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Mônaco 1979 : Depailler em sua última corrida pela Ligier. Um acidente de asa-delta tirou a possibilidade do francês disputar o título do Mundial de Pilotos. |
Quando a primeira metade da temporada de F-1 de 1979 terminou, o francês Patrick Depailler, da Ligier, era o terceiro colocado no campeonato e tinhas boas chances de ser o campeão. A F-1 entrou de férias durante um mês do que se aproveitou Depailler para praticar o seu hobby predileto : voar de asa-delta. Em um dos seus vôos, no início de junho, uma rajada de vento jogou sua asa em direção a uma encosta de montanha em Auvergne, no centro da França. Depailler teve múltiplas fraturas nas pernas e nos pés e ficou se convalescendo durante todo o restante da temporada de 1979.
Me lembrei disso por ocasião do acidente gravíssimo que Robert Kubica sofreu mês passado em uma corrida de Rally, na Itália, que provavelmente o tirará de toda a temporada deste ano. O polonês recebeu uma saraivada de críticas por arriscar o pescoço numa competição obscura, muito longe do "glamour" da F-1. Hoje isso é inadmissível. Antigamente, não. Era muito comum pilotos de F-1 correrem em outras categorias longe dos holofotes da principal modalidade do automobilismo e vários até morreram em acidentes como foi o caso de Jim Clark, Bruce McLaren, Pedro Rodriguez, Stefan Bellof, entre outros. Morreram praticando o esporte que tanto amavam, por isso acho um absurdo censurarem Kubica por estar fazendo o que mais gosta na vida : correr, não importa aonde.
Hoje os pilotos estão completamente presos as suas equipes através de contratos que os impedem de correr em qualquer outra categoria senão a F-1. Curiosamente Kubica não estava incluído nesse grupo, principalmente por não estar sobre contrato das quatro maiores equipes de F-1 e que são exatamente as mais severas nessa "exclusividade" : Ferrari, Mercedes, Red Bull Renault e McLaren Mercedes.
Kubica estreou na F-1 em 2006 e teve uma ascenção meteórica com a BMW, mas já em meados de 2007 sofreu um acidente impressionante em Montreal. O acidente não mudou o estilo do polonês que voltou até mais rápido do que antes. Venceu sua primeira corrida em 2008, mas depois deu azar já que a BMW resolveu se retirar da F-1. Kubica sem opções foi então para a retalhada Renault, e tem feito milagre desde então, mas também evidenciando um talento enorme que tem sido desperdiçado numa equipe apenas média. Para o "grandprixweb", Kubica está em um nível acima dos campeões Hamilton e Button e no mesmo nível de Alonso e Vettel, ou seja, dos melhores. Em um post futuro vamos explorar mais o porque desse "desperdício".
Ninguém sabe o que acontecerá com Kubica, sequer se ele terá condições de voltar a pilotar um F-1 normalmente. O mesmo caso aconteceu com Depailler em 1979. Depois do acidente, o piloto foi despedido da Ligier por "justa causa" por ter desobedecido um contrato assinado e ter sido irresponsável ao resolver voar de asa-delta. Depailler se defendeu dizendo que estava de férias, mas todos conheciam o modo do francês encarar a vida, de viver cada momento como se fosse o último.
Um estilo de vida bem dos anos 70, uma época em que a Fórmula 1 era perigosíssima e o profissionalismo exagerado dos tempos atuais simplesmente não existia. Depailler, inclusive, já era reincidente em "irresponsabilidade". Em 1973, Ken Tyrrell começou a testá-lo para ser piloto de sua equipe em 1974 na vaga que seria aberta com a aposentadoria de Jackie Stewart. Mas no meio dos testes, Depailler quebrou uma perna praticando motocross perto de sua casa. Tyrrell ficou furioso e resolveu contratar Jody Scheckter para ser o companheiro de François Cevert em 74. Só que Cevert morreu na última corrida de 1973, abrindo caminho para Depailler que mesmo de muletas disputou as primeiras corridas de 74.
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O acidente de Kubica deve tirar o polonês de toda temporada de 2011. Pior pra F-1 que ficará sem um dos seus melhores pilotos. |
Kubica estreou na F-1 em 2006 e teve uma ascenção meteórica com a BMW, mas já em meados de 2007 sofreu um acidente impressionante em Montreal. O acidente não mudou o estilo do polonês que voltou até mais rápido do que antes. Venceu sua primeira corrida em 2008, mas depois deu azar já que a BMW resolveu se retirar da F-1. Kubica sem opções foi então para a retalhada Renault, e tem feito milagre desde então, mas também evidenciando um talento enorme que tem sido desperdiçado numa equipe apenas média. Para o "grandprixweb", Kubica está em um nível acima dos campeões Hamilton e Button e no mesmo nível de Alonso e Vettel, ou seja, dos melhores. Em um post futuro vamos explorar mais o porque desse "desperdício".
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Depailler foi um dos pilotos mais destemidos que já passaram pela F-1. O rísco fazia parte do negócio, sempre. |
Um estilo de vida bem dos anos 70, uma época em que a Fórmula 1 era perigosíssima e o profissionalismo exagerado dos tempos atuais simplesmente não existia. Depailler, inclusive, já era reincidente em "irresponsabilidade". Em 1973, Ken Tyrrell começou a testá-lo para ser piloto de sua equipe em 1974 na vaga que seria aberta com a aposentadoria de Jackie Stewart. Mas no meio dos testes, Depailler quebrou uma perna praticando motocross perto de sua casa. Tyrrell ficou furioso e resolveu contratar Jody Scheckter para ser o companheiro de François Cevert em 74. Só que Cevert morreu na última corrida de 1973, abrindo caminho para Depailler que mesmo de muletas disputou as primeiras corridas de 74.
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Desprezado pela Ligier, Depailler foi para a Alfa Romeo em 1980. Depois de um início difícil, os carros italianos ficaram competitivos. Até que chegou agosto... |
Durante os primeiros meses após o acidente de asa-delta, Depailler chegou a correr o risco de ter uma perna amputada. Quando esse risco deixou de existir, e já sabendo que não poderia contar com a Ligier para 1980, Depailler só tinha um pensamento : voltar a correr de qualquer maneira na F-1. O convite veio da Alfa Romeo que estava voltando a categoria depois de quase 30 anos. Quando a temporada começou, em janeiro, Depailler tinha que ser praticamente carregado para dentro do carro. A Alfa começou mal o ano com os carros sempre largando entre os últimos. Mas Depailler sempre foi um grande acertador de carros e já na quarta corrida, em Long Beach, ele conseguiu alinhar o seu Alfa na 3ª posição do grid.
A partir daí e até o G.P. da Inglaterra, em julho, Depailler sempre colocava o carro entre os dez primeiros na largada. Tudo indicava que o francês iria colher os frutos no futuro do seu sacrifício - tanto dentro como fora das pistas - para fazer o Alfa competitivo, mas o destino tinha outros planos. Em 1º de agosto, quando estava num teste privado, em Hockenheim, visando o G.P. da Alemanha, algo quebrou no Alfa e o acidente lhe foi fatal. Poucas vezes um destino na F-1 foi tão cruel.
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Depailler em sua última corrida, o G.P. da Inglaterra de 1980. Duas semanas depois ele encontraria a morte, tão desafiada e desprezada ao longo de toda a sua vida. |
A partir daí e até o G.P. da Inglaterra, em julho, Depailler sempre colocava o carro entre os dez primeiros na largada. Tudo indicava que o francês iria colher os frutos no futuro do seu sacrifício - tanto dentro como fora das pistas - para fazer o Alfa competitivo, mas o destino tinha outros planos. Em 1º de agosto, quando estava num teste privado, em Hockenheim, visando o G.P. da Alemanha, algo quebrou no Alfa e o acidente lhe foi fatal. Poucas vezes um destino na F-1 foi tão cruel.
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