. Ela veio em Zolder, na Bélgica, em 8 de maio de 1982. |
Como se vê, a F-1 assim como outros esportes também tem suas injustiças. Grandes pilotos não foram campeões e outros apenas medianos, o foram. O que o futuro reserva para Robert Kubica ? Por vezes, como já foi dito, o automobilismo é um dos esportes mais ingratos.
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